Os políticos veem o Carnaval como uma urna e ainda tem o round final em 2026
Tasso Franco , Salvador |
07/03/2025 às 19:17
O governador e o prefeito separados pela guitarra e pelo rei momo, não se bicam
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MIUDINHAS GLOBAIS:
1. O Carnaval passou e os protagonistas estão a contabilizar lucros, louros, sucessos e também possíveis tropeços e prejuizos. No plano politico e administrativo houve mais uma vez uma acirrada disputa entre o governador do Estado, Jerônimo Rodrigues e o prefeito de Salvador, Bruno Reis, para verificar qual deles ficou com o carimbo de principal dono da festa, organizador ou que titulo seja nessa direção, aos olhos da população. Ou melhor dizendo, dos eleitores.
2. Os politicos, de uma forma geral, enxergam as manifestações da cultura popular e outros no formato de uma urna. E nas urnas que passaram, no 2024, Bruno Reis saiu-se muito bem e deixou seu adversário na lona. Mas, ainda assim, firme porque o abatido foi Geraldo Jr, por posto apresentado desde 2023 como coordenador do Carnaval da Bahia, e não Jerônimo, o qual se saiu bem nas urnas de 2022.
3. À vista, portanto, estão as urnas de 2026, mais amplas, do Estado, e o governo do estado investiu pesado no Carnaval de Salvador onde o PT não é forte e há uma visibilidade enorme na festa. A tese iniciada com Wagner com o Carnaval Ouro Negro tem esssa estratégia.
4. Se isso vai resultar em votos não saberia avaliar até porque ainda tem o Carnaval de 2026 mais próximo da eleição onde a disputa será ainda mais acirrada. Digamos que, em 2025, deu-se um pré-round, um aquecimento, para o confronto principal que se dará no próximo ano.
5. E Jerônimo, pelo que vimos, apareceu em boa medida no Carnaval de Salvador e também foi a Barreiras e a Cairu. Isto é, cuidou do seu milharal no interior onde o petismo se saiu mais forte em 2022, mas também investe firme na capital com o VLT e outros projetos e a sonhada ponte Salvador-Itaparica, que é mais um tiro no pé do que algo que sensibilize a população.
6. O Carnaval - foco do nosso comentário - historicamente tem a marca da Pfrefeitura isso desde os tempos da Republica Velha e quando comletou 100 anos oficial o prefeito Manoel Castro ficou com os louros.
7. E assim tem sido por mais que os governadores se esforcem em aparecer e mais recentemente é só lembrar dos carnavais pilotados por Fernando José e Lidice da Mata com governos adversários e os de Imbassahy com governos amigos. Os prefeitos sempre levam a melhor.
8. O que mudou com o petismo em 18 anos no comando do estado (a partir de 2007) é que os governadores desse partido não se conformam com isso e investem pesado para tentar mudar esse protagonismo. Até agora não conseguiram nem com João Henrique, nem com ACM Neto, nem com Bruno Reis.
9. E é provável que não consiga doravante porque o estado embora tenha jogado rios de dinheiro no projeto Carnaval Ouro Negro e nos trios pipocas - a Bahiagás investiu somente nos trios R$15 milhões - o governo é responsável pela segurança com 37 mil homens (segundo a propaganda na TV) e mais R$60 milhões e nesse ponto há um desgaste que não tem como reparar. E até de dificil explicação.
10. O Carnaval não existe sem esse suporte da Policia - entendendo-se PM, PC, CB - e a segurança tem melhorado bastante, mas, a violência é de tal ordem que, por mais qua a Policia faça, sempre fica uma imagem ruim porque ela é envolvida até psicologicamente nesse processo e também é agente da violência.
11. Já comentamos aqui, anteriormente, que esse contingente (37 mil homens) representa o triplo das forças envolvidas na Guerra da Independência da Bahia, em 1822-1823.
12. Mas, como resoilver essa questão? Neste 2025, centenas de videos foram divulgados pela internet mostrando a violência ao vivo e a cores, com as narrativas mais estapafurdias possiveis, alguns até dizendo que a "PM está apenas massageando as costas e costelas dos foliões com seus cassetetes".
13. Lembrando que a PM (a corporação que leva mais fama) é composta de humanos e não de robôs e o policial por mais treinamento que tenha se vê envolvido numa turba de malhados praticando boxes (como se diz no popular, com Bell o maior treinador de boxe do país) e os contém com cassetetes. É impossível conter isso com a pedagogia moderna de alguns demagogos do politicamente corretos e que são, em sua maioria, petistas.
14. Trata-se, pois, de uma tarefa dificilima e as redes sociais e a midia joirnalistica não divulga o outro trabalho da Policia, o pacífico, no controle no entorno da folia, nos pontos de ônibus, nos portais de acesso, e foca na pancadaria.
15. Sobra, então, para quem em termos de imagem? Para o governador que é o chefe da Policia e por mais que se diga que Geraldo Jr é o coordenador do Carnaval da Bahia, Jerônimo paga o pato.
16. Como mudar isso? Já se pensou em tudo, já se organizou estratégias de toda natureza, mas a raiz está na população. Ninguém consegue explicar esse fenômeno que é tipico de Salvador (não acontece no interior da Bahia nem em outros estados) dessa luta de boxe publica permanente entre malhadões com a variante (e vimoos isto neste 2025) crescente entre as mulheres porradeiras inclusive mulheres trocando socos com homens.
17. A SMS não divulga o número de bocas, pescoços, queixos, etc, quebrados e neste 2025 reforçou seus postos de saúde com cirurgiões buco-maxilares. Uma loucura que é real e antiga. Já na época de Imbassahy (1997-2004) isso existia e nós (eu inclusive que era secretário de Comunicação) mascarávamos esse número na divulgação para não assustar a população.
19. E, internamente, numa das reuniões, chegou a ter uma dicussão entre o secretário de saúde do Estado, José Maria Magalhães, e a secretaria de Segurança, Kátia Alves, pois, muitos casos vão parar nos hospitais do estado pela maior complexidade, fora do circuito do Carnaval, mas, na verdade gerado dentro dele.
20. O Carnaval Pipoca é uma invenção recente que os artistas (os mais beneficiados) estão adorando porque ganham da PMS e do Estado não investem em blocos e outras estruturas e ganham fortunas.
21. E como a população vê esse Carnaval Pipoca? É um embaralhamento na cabeça das pessoas quem é quemm. Isto é, quem é bancdo pela PMS; e quem é bancado pelo Estado. E, no fundo, o folião (o que brinca) não está nem ai para esse detalhe. Ele quer brincar. Mas também tem a expsição da midia na TV, nos balões, etc, e isso conta, mas não saberia dizer quem leva melhor nessa disputa, se Rodrigues ou Reis.
22. No âmbito dos blocos afro a TVE deu uma boa contribuição na divulgação desses grupos, mas, também está se rendendo ao Carnaval mais amplo porque a audiência está acim disso e já instalou sua estrutura no circuito Barra-Ondina onde há uma predominância dos grupos não-afros de olho, também, nos pipocas e nas marcas do governo. Tudo tem sentido.
22. Bem, no geral, creio, Reis ainda leva vantagem para Rodrigues, porém, se o governo não investisse era pior. Do ponto de vista civilizatório os dois não se bicam de maneira alguma e até na abertura do momo um ficou separado do outro por uma guitarra de isopor, pelo rei momo e pela vice-prefeita Ana Paula. (TF)