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Rosa de Lima

ROSA DE LIMA COMENTA LIVRO SOBRE STEVE JOBS, POR WALTER ISAACSOM

Livro para servir de permanente consulta
16/01/2012 às 12:17

Foto: BJÁ
O melhor livro que já foi escrito, até agora, sobre a trajetória da Apple e Jobs
  O livro "Steeve Jobs", por Walter Isaacson, diretor executivo da revista Time é uma preciosidade.

  Trata do complexo tema Apple e da personalidade rebelde de Jobs formatada na
contracultura dos anos 1970 de forma como nunca tinha lido até agora, revelando toda a preseverança e astúcia desse extraordinário personagem que modificou a indústria de computação pessoal, introduziu o iTunes e mexeu completamente no panorama da indústria fonográfica, e ainda teve tempo e competência para que sua equipe produzisse o iPhone e
o iPad, equipamentos que estão disseminados em todo mundo.

   A beleza do livro de Isaacson, editado pela Companhia das Letras, SP, 605 páginas, está
exatamente na maneira como aborda todos esses temas e mais a competitividade e a doentia corrida pela TI na computação no final do século passado e primeiro decênio do século XXI, as transformações que isso fizeram acontecer no Vale do Silício, em Cupertino, Palo Alto, Califórnia, e a natureza obssessiva de Jobs em encarar esse trajetória como se fosse uma "carruagem de fogo", uma corrida ao fim do mundo com perfeição e design apurado'.

  Isaacson, com pena jornalistica, linguagem bem compreensível ao grande público, traça um perfil detalhado da personagem de Jobs, desde a época em que cultuava gurus hidianos e
experimentava ácidos alucinógenos, o abandono pelos pais biológicos e a adoção de uma familia classe média baixa americana, de um pai adotivo (Paul Jobs) que tinha uma oficina de conserto de carros, e toda a sua dedicação, em tempo integral, ao mundo dos computadores e depois dos hubs que levaram a reunir toda essa parafernália num equipamento de bolso (iphone), que parece mágico, e consegue agrupar numa caixinha preta movida a dedos, touches multiloques, interligando o mundo.

  Isaacson, velho jornalista diretor do Aspen Institute e autor de "Benjamin Franklin: an American Lifre" revela no decorrer do livro os caminhos e as dificuldades que teve para "biografar" Jobs, ainda que o livro não tenha essa característica inata, posto assim como forma de biografia clássica, dada a própria personalidade contorversa do empresário da computação com seu lado sombrio de seu campo da "distorção da realidade" , mesmo assim,
produziu um excelente trabalho, de um realismo profundo, sem, no entanto,
revelar qualquer traço de pieguismo e exaltações que sejam exageradas. 

  Tudo parece no lugar exato desde as linhas iniciais quando o autor explica como nasceu o livro, algo que também considera um trabalho sobre inovação, uma espécie da "abre cabeça", "visão de novas fronteiras"  e a revelação essencial posto na trajetória de Jobs da melhor maneira de criar um novo valor no século XXI, conectando criatividade com tecnologia. Uma obsessão.
 
   Um detalhismo e agressividade verbal com colegas de equipe que o fizeram único nesse mundo de gigantes da computação e da venda de serviços, em especial Bill Gates e a Microsolft, a IBM, HP, Dell, Motorola, Warner, Disney e tantas outras.

  A narrativa de Issacson sobre o encontro de Gates com Jobs, este já no final de vida, com o câncer tomando conta de seu corpo por inteiro, à beira da morte, é emocionante. O fascíno que Gates sentia por Jobs, ainda que fossem concorrentes e disputassem palmo-a-palmo o mercado mundial de computadores e serviços, se revelou nesse encontro, uma espécie de despedida final, algo muito bem descrito pelo autor.

  Issacson em nenhum momento põe a doença (câncer no pâncreas) num plano que possa levar o leitor a sentir dó de Jobs e expõe a caminhada inicial e final do empresário, desde que contraiu o mal e buscou formas alternativas de cura até ser convencido a fazer uma cirurgia, de forma muito bem colocada no livro.

  E, Jobs, de sua parte, já doente e tenho consciência de que estava perto do fim, havia feito até um pacto com Deus ao seu estilo zen, se manteve firme na Apple, conduzindo os projetos de ponta e concebendo a rede das nuvens e os vanços que gostaria de impor aos EUA nesse
campo.

   O livro também descreve de forma didática e conceitual os papéis de engenheiros e designs que começaram e seguiram Jobs durante toda essa trajetória, o pessoal do marketing e da publicidade, a influência de Stenphen Wozniak, o pioneiro do Mac produzido na garagem do pai de Jobs, em 1976, Daniel Kottke, Sculley da Pepsi (você quer passar o resto da vida vendendo água com açúcar ou mudar o mundo),  Lee Clow, James Vicent, o designer Eve, com sua tese menos é mais e Deus nos detalhes e tantos outros.

  Para quem está pouco familiarizado com Jobs segue alguns feitos desse obstinado empreendedor: o Apple II, que pegou a placa de circuitos de Woz e a transformou no primeiro computador pessoal; o Macintosh, que gerou uma revolução nos computadors doméstivos e popularizou as interfaces gráficas no mundo; Toy Store e outros grandes sucessos de bilheteria da Pixar; as lojas Apple, que reinventaram o papel da loja na definição de uma marca; o iPod, que transformou a forma de consumir música no mundo; o iTunes, que fez renascer a indústria da música em outro formato; o iPhone, que transformou telefones celulares em música, fotografia, e-mailme dispositivo web; a Appe Store, que gerou uma nova indústria de criação de conteúdos; o iPad, que lançou a computação em tablet e ofereceu uma plataforma para jornais, revistas, livros e vídeos digitais; o iCloud, que rebaixou o coumputador de seu papel central de administrador de novos conteúdos e permitiu que todos os nossos dispositivos sincronizassem perfeitamente; e a Apple a empresa mais criativa do mundo.

  É um livro para se ler várias vezes e servir de consultas permanentes.