Uma duola vitória que não acontecia há 20 anos
Tasso Franco , Salvador |
06/11/2024 às 13:46
Trump fala a eleitores
Foto: REP
A vitória rápida e ampla de Donald Trump marcou o resultado da eleição dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6). O republicano venceu tanto nos votos populares quanto em número de delegados — pela primeira vez em 20 anos.
Abocanhou todos os estados-chave, segundo projeção da agência de notícias Associated Press. E ainda avançou em redutos tradicionalmente democratas.
O desempenho, após meses de pesquisas que apontavam uma disputa acirrada e um cenário incerto, surpreendeu o próprio comitê de Donald Trump, segundo o jornal "The New York Times".
O candidato republicano venceu em duas frentes: tanto no número total de votos populares quanto no Colégio Eleitoral, o sistema de contagem de votos que é utilizado pelos EUA para declarar um vencedor.
Até a última atualização desta reportagem, Trump havia conquistado 277 delegados, sete a mais que o número necessário para se eleger (veja tabela acima). Na votação popular, o republicano havia conquistado 71.627.212 votos, mais que os 66.793.716 votos de sua adversária, a democrata Kamala Harris.
Há 20 anos, um candidato republicano não tinha uma vitória "dupla" — a última vez que isso aconteceu foi quando o ex-presidente George W. Bush se elegeu, em 2004.
Na prática, vencer nas duas frentes não faz diferença para a eleição de um candidato. Mas o desemepnho duplo tem também um peso simbólico: mostra que o republicano teve também apoio amplo da população, e não venceu apenas por meio dos complicados cálculos da eleição norte-americana.
Nos EUA, é apenas o número de delegados — espécies de representantes dos eleitores que refletem o resultado dos votos populares — que determina quem vencerá o pleito. Cada estado tem um número específico de delegados, e todos eles vão para o candidato que tiver o maior número de votos em cada estado.
Foi exatamente o que ocorreu na primeira vitória de Trump, em 2016. Na ocasião o republicano derrotou a então candidata democrata, Hillary Clinton, apenas no Colégio Eleitoral. Ou seja: a democrata conquistou mais votos numericamente — se os EUA tivessem uma eleição direta, como o Brasil, Hillary teria vencido.
Neste ano, pesquisas de intenção de voto sugeriam que o mesmo poderia acontecer. Na maioria delas, Kamala aparecia ligeiramente à frente de Trump nas intenções de voto nacionais, mas em situação de empate técnico nos estados-chave.