Política

PROGRAMA PÉ-DE-MEIA É RELANÇADO EM SALVADOR COM PRESENÇA DE LULA

Com informações do Jornal de Brasília
Tasso Franco , da redação em Salvador | 17/10/2024 às 18:20
Lula no lançamento do programa em janeiro
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Uma das principais vitrines do governo Lula (PT), o programa Pé-de-Meia, de bolsas para alunos do ensino médio, tem sido relançado diversas vezes mesmo sem a necessidade de novas adesões por parte de secretarias estaduais. A empreitada incluiu uma turnê pelo Brasil do ministro da Educação, Camilo Santana.

O Pé-de-Meia foi lançado oficialmente em 26 de janeiro, em Brasília, com a presença do presidente e de Camilo. Depois, foi tema de outras 20 cerimônias oficiais, incluindo a que foi realizada nesta quinta-feira (17) em Salvador.

Entre esses eventos, estão 17 “lançamentos regionais” do programa, com viagens de Camilo a estados de todas as regiões do país. Lula não participou dessas agendas, mas esteve nos outros três eventos relativos ao programa: o anúncio do pagamento da primeira parcela do benefício e dois anúncios de expansão.

As passagens e diárias associadas às demais agendas custaram ao menos R$ 500 mil ao Ministério da Educação, segundo dados do Portal da Transparência. Os gastos são relacionados ao ministro, comitivas oficiais e convidados.

A conta não contempla a cerimônia em Salvador desta quinta (16). As informações ainda não estão disponíveis.

O MEC (Ministério da Educação) foi procurado, mas não respondeu à reportagem. Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que “o programa e sua divulgação ampla são parte de estratégia de valorização da educação e de combate à evasão no ensino médio”.

O relançamento do mesmo programa em ano eleitoral ocorre enquanto o MEC patina para destravar obras paradas de educação. Lula planejava fazer inaugurações de escolas pelo país, objetivo até agora frustrado.

Em abril, a Folha noticiou que nenhuma das 3.783 obras de educação básica paradas em todo país havia sido reiniciada. Seis meses depois, 181 obras (5% do total) foram concluídas e 663 estão em andamento, segundo sistema de acomphamento. Outras 258 foram canceladas.

O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) diz, em nota, que a execução, construção e entrega das obras cabe aos estados e municípios. O órgão acrescenta que presta assistência técnica e financeira para que elas sejam executadas, bem como acompanha e monitora o avanço dos processos de acordo com dados disponibilizados pelos entes.

O objetivo do programa é combater a evasão escolar de alunos pobres no ensino médio. Alunos de famílias beneficiárias recebem uma bolsa mensal de R$ 200 para não sair da escola, e não há necessidade de cadastro ao programa.

O incentivo ainda prevê uma poupança com depósitos anuais, de R$ 1.000, cujo valor total só poderá ser sacado ao fim do ensino médio, caso o estudante permaneça na escola.

Se o aluno concluinte da etapa ainda participar do Enem, há previsão de mais um pagamento, de R$ 200. Assim, o valor, ao final dos três anos, pode chegar a R$ 9.200.

O Pé-de-Meia foi criado para atender 2,5 milhões de estudantes de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família. Em agosto, o governo anunciou uma expansão para chegar a todos os jovens de famílias inscritas no CadÚnico (Cadastro Único), sistema que é a porta de entrada dos programas sociais do governo.

Assim, foram incluídos mais 1,2 milhão de estudantes. Para atender todos os beneficiários, o custo para 2024 é de R$ 8 bilhões.

A ideia da poupança aos estudantes do ensino médio para tentar conter a evasão escolar foi uma promessa de campanha da ex-presidenciável e atual ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), que foi incorporada por Lula durante o segundo turno das eleições, quando ela apoiou a candidatura do petista.