"A decisão tomada pelo STF é claramente subserviente porque, embora seja leigo nas causas jurídicas, as pessoas que entendem do assunto diziam que os processos eram claríssimos, não tinha como [o STF] não olhar e dar um parecer favorável para que esta luta tivesse um reforço do Judiciário para ser levada adiante", disse.
O bispo classificou o resultado do julgamento do STF como "desanimador e decepcionante", e sugeriu que o governo domina os outros Poderes. "Isso me deixa muito preocupado porque quando um governo tem o domínio do Legislativo na mão direita e do Judiciário na mão esquerda isso coloca em xeque o Estado de Direito. Será que estamos vivendo uma nova ditadura?", questionou.
D. Cappio disse que encerrou o jejum porque foi convencido de que seu recado contra o projeto estava dado. O religioso, que já havia entrado em greve de fome pelo mesmo motivo em 2005, descartou repetir a estratégia. Disse também não acreditar mais na Justiça para paralisar as obras. "Já foi confirmado que as vias jurídicas no Brasil, infelizmente, são inócuas".
NOVO ESQUEMA
DE COMBATE
O bispo afirmou ainda que irá haver um "novo esquema de combate". "A luta continua, essa foi apenas uma etapa. Novas frentes de luta estão sendo pensadas e vão surgir". Ele negou que o fim do protesto represente uma vitória do governo. "Nesta luta não estamos procurando derrotados ou vitoriosos."
O ministro do STF Marco Aurélio Mello defendeu ontem os colegas que votaram contra a suspensão das obras de transposição. "Cada qual se manifestou de acordo com o seu convencimento." Ele lamentou o resultado do julgamento, mas negou que o tribunal tenha sido "subserviente" ao governo. As obras foram liberadas por 6 votos contra 3. Ele deu um dos votos favoráveis à paralisação.