No decorrer do texto, o leitor vai perceber na pena jornalística de Fiuza que, Gianne, é uma obra sobre a vida integral do ator global
A primeira vista tem-se a impressão de que o livro Gianne - Vida, Arte e Luta escrito pelo jornalista Guilherme Fiuza sobre Reynaldo Gianecchini, se trata de uma narrativa de autoajuda sobre como curar-se de um câncer linfático tipo especial, doença que alçou o personagem às manchetes entre a vida e a morte, até que realizou um transplante de médula e curou-se.
Nada parece mais interessante nesse citado estilo literário ávido de consumidores que se interessam por aconselhamentos de toda natureza, de como subir na vida e ganhar dinheiro fácil a livrar-se de males e de tentações demoníacas. Gianne é mais abrangente.
No decorrer do texto, o leitor vai perceber na pena jornalística de Fiuza que, Gianne, é uma obra sobre a vida integral do ator global, até surpreendente para quem não conhecia os bastidores das andanças do caipira de Birigui, cidade do interior de São Paulo onde nasceu e partiu para se integrar e se revelar no mercado de modelo publicitário e depois de ator de teatro e televisão, com excessos de deslumbramento que o levram à gloria e a quebradeira.
Nós, os mortais, que o víamos, assim, um galã perfeito, certinho e cauteloso, nos deparamos com um Gianecchinio mais pirilampo, mais abrangente, numa sequência de aventuras de um menino nascido e criado no interior de SP, que se torna um modelo cobiçado internacionalmente, e, depois, um dos maiores galãs da telinha.
De fato, o livro depoimento do autor ao jornalista, captado em todas as nuances de sua vida, nos revela um Gianne (nome carinhoso usado por amigos e amigas) integral, ainda que nem todos os episódios sejam explicitos a ponto de permitir que vicegem fofocas e comentários maliciosos, ou que visceralmente sejam narrados em sua inteireza de detalhes.
Coisa, aliás, que não interessa ao leitor, essas minúcias de detalhes da alcova & Cia, salvo, evidente, que tenha conhecimento apenas de citações cautelosas de seu convivio amoroso com A ou B.
E tanto isso se tornou uma verdade é que o livro de Fiuza, há meses como um dos mais vendidos do país, o bestseller do verão 2012/2013, não enseja esse tipo de enfoque, da critícia sensacioanlista e da fofocaria midiativa da tv e dos comentaristas e colunistas desse segmento.
Pelo contrário, todas as informações e análises que se fazem do livro de Fiuza apontam para uma fidelidade absoluta ao que lhe narrou Gianecchini sem que, com isso, caia em tentações vulgares e assim por diante.
O livro é excelente nesse ponto de vista de uma biografia integral, para uma celebridade viva, jovem e que ainda tem muito trabalho pela frente em sua arte.
Bom porque conta a vida do ator em sua inteireza, como se desdobrou ao longo do tempo, com avanços extraordinários e tropeços, com pé no chão e deslumbramento, próprio para um ser humano sujeito a altos e baixos cuja trajetória proporciona a qualquer personalidade, ainda mais para o caipira que alcançou o estrelado e era endeusado por inúmeros brasileiros graças ao fenômeno novelesco da televisão.
De certa forma até causa algumas surpresas para os leitores normais e que não acompanham a trajetória desse estrelado, entendendo-se que Gianecchini não era um santo, como talvez possa se esperar de um jovem ator, mas também não era um diabo.
Fiuza comenta sobre seus primeiros momentos na capital paulista: "Na primeira curva não derrapou no deslumbramento. Tinha plena consciência de que era um cara do interior morando de favor", porém, ressalva que "Reinaldo tinha a cabeça boa - sua capacidade de abstração e de assimilação era notável desde a primeira infância".
Excessos à parte, porque Gianne não nos pareceu um obstinado como faz crer o autor, a narrativa de Fiuza merece atenção do leitor do início ao fim, é desses livros que não se desgruda até que se chegue a última página, perfeito em linguagem jornalística, de fácil leitura, e revelador dos avanços da medicina no país e de personalidades médicas jovens e que são também uma nova face do país.
O autor, é bom que se diga, coloca a dimensão humana no plano adequado, exaltando na medida certa os conceitos sobre a fé, mas, pondo no seu devido termo que a cura do ator se deveu a procedimentos médicos inovadores.