O bispo d. Luiz Cappio desmaiou nesta quarta-feira, em Sobradinho (BA), após saber da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que rejeitou por 6x3 o pedido de paralisação das obras de Transposição do Rio São Francisco.

  Há 23 dias, Cappio faz uma greve de fome contra a continuidade do projeto.

  Quando soube do resultado final, Cappio revelou aos companheiros de protesto que se sentia fraco, sem forças para continuar a discussão. O religioso ditava uma nota sobre a decisão judicial. Encaminhou-se ao quarto - atrás da sacristia - para descansar.

- Estou sentindo um desalento muito grande... Não estou bem.

  O bispo desmaiou quando entrava no quarto, por volta das 14h. Foi amparado neste momento e levado para a cama.

  DECISÃO

  Ontem, o boletim médico já apontava "fragilidade física".

- Esperamos que ele se recupere. Foi uma tristeza -, disse o negociador oficial do bispo, Rubem Siqueira, membro da Comissão Pastoral da Terra.

  O estado da saúde de Cappio é acompanhado pelo médico e frade franciscano Klaus. É quem deve agir em caso extremo.

  - Ele que decide, o médico que cria um clima favorável pra tomar a decisão, seja ela vontade do grevista, seja o que exige a ética médica. Ainda está longe disso - declarou Siqueira.

   Em Brasília, negociadores do bispo apresentaram ontem contrapropostas para encerrar a greve de fome. A reunião não teve sucesso. Segundo Rubem Siqueira, o governo rejeitou dois pontos:

   - "Manter a suspensão das obras iniciadas da transposição, com a retirada imediata das tropas do Exército".

   - "Adução de 9m3/s para as áreas de maior déficit hídrico dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, redimensionando o projeto atual de 28m3/s, através de termo de ajustamento entre o empreendedor e o Ministério Público Federal com interveniência dos Estados da Bacia, do Estado da Paraíba e do Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco".

  O chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, assumiu as negociações. Para Siqueira, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, é "carta fora do baralho", está fora das tentativas de acordo.