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Rosa de Lima

ROSA DE LIMA COMENTA LIVRO DE NAPOLEON HILL, MAIS ESPERTO QUE O DIABO

Livro é o mais vendido no Brasil na linha do autoconhecimento e custa R$20,00 pela internet fora o frete
30/10/2020 às 19:41
  Napoleon Hill (1883/1970) é considerado o mago da psicologia aplicada. É o autor do livro "Think and Grow Rich" (Pense e Fique Rico), o mais vendido de todos os tempos nesse campo em auto ajuda e seus ensinamentos - em livros, cursos e análises de grupos - influenciaram gerações nos Estados Unidos que buscavam sucesso. Lembrar que seu principal 'best-seller' foi escrito em 1937 durante a grande depressão, a crise de 1929, que abalou a economia mundial e durou mais de uma década só acabando com o advento da II Guerra Mundial, iniciada em 1939.

  Em parte, seu objetivo com os livros que escreveu - e na época em que viveu os livros tinham mais força do que hoje na sociedade - era ajudar as pessoas a começar a pensar em termos de prosperidade nos negócios em vez de crise, nos conturbados anos 1920/1930, pós I Guerra Mundial, a pandemia da gripe espanhola que matou 55 milhões de pessoas e outros momentos dramáticos da história.

  Atualmente, na lista dos livros de autoconhecimento mais vendidos do Brasil - primeiro lugar em Veja - está o manuscrito de Napoleon Hill, "Mais Esperto que o Diabo"  (Editora Citadel, 192 páginas R$19,99 -Amazon, Americanas, etc - tradução e epílogo de M. Conte Jr. FRS MM, introdução de Tiago Nigro) que só foi publicado depois da morte do autor - embora escrito em 1938 - porque era considerado controverso por sua família, amigos e conselheiros, principalmente de seus irmãos do culto evangélico.

  Só chegou ao grande público em 2018 e o manuscrito se tornou um sucesso enorme de vendas e de debates.

  E que nos revela o autor neste livro?

  Ele simula uma entrevista com o diabo, claro, na real, ele mesmo fazendo as perguntas e as respondendo e quebrando o código secreto da mente do Demo, em sua concepção. Ou seja, Hill sustenta que o Demo é uma força contra sua Oposição, Deus, um praticando o mal e o outro o bem, mas havendo espaços de atuação para ambos.

  O livro é bobinho se entendido apenas uma entrevista criativa com o Diabo. No entanto, a maneira como desenvolve a entrevista - muito inteligente - explicando quais são as armas mentais do Diabo para manter tantas pessoas apegadas a esse conceito do mal, alienadas, dissimuladas, torna o trabalho bem interessante e vai prendendo o leitor no texto ávido para saber as conclusões e o fim da entrevista.

  Hill, propositadamente, vai alongando a entrevista até que haja volume para um livro e revela do ponto de vista da psicologia aplicada as armas que os humanos têm para combater as tentativas de dominação do Diabo nas ações corriqueiras da vida, o sexo, a comida, a ganância, a vaidade, o luxo, a riqueza, a pobreza, esperteza e assim por diante.

  Esse é o campo de atuação do Demo: da adversidade, do medo, da volúpia e o que existem de sementes equivalentes para combater esses problemas. Daí, posto como Oposição está Deus que agrega em torno de sí as pessoas com famílias estruturadas e que pensam, raciocinam e vivem de forma organizada e moderada.

  Com a palavra o Diabo: "A melhor definição que posso dar para a palavra 'alienação' é afirmando que todas as pessoas que pensam por si mesmas nunca se alienam, enquanto aquelas que não pensam, ou pensam o mínimo possível, são chamadas de 'alienados'... o 'alienado' é aquele que aceita qualquer coisa que a vida lhe oferece sem julgar e lutar por aquilo que quer... ele prefere deixar que eu ocupe a sua mente e use seu intelecto do que ter o trabalho de pensar por si mesmo... assim, eu consigo assumir o controle de seus pensamentos e plantar minhas ideias na sua mente".

  O autor detalha os três fatores mais importantes entre as citações feitas pelo Diabo: o hábito de alienar-se, a Lei do Ritmo Hipnótico - por meio do qual todos os hábitos acabam se tornando permanentes -e o elemento tempo. Cita, por exemplo, que Henry Ford passou pela crise da grande depressão sem grandes problemas em sua empresa enquanto vários empresários nos EUA quebraram porque Ford usou o tempo de forma construtiva e positiva, com a ajuda de pensamentos de sua própria criação, cercado por planos próprios.

  O livro é de autoconhecimento (autoajuda) e Hill coloca sua própria experiência de vida para dizer como se salvou das garras do Diabo. "Ele viu me alienar na minha política de relacionamento com os outros, particularmente na minha falta de cautela com os negócios. A circunstância que me salvou do controle fatal da Lei do Ritmo Hipnótico foi a definição de propósitos com a qual, finalmente, dediquei toda a minha vida para a organização de uma filosofia de organização pessoal, orientada para o sucesso".

  Em síntese, Diabo e Deus são elementos da ficção religiosa e analisados na psique como as formas do mal e do bem que existem em qualquer sociedade e em qualquer indivíduo. O que Hill mostra no livro é exatamente como se livrar de ações e atitudes de pensamentos negativos, downs, do chamado baixo astral, e ser uma pessoa correta e voltada para o positivo. 

   Se o leitor vai seguir os ensinamentos dele colocados nas entrelinhas da entrevista com o Diabo são outros quinhentos. De qualquer maneira, a leitura do livro é interessante e põe à luz da razão alguns conceitos valiosos.