Salvador

EXAME EXPÔE DIFICULDADES DO SETOR HOTELEIRO EM INVESTIR NA BAHIA

Segundo o deputado João Bacelar está tudo parado
| 17/12/2007 às 17:39
  O vice-líder da oposição, deputado João Carlos Bacelar (PTN) afirmou que a crise no setor hoteleiro no Litoral Norte só tem se agravado, por conta da falta de capacidade do governo do estado em debater a situação do meio ambiente que está impedindo a implantação de diversos empreendimentos na região. 

  A Revista Exame, que começou a circular no final de semana, traz ampla matéria sobre o assunto. De acordo com a publicação, ocorre que o discurso do governador - que considera o setor turístico como um dos principais vetores de desenvolvimento do estado - não tem encontrado respaldo no setor ambiental, uma das pontas fundamentais para o desenvolvimento turístico.
 
   "Nos últimos meses, Wagner tem sido pressionado por investidores que reclamam de uma paradeira nos processos de licenciamento de resorts e condomínios residenciais". "A Revista Exame expressa exatamente aquilo que constatamos e pela qual lutamos neste primeiro ano do Governo Wagner", afirmou Bacelar.
 
  "E, até o momento, o governo não conseguiu fazer nada para reverter essa situação que só se agrava e que faz com que a Bahia perca investimentos importantes. O esforço empreendido pelo governador, em suas viagens ao exterior, tentando atrair novos investimentos, não tem encontrado respaldo nos demais órgãos do governo e isso trás prejuízos ao estado.

   A Exame constata esta situação", disse Bacelar. Segundo a publicação, a falta de respaldo é devido à "ação de ambientalistas radicais instalados em órgãos do governo, que se opõem, muitas vezes sem justificativas consistentes, à construção de empreendimentos, especialmente no Litoral Norte baiano, região de grande potencial turístico.

  A dificuldade em resolver o impasse reside no fato de que boa parte dos focos de radicalismo é formada por quadros nomeados pelo próprio governo Wagner - além de pessoas que já trabalhavam nos órgãos ambientais e que se sentiram livres para exacerbar suas posições ideológicas com a vitória do PT", enfatiza a revista. "A contradição dentro do governo acirrou-se de tal forma que culminou com a demissão de um diretor da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos em meados de novembro.

   CABEÇA DE TOSATO

O diretor demitido, José Augusto Tosato, ocupava anteriormente um cargo de confiança no Ibama, o órgão federal da área ambiental, e havia sido nomeado pelo secretário Juliano Matos no início do ano", afirma Exame. De acordo com a revista, o próprio governador teria pedido a cabeça de Tosato ao secretário Juliano Mattos.
 
   "A atitude de Wagner foi o recado mais explícito de sua insatisfação com a encrenca no licenciamento de projetos turísticos - antes da demissão de Tosato, outros três funcionários, também indicados pelo governo atual, já haviam sido demitidos". Exame explicou que a "exoneração de Tosato foi a demora de 11 meses para o alvará de construção de uma estrada de três quilômetros que dará acesso a um complexo hoteleiro que o grupo espanhol Trusam pretende construir na praia do Forte, no Litoral Norte.

  Em movimentos articulados com antigos colegas do Ibama, Tosato seria o responsável por dificultar a liberação desse e de outros empreendimentos na região. O projeto integral do Trusam engloba nove hotéis e vários condomínios residenciais. A demora na aprovação da estrada - que finalmente foi autorizada em novembro, após algumas modificações no projeto - deixou atemorizados os responsáveis pelo investimento", conta Exame.

  "Eis a falta de coordenação dos diversos órgãos do Estado na defesa dos interesses do próprio Estado. Os interesses políticos estão acima do desenvolvimento, da geração de emprego e renda, da melhoria da qualidade de vida da população", enfatizou Bacelar. De acordo com a revista Exame, na tentativa de reverter a imagem negativa que vem sendo impingida a seu governo, Wagner tem se envolvido pessoalmente nos imbróglios. Lançou uma ofensiva para aprovar, neste ano, uma nova legislação ambiental, mas novamente esbarrou na resistência de sua própria base - um funcionário petista da Secretaria da Agricultura pediu vistas ao projeto, jogando a votação para um futuro para lá de incerto.

  Há poucos dias, o governador enviou uma carta ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, a respeito do impedimento da construção de um hotel da rede Hilton no centro de Salvador. A obra está embargada, desta vez pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do governo federal. "São essas e outras situações que fazem com que haja um retrocesso na Bahia e que desde o início do ano estamos alertando, antes que o estado seja cada vez mais prejudicado", encerrou Bacelar