Veja a estratégia que deverá ser utilizada pela Oposição na Bahia, sem pressa, esperando o momento certo para formatar a chapa
Tasso Franco , da redação em Salvador |
12/06/2025 às 17:53
ACM Neto já circula pelo interior do estado
Foto: DIV
Já comentamos sobre o "balão de ensaio" da chapa "puro sangue" do petismo para disputar a eleição majoritária de 2026 com a alternativa A, a mais visível, tendo Jerônimo Rodrigues na cabeça como candidato à reeleição e Rui Costa e Jaques Wagner, ao Senado, mantendo-se Geraldo Jr, MDB, na vice governadoria. É a chapa mais provável, embora haja outras, e vocês podem ler o nosso comentário em Política no BJÁ.
Agora, vamos falar da Oposição e as chances que ACM Neto, o provável candidato na cabeça da chapa, tem na disputa do pleito. Tudo é muito cedo para se dar uma opinião mais abalizada, mas como o petismo já pré lançou a chapa "puro sangue", abriu a porteira dos debates e podemos, então, também comentar.
ACM Neto tem se posicionado como pré-candidato a governador, em 2026, e recentemente disse que passaria a andar mais no interior do estado neste 2025 já como uma espécie de arauto para evitar um avanço do governador Jerônimo nas bases do UB.
O que, de fato, já aconteceu com viagens a Nova Viçosa, Conquista e áreas da RM de Feira de Santana. Sua missão é bastante árdua e difícil uma vez que, sem caneta e sem apoio dos governos estadual e federal, só leva aos municípios a palavra em duas direções: no convencer seus aliados para se manterem fiéis a UB; e na outra direção com críticas aos governos Jerônimo e Lula.
O desempenho mais firme de ACM Neto, no entanto, só se dará em 2026. Carros não andam à frente dos bois e não adiante muito esforço agora porque nem o eleitorado está sensível a conversas políticas, não há clima para isso; nem ele tem o que oferecer além da esperança de novos dias num provável governo seu.
Ademais, ao contrário do petismo, que já montou uma chapa completa intitulada de "puro sangue", ACM Neto ainda não tem os componentes de sua chapa nem ao Senado; nem a vice-governador. E, nem ele mesmo sabe, porque isso vai depender das possíveis dissidências na base governista, das alianças UB-PP, PSDB-Podemos e assim por diante.
É só lembrar de 2022 o que aconteceu com a saída de João Leão da base governista e a ascensão de Cacá Leão como candidato ao Senado. ACM Neto, portanto, vai dar tempo ao tempo, para montar sua chapa. E, claro, se houver dissidência na base governista tanto melhor. Se não houver tem que lutar com as armas que possui.
ACM Neto também aposta - e esse é o dado mais importante também já ressaltado pelo deputado Paulo Azi - no enfraquecimento de Lula na disputa à reeleição, hoje, com popularidade em descenso e querendo aumentar mais impostos para tirar seu governo do buraco posto dessa forma porque, com o diz Neto, "o governo gasta muito e mal" e tem um ministro da Economia sem a devida competência.
Esse é o ponto principal (o fulcro como dizia José Serra) e ACM Neto tem a convicção de que perdeu o pleito, em 2022, diante da força de Lula. A questão é que o pleito se dará no segundo semestre de 2026 e até lá Lula pode recuperar sua força política e se isso acontecer a posição de ACM Neto e seu grupo se complicarão bastante.
Vale também observar que o governo Jerônimo Rodrigues, em 2026, terá um cabedal de obras a apresentar ao eleitorado sobretudo via TV e internet, que ACM Neto não possui, e alguns índices, hoje, fracos, nos campos da segurança e da educação poderão melhorar.
Em contra partida, Neto certamente vai explorar os pontos negativos das gestões Jerônimos e Lula, a aliança que, segundo ACM Neto, foi prometida a Bahia e não aconteceu, e certamente as obras estruturantes que veem se arrastando há anos não serão visíveis em 2026. Essa "guerra" no marketing político vai acontecer até porque é a única alternativa para ACM Neto.
Esse é o quadro que vislumbramos no momento e estamos falando num tempo distante do pleito que só acontecerá no segundo semestres de 2026.
Na base governista, hoje, ninguém acredita numa dissidência dos partidos aliados ao governo Jerônimo. A política, no entanto, não se move com tanta antecedência. É preciso esperar um pouco mais o andar da carruagem para então se ter uma ideia mais conclusiva e poder dar uma opinião de forma melhor estruturada.
Nesse momento não dá para dizer o que vai acontecer. O PT como partido critica a postura de ACM Neto como crítico contumaz aos governos Jerônimo e Lula, faz seu papel em rebater o que ele comenta, mas, essa é a sua missão. Quem perde (e Lula fez muito isso no passado) passa a ser Oposição e, como o próprio nome diz, se opor, processar avalições críticas e assim por diante. E quem ganha tem a obrigação de bem governar.
O jogo, portanto, se encontra nessa fase. Algumas conversas preliminares estão sendo feitas, porém, ainda sem quaisquer consequências. São as sondagens. Somente a partir de abril de 2026 é que teremos um cenário mais visível e então opinaremos com mais certeza do que poderá acontecer.