Livro "fast-food" bem ao gosto dos leitores
Foto: BJÁ |
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4 de Julho de James Patterson é literatura "fast-food" de policiais norte-americanos |
Até por curiosidade estava interessadíssima em ler um dos livros de James Patterson, o autor norte-americano que se tornou o homem que mais vende, publica e fatura livros no mundo com a impressionante marca de 230 milhões de exemplares, muito mais do que Dan Brown, Stephan King e John Grisham só para citar três outros "best-selleres" mundiais.
Patterson é considerado um autor "fast-food" dos mais ágeis do mercado, daqueles que escrevem em ritmo industrial com a ajuda de co-autores contratados. Esse modelo de escritor que publica em série é comum nos EUA, na Ásia especialmente o Japão, na Europa e no Canadá, sobretudo nos modelos "poocket-book".
Agora que seus trabalhos estão à venda em selo (Arqueiro) da Sextante, a editora carioca que está sempre pontuando na lista dos mais vendidos de todas as publicações nacionais, adquiri uma dessas preciosidades de Patterson, intitulada 4 de Julho, digo assim precioso porque ele tem a capacidade de vender livros em profusão com enredos policiais até relativamente banais, mas, que prendem a atenção do leitor, não necessariamente no modelo suspense permanente de Agatha Christie, porém, na dose certa, ao gosto popular, com narrativas do cotidiano dos seus personagens, bem ao alcance e prática na vida real das pessoas.
Esse é um dos segredos de Patterson, se colocar no lugar dos seus leitores, com romances que não chateiam os leitores, com uso de frases curtas, de textos enxutíssimos, quase publicitários em alguns momentos, e que fazem com que sejam lidos nos metrôs, nos intervalos do trabalho, no banheiro e assim por diante.
Patterson confessa que não é químico nem matemático para ter fórmulas sobre como produzir um "best-seller", mas isso fica claro em 4 de Julho esse enredo policial que passa em São Francisco, integrante da série Clube das Mulheres contra o Crime, em que uma promotora, uma repórter e uma médica legista se vêem às voltas com assassinatos de casais, aparentemente insolúveis, e praticados em série. O romance se inicia com uma perseguição policial a deliquentes juvenis, bem ao gosto do público leitor norte-americano, quando uma tenente da Policia de São Francisco, Califórnia, é obrigada a atirar nas crianças depois de ser recebida a bala.
O resultado dessa cena inicial, bem movimentada usando-se linguagem de estilo publicitário, com frases curtas e veículos cantando pneus nas ruas, é uma adolescente morta, um jovem que ficará paraplégico, uma cidade dividida e a oficial no banco dos réus.
Era matar ou morrer. Nos Estados Unidos, onde tudo é investigado a fundo, esse tipo de enredo sempre chama a atenção e acaba num daqueles juris populares, típicos da cena policial americana e comuns de serem vistos no cinema hollywoodiano. As imagens descritas no juri que se seguirá durante a trama são sensacionais e o leitor fica preso ao enredo, como estivesse na platéia assistindo os diálogos entre os advogados e as partes.
Antes de ser levada a juri, no entanto, a tenente Lindsay Boxer, esse é o nome ficção da policial, resolve descansar na pitoresca Half Moon Bay, mas não exatamente um descanso que ela encontra. Acompanha a investigação de uma série de crimes que vem assustando a cidade, assassinatos de casais, associados a um crime que jamais tinha sido desvendado, e se envolve diretamente nos casos.
O autor mescla os cenários entre as investigações do crime e o julgamento da tenente, adoça o livro com a participação de uma advogada classuda Yuki Castellano, que faz a defesa da tenente, até que a policial é absolvida e, por sua audácia, em cenas que lembram os exageros do heroismo policial norte-americana, descobre a origem de todos os crimes e prende os envolvidos.
Final feliz, bem ao gosto do leitor. Essa série de Patterson, o Clube das Mulheres contra o crime, e em 4 de Julho, a tenente tem a ajuda de outras duas mulheres Clarie e Cindy, é considerada nos Estados Unidos, por autor norte-americano, uma das melhores séries de suspense de todos os tempos.
Diria que são livros interessantes, um passatempo despretencioso, e até recomendaria para aqueles que gostam desse gênero. Mas, eu mesma, não lerei outros exemplares desse autor. Livros em série sempre têm enredos muito parecidos.
Lendo um deles é o suficiente.