Salvador

DOM CAPPIO DIZ QUE STF FOI SUBSERVIENTE AO GOVERNO FEDERAL

O bispo deverá chegar em Barra neste sábado
| 22/12/2007 às 09:08
   D. Cappio disse que Lula foi "muito insensível" durante seu jejum e que o STF foi "subserviente" ao Executivo ao liberar as obras. Lula havia dito que o Estado acabaria se cedesse à greve de fome do bispo contra o projeto, orçado em mais de R$ 5 bilhões e considerado prioridade do governo. Na quarta-feira, o STF negou recurso solicitando a paralisação das obras e cassou liminar que havia suspendido o projeto. No mesmo dia, o bispo desmaiou após saber da decisão e foi internado.


"A decisão tomada pelo STF é claramente subserviente porque, embora seja leigo nas causas jurídicas, as pessoas que entendem do assunto diziam que os processos eram claríssimos, não tinha como [o STF] não olhar e dar um parecer favorável para que esta luta tivesse um reforço do Judiciário para ser levada adiante", disse.


O bispo classificou o resultado do julgamento do STF como "desanimador e decepcionante", e sugeriu que o governo domina os outros Poderes. "Isso me deixa muito preocupado porque quando um governo tem o domínio do Legislativo na mão direita e do Judiciário na mão esquerda isso coloca em xeque o Estado de Direito. Será que estamos vivendo uma nova ditadura?", questionou.


D. Cappio disse que encerrou o jejum porque foi convencido de que seu recado contra o projeto estava dado. O religioso, que já havia entrado em greve de fome pelo mesmo motivo em 2005, descartou repetir a estratégia. Disse também não acreditar mais na Justiça para paralisar as obras. "Já foi confirmado que as vias jurídicas no Brasil, infelizmente, são inócuas".


 NOVO ESQUEMA
 DE COMBATE

O bispo afirmou ainda que irá haver um "novo esquema de combate". "A luta continua, essa foi apenas uma etapa. Novas frentes de luta estão sendo pensadas e vão surgir". Ele negou que o fim do protesto represente uma vitória do governo. "Nesta luta não estamos procurando derrotados ou vitoriosos."


O ministro do STF Marco Aurélio Mello defendeu ontem os colegas que votaram contra a suspensão das obras de transposição. "Cada qual se manifestou de acordo com o seu convencimento." Ele lamentou o resultado do julgamento, mas negou que o tribunal tenha sido "subserviente" ao governo. As obras foram liberadas por 6 votos contra 3. Ele deu um dos votos favoráveis à paralisação.