A oficina aconteceu nesta terça-feira, em Lauro de Freitas
No Brasil, cerca de um milhão de mulheres fazem aborto por ano.
Em Salvador, dados de 2005 mostram que o aborto é a primeira causa de mortalidade materna, segunda nos atendimentos de obstetrícia e levou ao internamento 240 mil mulheres.
A legalização do aborto, suas condições e conseqüências, pautaram o debate nesta terça-feira (2) na Oficina de Direitos Reprodutivos, ministrada pela professora e historiadora Alcilene Cavalcante, da ONG Católicas pelo Direito de Decidir.
Organizada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres de Lauro de Freitas, a oficina reuniu mulheres de todo o município no Centro de Referência Lélia Gonzalez, em Vilas do Atlântico.
A oficina funcionou como atividade preparatória para o lançamento do livro
Em defesa da vida: Aborto e Direitos Humanos , que acontece nesta quarta-feira (3), a partir das 17h, no Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira, em Portão. Uma das autoras do livro, Alcilene Cavalcante diz que o livro aborda os aspectos jurídicos, de saúde, biológicos, teólogos e sociais que envolvem o aborto e a legalização.
Textos de pesquisadores renomadas como Leonardo Boff e Thomas Gallup compõem o livro. "Queremos sair da esfera moral e discutir o que é real, o que acontece com as mulheres que fazem o aborto em clínicas ilegais. Este livro é um subsídio para reflexão, despojado de preconceito", reitera Alcilene.
Direito de decisão
Defensora da bandeira da legalização, Alcilene Cavalcante resume a importância de que as mulheres debatam o assunto. "São elas que morrem nas clínicas ilegais de aborto". Ela diz que ser a favor da legalização é defender o direito de decisão das mulheres. "Toda a responsabilidade contraceptiva é jogada nas costas das mulheres.
Elas têm ou não o direito de decidir se querem levar a gestação adiante?", questiona.
A polêmica do aborto corre também no Congresso Nacional. Uma comissão composta pelos três poderes e sociedade civil discute o projeto de legalização. Segundo a professora, com a legalização poderão ser delimitadas as condições e prazos para a realização do aborto, além de políticas públicas de saúde. "É reconhecido que o aborto é um problema de saúde pública e nós devemos mudar isso".