Política

ACM NETO SEGUE FIRME E RESOLUTO PARA DISPUTAR GOVERNO EM 2026 (TF)

A disputa está polarizada desde agora e deve seguir nesse ritmo com ACM Neto x Jerônimo Rodrigues
Tasso Franco , m Salvador | 20/09/2025 às 19:24
ACM NETO em andanças pelo interior da Bahia
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 O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, trabalha para ser o candidato a governador da Bahia pelo UB e coligados. Há uma onda "fake news" incrementada por alguns veículos de comunicação on-line e por integrantes da militância cabide do petismo nas redes sociais dando conta de que ACM Neto não será candidato a governador e existe uma insubordinação de sua base política - especialmente deputados e prefeitos - por conta do seu presumível "autoritarismo".

   Não há, no entanto, nenhum indicativo de que Neto tenha desistido da campanha de 2026 com candidato a governador, nem que haja desordem ou rebeldia em sua base. Pelo contrário, no decorrer desta semana, Neto se reunir com empresários do comércio da Bahia, esteve com representantes de lideranças de vários municípios, estará no interior no final de semana, e sua base continua a mesma: unida e integrada à sua jornada.

   A mudança recente que aconteceu foi a saída do deputado estadual Marcinho Oliveira, do UB,< para se filiar ao PRD, mas este deputado desde que chegou na Assembleia se tornou adesista ao governo Jerônimo, embora continue mantendo ligação com o deputado federal Elmar Nascimento, apontado como um dos líderes do Centrão na Câmara. E, ao que se diz, teria sido influente na votação da PEC da Blindagem e urgência no Projeto da Anistia.

   Falou-se que foi uma baixa para ACM Neto a saída de Marquinhas; assim como quando da adesão do deputado Pancadinha (Solidariedade, Itabuna) ao governo Jerônimo, a mesma coisa.

   Isso não alterou nem a disposição de ACM Neto em continuar candidato a governador, 2026; nem o efeito migratório do eleitorado para Jerônimo aconteceu. Neto, hoje, continua líder das pesquisas na intenção de votos na Bahia mesmo com Jerônimo cooptando prefeitos que presumivelmente foram de sua base, em 2022, o que revela que o furo é mais embaixo: não na base política de Neto; e sim na base de Jerônimo.

   Ora, era de se esperar que Jerônimo, com 3 anos de governo andando pelo interior quase todos os dias, estivesse com avaliação nas alturas e ganhando de Neto nas intenções de votos. Mas, não é isto que está acontecendo; nem essa campanha em curso de tentar desmobilizar Neto, descontruir seu trabalho, terá êxito.

   Campanha se faz no momento certo, a partir de meados do ano que vem; estratégias se organiza em julho; organização de chapa começa a se discutir após o Carnaval; e tudo o que se fala hoje tem um peso praticamente nulo porque avalições demoram algum tempo na política para se saber se teve alguma influência.

   Vejo, por exemplo, Marcelo Nilo dizer em alarido que se não for candidato a senador não será a nada. Como está alinhado a ACM Neto e se tornou adversário de Rui Costa e Jerônimo Rodrigues se supõe que queira ser candidato ao Senado na majoritária UB. Ora, isso não se decide dessa maneira. Se a possível chapa encabeçada por Jerônimo ainda não definiu quem serão os candidatos ao Senado e a vice-governador, imaginem se ACM Neto já teria na manga do paletó os nomes de composição da sua chapa;

   Em princípio, cabe a Marcelo Nilo construir seu desejo em base sólidas, com dados, com números, com avanços políticos. O que, nos parece, ele não tem. Então, colocar a corda no pescoço do majoritário (ou eu vou ao Senado ou não vou a nada) é fora de sentido. Nem ACM Neto, no momento, sabe responder a esse questionamento, nem vai falar dele.

   Isso vai depender de uma série de fatores que poderão acontecer ou não. Lembram da campanha de 2022?

   João Leão só deixou de seguir o governo Rui, em 14 de maio de 2022, quando houve o rompimento e diante do seu peso eleitoral, do racha na base de Rui Costa, Cacá Leão foi o candidato ao Senado.

   Esse o fulcro, o âmago: não se põe carro à frente dos bois antes da hora.

   As campanhas políticas na Bahia, há 40 anos, giram em torno do "carlismo" (de ACM) versus seus adversários históricos MDB (hoje, PMDB) e PT. Waldir Pires (MDB) foi eleito governador, em 1986, porque desestruturou a base do "carlismo" cooptando Nilo Coelho, Luís Viana Filho, Jutahy Magalhães e Ruy Bacelar; Jaques Wagner (PT) foi eleito em 2006 com a mesma estratégia cooptando Otto Alencar, João Leão, Paulo Magalhães, etc.

   E ACM Neto perdeu a eleição, em 2022, porque não conseguiu desestruturar a base de Rui Costa numa amplitude maior só trazendo Leão, mas, ainda assim, a vinda de Leão foi por outro motivo.

   Além disso, existe o efeito Lula, que é muito querido na Bahia, inclusive teve mais votos (72.12% no segundo turno) do que Jerônimo (52.79% segundo turno) em 2022. Houve, portanto, esse dilema adicional:  ACM Neto teve muitos votos casados com Lula por mais que os petistas dissessem, que ele era bolsonarista. Neto teve 47.28% (4.007.023) e Bolsonaro 27% (2.357.028); Lula 6.097.815 e Jerônimo 4.480.464. Ou seja, ACM Neto teve mais de 1.500.000 casado com Lula.

   Portanto, ACM Neto naquele momento não poderia criticar Lula (e vice-versa) e na atualidade não pode fazer qualquer tipo de estratégia de campanha, pois, dependerá do fator Lula (já anunciado como pré-candidato à reeleição) e quem ele (Neto) apoiará para presidente. Qual será o seu palanque? Em 2022, ficou órfão, sem palanque e isso foi prejudicial. Mas, nem muito, porque, como vimos acima houve a casadinha Lula/Neto sem ambos quererem. Foi uma decisão tomada pelo eleitorado.

   Em 2026. imagina-se que Neto vai avaliar bastante essa questão, ainda em aberto. Houve, esta semana, um novo sinal com o UB exigindo que os ministros ligados ao partido deixem o governo Lula. Ainda é cedo para se saber qual será o desdobramento disso e qual será a posição de Gilberto Kassab, do PSD, na campanha 2026. Já disse que seu partido não vai com Lula, mas os pessedistas baianos, comandados pelo senador Otto Alencar, dizem que vão com Lula-Jerônimo.

   São questões que serão resolvidas em meados de 2026. Por sua vez, ACM Neto se aproximou de João Roma, líder do PL (bolsonarista) na Bahia, rompidos que estavam em 2022, inclusive Roma sendo candidato ao governo e obtendo 9% dos votos no primeiro turno. Comentou-se na época, que Roma tinha conversas amistosas com Jaques Wagner.

   Bem, no resumo do resumo, ainda é muito cedo para se falar na campanha propriamente dita e quem estará com quem, as alianças, etc. Uma coisa é certa: Hoje, seguem candidatos polarizados ACM Neto x Jerônimo. E, ao que tudo indica, assim será em outubro de 2026, quando os eleitores forem às urnas no segundo turno.