Colunistas / Literatura
Rosa de Lima

ROSA DE LIMA COMENTA LIVRO SANTO ANTÔNIO DO JORNALISTA EDISON VEIGA

De agradável leitura e informações preciosas sobre Santo Antônio
05/03/2022 às 09:29
   São muitas as publicações em livro sobre a vida e obra de Santo Antônio de Lisboa e Pádua também um dos mais queridos do Brasil, ex-padroeiro de Salvador, casamenteiro, milagreiro, doutor da igreja, pregador de primeira linha e adorado tanto entre pessoas do povo, mais simples; aqueles mais endinheiras e empoderadas. 

   Em Portugal, sua terra natal; e em Pádua, Itália, onde morreu é o mais querido, adorado, cultuado de todos os santos da Igreja Católica que são milhares. Atualmente, a Santa Sé está mais contida em santificações, mas, nos primórdios do cristianismo romano e no primeiro milênio da história da igreja os papas não duvidavam de milagres e martírios e as santificações eram muitas, por décadas, centúrias e milênios. O frei Antônio foi santificado pelo papa Gregório IX menos de um ano após sua morte.

  A Editora Planeta editou, recentemente, o livro "Santo Antônio" - com o extenso sub-título de 'A história do intelectual português que se chamava Fernando, quase morreu na África, pregou por toda a Itália, ganhou fama de casamenteiro e se tornou o santo mais querido do Brasil", escrito por Edison Veiga (Planeta, 2021, 205 páginas, R$50,00 nas livrarias) jornalista que atuou em Veja, Folha, UOL, Estadão, BBC, Rádio France Internacionale e atualmente mora em  Bled, Eslovênia, um excelente trabalho sobre a trajetória terrena de Santo Antônio, escrito de forma quase didática com teor jornalístico de fácil compreensão e as informações essenciais e bem pesquisadas.

  Não há exageros no que escreve Edison Veiga, nem no sentido de elevar as ações do homem e depois santo Fernando/Antônio a patamares divinatórios; nem também põe descrenças nos milagres do peregrino pela Europa a ponto de conversar com peixes e convencer uma mula, colocando as situações de acordo com as crenças da época medieval sem fazer juizos valorativos. 

  Ou seja, o leitor tem diante de sí um livro o mais real possivel da vida de Fernando/Antônio desde seu nascimento em Lisboa, sua familia, as dúvidas sobre a data que teria vindo ao mundo na cidade velha da capital portuguesa, até a sua morte nos arredores de Pádua, Itália, onde seus restos mortais estão sepultados e há uma peregrinação mundial de fiéis a essa cidade extamente para cultuar o santo.

  O autor viveu na Itália, em 2018, e confessa que o livro foi escrito "a partir de longas pesquisas e de muitas viagens" quando passou a se interessar pelo tema, ainda vivendo em SP, em 2017, e abre o trabalho falando de Pádua com suas 44 igrejas católicas e a catedral de Santa Maria Assunta, a Duomo, de outros veneráveis como santos Danilo, Leonino e Gregório Barbarigo, mas, nenhum deles com força e prestígico junto aos fiéis igual a Antônio, por isso mesmo chamado de "O Santo".

  Interessante esse começo do livro, pois, os autores da vida de Antônio sempre reservam a Pádua os finais dos cepítulos como o local onde ele faleceu sem dar a importância devida a esta cidade italina que, no século XIII, era um centro cultural efervescente onde já existia uma universidade fundada em 1222. Teria Antônio escolhido Pádua para morar propositadamente ao saber desse frescor cultural ou foi mera coincidência ter adoecido de forma mais intensa por lá e falecido em Arcella, nos seus arredores? Hoje, um bairro da região norte da cidade também conhecido como Sant'Antonino.

  Não é possível saber disso. Antônio era um peregrino e andou por vários lugares, entre a França e a Itália, e teria por força divina o poder da bilocação, ou seja, estar na Itália ao vivo, presente; e ao mesmo tempo em Lisboa operando algum milagre, espiritualmente, ou também presente.

  Só no segundo capítulo que é Veiga retrata os primórdios da vida de Antônio quando ainda se chamava Fernando Martins de Bulhões e Taveira de Azevedo descdente de um dos lideres da Primeira Cruzada, filho de Martim de Bulhões e Maria Thereza Taveira de Azevedo familias importantes da sociedade lisboeta da época.

  A partir daí o autor vai contar a trajetória do menino e adolescente Fernando até se dedicar a vida religiosa, primeiro como dominicano no Mosteiro de São Vicente de Fora e depois como franciscan, no Mosteiro da Santa Cruz, em Coimbra. E mais conta o autor sobre a formação intelectual de Fernando quando assume o hábito de Antônio, sua relação com São Francisco de Assis, ainda em vida e também apenas Francisco, os milagres e sua trajetória como peregrino.

  O livro é básico, bem escrito, bem documentado inclusive com dados atualizados dos estudos cientítificos feitos sobre seu porte físico a partir da exumação do seu corpo, em 1981, a reconstrução tridimensional do religioso, as causas reais de sua morte a partir das análises dos males que sofria, toda uma documentação que vem sendo atualizada pela igreja católica e comissões de cientístias, técnicos e religiosos.

 E, um capítulo dedicado ao santo militar em Portugal e no Brasil patentes conferidas na época da Coroa Portuguesa soldo que os franciscanos em seus conventos recebiam com regularidade.