Completando 50 anos de realização, o desfile de 2 de Julho de Itacaré encantou nativos e turistas que estavam na cidade passando o feriado estadual. Realizado na tarde dessa quinta-feira (2), ato cívico reproduziu os símbolos, heróis e fatos que culminaram na independência da Bahia há 186 anos. Realizado com o apoio da comunidade local e da Prefeitura, o cortejo percorreu as principais ruas da cidade, sendo prestigiado também por autoridades municipais.
 

            O ato cívico teve como ponto de partida e chegada a Praça 2 de Julho, conhecida popularmente como Praça do Canhão. Seguindo pela Avenida Castro Alves, o cortejo parou em frente à Praça São Miguel, onde foi instalado o palanque oficial com sistema de sonorização. "Queremos fortalecer a cultura de Itacaré dando suporte para a realização de eventos tradicionais que constituem a identidade local", declarou o prefeito Antônio de Anízio.

Abrindo a solenidade, a professora Judite Bahia leu um resumo da história da independência da Bahia, movimento iniciado em 1821 e que durou dois anos, resultando na separação definitiva do Brasil de Portugal. Em seguida, dona Altair Martins dos Santos narrou o desfile, explicando o significado de cada ala e personagens representados.
 
Além dos participantes a pé, o ato cívico contou ainda com três carros alegóricos. A Fanfarra de Itacaré (Faita) e a Filarmônica São Miguel também abrilhantaram o cortejo que mobilizou cerca de 100 participantes.

Entre os heróis e mártires da independência do Brasil e da Bahia que compuseram o desfile estavam: Caramuru e Catarina Paraguaçu; D. Pedro I e a Imperatriz Leopoldina, Tiradentes, Maria Quitéria, João das Botas, Madre Sóror Joana Angélica, a enfermeira Ana Nery, Padre Daniel e Princesa Isabel. Fechando o cortejo, a Catita, uma cabocla em madeira feita por autor desconhecido cuja origem é mais antiga que o evento.

            INTERIOR DA BAHIA

            Idealizado por Neri Carvalho de Jesus e seu marido Manoel Quadros, em 1959, o desfile de 2 de julho de Itacaré é um dos poucos ainda realizados no interior da Bahia. De acordo com a organizadora, o ato era fruto do esforço exclusivo da população local, mas, neste ano, o governo municipal garantiu apoio total para a realização do evento. "Agradeço muito ao prefeito Antônio de Anízio que, com muita boa vontade, mobilizou sua equipe em favor da festa", declarou dona Neri.

            Os preparativos do ato cívico aconteceram em um espaço alugado pela Prefeitura, onde cinco costureiras se revezam para ajustar os figurinos e ornamentos. A equipe ficou cinco dias concentrada no local, onde passavam 24 horas acertando os detalhes. O governo municipal garantiu ainda o material e funcionários para montar a estrutura do evento.

            A Secretaria de Educação esteve ligada diretamente à organização do desfile. Para a secretária Juliana Delmont, a realização do ato cívico é uma ferramenta de ensino da história do Brasil e da Bahia de maneira dinâmica e participativa. "Não podemos deixar esta tradição, iniciada através da família de dona Neri, acabar. O evento faz parte da cultura de Itacaré e deve ser mantido para as futuras gerações conhecerem suas raízes", declarou.

            Ao final do desfile de 2 de Julho, a Filarmônica de São Miguel e a Faita brindaram o público executando hinos cívicos e músicas populares consagradas. A comunidade do Porto de Trás, em processo de reconhecimento como quilombo urbano pela Fundação Palmares, trouxe a animação do samba de roda, fechando as comemorações do dia da independência da Bahia.