Caso da Previdência tende a seguir na pauta do Congresso e do pais
Tasso Franco , Salvador |
03/05/2025 às 11:37
Wloney Queiroz e Lupi
Foto: REP
O pedido de demissão de Carlos Lupi (PDT) para deixar o cargo de ministro da Previdência Social na última sexta-feira (2/5) é uma tentativa de reduzir a pressão sobre o governo. Lupi deixou o cargo diante da repercussão dos descontos indevidos a beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O assunto ocupa espaço importante no noticiário e pode se refletir na popularidade do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já está em níveis que preocupam o mandatário. Enquanto isto, a oposição tem gastado toda a artilharia possível para aumentar o embaraço ao Palácio do Planalto.
O escândalo no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
INSS
A queda de Carlos Lupi e a troca de guarda no Ministério da Previdência não muda o status da crise que se instalou em Brasília com a revelação do escândalo de descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS. O esquema, que teria começado em 2019, estourou no colo do governo Lula (PT).
O Palácio do Planalto sabe que a saída de Lupi e a ascensão Wolney Queiroz, que era o número dois da pasta, nem de longe resolve o problema.
Wolney já estava no ministério quando a pasta foi alertada pela Controladoria-Geral da União (CGU), pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo próprio INSS de que havia indícios robustos de fraudes em série no órgão.
Questionado sobre o assunto, um aliado de Lula foi direto: "O importante é que é o presidente do INSS que vai tocar as ações. O governo está tomando todas as providências necessárias".
Em bom português, a fala mostra que Lula puxou para o próprio colo a missão de dar uma resposta à crise. O presidente escolheu o novo presidente do INSS sem consultar Lupi ou Wolney.
O nome foi debatido com os órgãos de controle interno, como a Advocacia-Geral da União e a CGU. Gilberto Waller Júnior, escolhido para a missão, é procurador federal e fez carreira como corregedor do INSS.
Na sexta-feira (2), em reunião com AGU e CGU para tentar traçar um plano de ressarcimento para aposentados e pensionistas lesados, a palavra de ordem do INSS era "velocidade para mostrar capacidade de reação".
GLOBO.COM
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O novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, recebeu como missões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ser nomeado para o cargo organizar a pasta e implantar medidas que garantam a proteção de aposentados e pensionistas contra fraudes. Integrantes do governo dizem que o presidente já conhecia Wolney, que foi deputado federal por seis mandatos, de suas duas outras passagens pelo Palácio do Planalto.
Wolney se reuniu com Lula no começo da noite desta sexta-feira no Palácio do Planalto, logo depois de Lupi pedir demissão. Antes, o presidente só havia conversado com o auxiliar por telefone. O encontro aconteceu após a divulgação da nota que informava a sua nomeação.
Além das fraudes reveladas pela operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) no dia 23 de abril de descontos indevidos de aposentadorias e pensões para repassar a associações, a fila de espera do INSS fechou o ano de 2024 com 2,042 milhões de requerimentos por benefícios sociais e da Previdência.
INSS: novo ministro da Previdência estava em reunião em que Lupi foi alertado sobre fraudes em 2023
Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula havia prometido acabar com a fila do INSS. Mas desde a posse do petista, a espera tem crescido. Em dezembro de 2023, a fila estava em 1,545 milhão. Em junho do ano seguinte, baixou para 1,353 milhão e depois voltou a subir. Wolney era o número 2 da pasta ocupando o posto de secretário-executivo, então a avaliação é que ele não pode se desvincular dos problemas já em curso na gestão.
Planalto: Indicação de novo chefe do INSS por Lula sem avisar Lupi foi decisiva para pedido de demissão
Wolney também terá como tarefa encontrar uma solução para a devolução dos recursos desviados por fraudes em benefícios pagos pelo INSS. O governo federal anunciou que fará uma reparação, mas ainda não definiu como. Além disso, será preciso definir um novo modelo para os descontos, que foram bloqueados após as investigações de irregularidades.