Salvador

CASO ISABELLA: POLÍCIA NÃO DESCARTA ENVOLVIMENTO DO PAI NO CRIME

Caso que abalou o país
| 01/04/2008 às 21:02
O advogado Ricardo Martins, que faz a defesa da família de Isabella Nardoni, afirmou nesta terça-feira que a madrasta da menina, Anna Carolina Trotta Peixoto, teria perdido as chaves do apartamento pouco antes da garota cair do 6º andar do prédio onde mora na zona norte de São Paulo no último sábado.

Em depoimento nesta segunda, o pai da menina disse que acreditava que o apartamento teria sido invadido por um ladrão. O porteiro do edifício afirmou em depoimento à polícia não ter notado nenhum movimento ou sinal que indicasse arrombamento e disse que ouviu apenas o barulho do corpo da menina caindo no solo.

AE
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Isabella taeria caído do sexto andar do prédio

"As chaves não foram recuperadas. Isto é um grande problema pois as pessoas saem e entram no prédio sem serem vistas", disse Martins. Indagado sobre o motivo pelo qual a madrasta só teria falado sobre a perda das chaves nesta terça, o advogado foi irônico. "Infelizmente, a memória é fraca". Segundo ele, o delegado Calixto Calil Filho, que investiga o caso, ainda não tem conhecimento deste fato.

Mais cedo, quando chegou à delegacia, o advogado afirmou que há possibilidade de erro de interpretação em um suposto pedido de ajuda da menina. Uma testemunha teria dito à polícia que ouviu um grito de menina dizendo "pára, pai", antes de Isabella cair do prédio. Para o delegado, Martins tem "todo o direito de defender o casal".

Causa da morte

Laudo preliminar feito pelo Instituto Médico Legal (IML) indica que a menina foi sufocada antes da queda. Profissionais do IML, que trabalham no laudo, observaram características típicas de estrangulamento no corpo da menina, como a língua e a extremidade das unhas arroxeadas.

O delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º DP, afirmou que exames preliminares indicaram que a queda pode não ter sido o motivo da morte de Isabella.

Reprodução
Isabella ao lado da mãe
Os legistas estranharam um ferimento na testa e outro nas coxas da menina. Inicialmente, eles acreditavam que as feridas eram mordidas. Mas, após análise, a hipótese foi descartada. A camiseta azul da menina estava rasgada nas costas.

Oficialmente, o diretor do IML, Hideaki Kawata, afirma que, por ora, não tem condições de dizer se a garota foi agredida. "Ela morreu em decorrência da queda, isso é fato", disse Kawata. "Nesse momento, qualquer afirmação diferente dessa é especulação."

Desde o início das investigações, a polícia crê em homicídio. Isabella caiu do 6º andar do edifício London na madrugada de sábado. Ela estava no apartamento do pai, o consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni e da madrasta Anna Carolina Trotta.

O caso

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Isabella era filha do consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni e da bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira que eram divorciados. A cada 15 dias, ela visitava o pai e a madrasta Anna Carolina Trotta Peixoto, estudante.

No sábado, foi encontrada morta no jardim do prédio do pai. O pai disse que deixou a menina dormindo enquanto foi buscar os outros dois filhos na garagem do prédio e quando voltou viu que a menina havia caído. A polícia descartou a hipótese de acidente e acredita que a garota tenha sido assassinada. O delegado titular do 9º Distrito Policial Carandiru, Calixto Calil Filho, declarou que há fortes indícios de que ela tenha sido jogada da janela do apartamento por alguém.


O delegado destacou o fato de a tela de proteção da janela do quarto ter sido cortada e de ninguém ter dado queixa de desaparecimento de pertences no local.

A polícia afirmou que vai aguardar os laudos dos exames periciais, que ficarão prontos em cerca de 30 dias, para esclarecer as circunstâncias da morte. O delegado afirmou que Nardoni e Anna Carolina não são suspeitos. "Eles são averiguados", frisou.

A reconstituição do caso não tem data confirmada, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública.