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Rosa de Lima

ROSA DE LIMA COMENTA LIVRO A ÁLGEBRA DA FELICIDADE, DE SCOTT GALLOWAY

Um livro bem interessante com conceitos inovadores sobre o mundo das novas tecnologias
26/06/2020 às 10:56
A primeira vista o livro "A Álgebra da Felicidade", de Scott Galloway, descrito como chamariz de vendas na capa como "notas sobre a busca por sucesso, amor e significado" (Editora Alta Life, R$29,00, 242 páginas, wwww.altabooks.com.br, portfólio da Penguin) não parece ser nada do que está descrito. O professor Galloway é a irreverência em pessoa uma espécie de avesso do que se espera em autores de auto ajuda ainda que, em nenhum momento do seu trabalho, sequer insinue isso, como a dizer: "Quem quiser acreditar em mim que acredite".

O livro também não teria sido feito com esse sentido, com essa finalidade anarquizante, ele que é autor do best-seller "Os Quatro", livro que aborda os 4 gigantes da internet nos EUA - Amazon, Google, Facebook e Apple. Mas, como sabemos, depois de um grande êxito autores, empurrados pelas editoras que estão sempre olhando para o faturamento, publicam obras arremates com fórmulas, caminhos, ensinamentos e possíveis novas diretrizes, diante desse mundo em que vivemos onde a internet tomou conta do comportamento das pessoas, e quem está fora dela sente-se como um peixe fora da água. 

E o que acontece com um peixe fora da água? Morre.

Parece-nos ser, assim, "A Álgebra da Feclidade" uma obra com bom título, porém, com conceitos que devem ser bem avaliados antes de serem seguidos ou copiados, alguns deles, relevantes; outros, banais.

Galloway que nunca foi um primor como jovem na época escolar, hoje está com 55 anos de idade, releva que, chegou a ser um desses casos perdidos em que ninguém confiava até para cursar uma universidade. Mas, finalmente entrou na UCLA NY, aceito como estudante, tornou-se empreendedor na área de novas tecnologias, trabalhou no mercado de capitais e hoje é professor da disciplina Estratégia de Marcas da Stern School of Business da Unidade de NY e palestrante.

O que ele fala no livro nem sempre deve ser seguido, até porque cada leitor tem um mundo em sua própria cabeça, mas, há muita coisa aproveitável e digna de destaque.

Em primeiro lugar o bom de Gallooway é que não tem papa na língua e nem é políticamente correto. O que já é uma virtude. E depois fala o que pouca gente comenta 'verdades' sobre o mundo dos negócios da internet, a familia, a relação vida/morte, os pais, padastros, filhos, amigos e fidelidade na amizade.

As notas do professor Galloway são nesse aspecto valiosas e devem ser interpretadas a luz donde você mora. Tem um excelente sentido nos EUA ou num país capitalista onde os fundos de investimentos, em especial, hoje, os de capital de risco, comandam a vida de milhões de pessoas. Mas, certamente não são preciosas para quem mora no Brasil país de um capitalismo mambembe. Ou para quem mora em Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, países com governo autoritários.

Galloway comenta que em tempos difíceis as pessoas procuram líderes de cabelos brancos. Em épocas boas, otimistas, as pessoas buscam a juventude. "Se o boom da tecnologia continuar em sua trajetória é bem provável que na próxima década um adolescente seja o fundador/CEO de uma empresa de tecnologia que valha 1 bilhão de dólares.

"Quando isto acontecer, estaremos realmente à beira do precipício do apocalípse zumbi econômico", adverte. E complementa: "Atualmente idolatramos o altar da inovação e da juventude, em vez de caráter e bondade".

Nada mais sensato nos dias atuais em que se valoriza muito a inovação, o risco, a juventude, a novidade, sem observar os valores da experiência, do caráter e da valorização do homem de forma permanente, especialmente na velhice e nas doenças. O professor narra como deixou tudo de lado para viver um tempo com sua mãe, secretária divorciada e solteira, que portadora de um câncer terminal foi parar numa instituição filantrópica para encerrar o fim de sua vida. Galloway além de retirá-la desse abrigo, que considerou deshumano, deu-lhe carinho e amor até a sua morte.

O professor também valoriza muito a sua relação com os filhos ainda que viva em permanente correria como palestrante itinerante, vendedor de ideias, encantador de platéias em administração e marketing. Esse é um tema (relação trabalho/correria com afeto à familia, mais tempo com a familia do que com o trabalho) que tem sido muito comentado, ultimamente, por milhõies de executivos e empreendedores, além de professores, militares, profissionais de saúde e outros, que põem o trabalho, a profissão, sempre acima da familia. E quando têm um infortúnio, a doença de um filho ou a morte de uma esposa, entrarm em parafuso e dizem que deveriam ter dado mais atenção à familia.

Em sendo assim, como analisa bem o professor Galloway mude de comportamento enquanto é tempo. Resume o autor da "A Álgebra da Felicidade": - Comida, sexo e filhos. Fomos feitos para nos viciar em coisas essenciais para a sobrevivência da espécie. Acredito que meus filhos reconhecerão que seus pais não ofereceram a onda de dopamina de uma substância viciante, mas, sim, o sustento. Estamos sempre presentes, previsíveis. Somos uma certeza feitos para amá-los independentemente da circunstância, e demonstramos esse amor com menor variação do que qualquer outro relacionamento".

É um livro para refletir e até mudar de comportamento enquanto é tempo.