Política

ELEIÇÕES NÃO ABALARAM BASE DE JERÔNIMO, MAS TEM NOVOS ATORES (TF)

Ainda vale a tese que foi defendida e praticada por Waldir Pires, em 1986, para vencer a eleição de governador contra o poderoso carlismo (de ACM). Isto é, se não dá para conquistar os "currais eleitorais" vamos nos aliar a eles.
Tasso Franco ,  Salvador | 08/10/2024 às 11:28
Ronaldo Carletto, do Avante, entra no cenário para 2026 com 60 prefeitos
Foto: CF
      O resultado das eleições municipais da Bahia devem ser observados com lupa de visibilidade ampliada para dar um 'start' aos ritos iniciais de 2026. Nem precisa dizer que o União Brasil deseja ocupar o Palácio de Ondina. Isso é óbvio e consensual. E nessa nova trajetória que não obteve êxito, em 2020, surgiram alguns novos indicadores no 'ronco das urnas' que devem ser analisados por ambos os lados.

   A balança das forças, mesmo com o avanço do UB nos grandes colégios eleitorais, em tese, mais esclarecidos e com poderes de informações das populações mais abrangentes, o quadro não se modificou (ainda) na base aliada do governador Jerônimo Rodrigues, que continua forte e poderosa. 

   Mas, como se diz que, cada eleição é uma eleição diferenciada da outra, é preciso esperar o andar da carruagem para verificar se peças vão se mover em direções que possam abalar a base.

   Vale, portante, e ainda, a tese que foi defendida e praticada por Waldir Pires, em 1986, para vencer a eleição de governador contra o poderoso carlismo (de ACM). Isto é, se não dá para conquistar os "currais eleitorais" vamos nos aliar a eles. 

   E foi assim que Waldir fez aliando-se a Nilo Coelho, Jutahy Magalhães, Ruy Bacelar, LVF e outros. O que foi repetida a mesma fórmula por Jaques Wagner, em 2006, ainda contra ACM, cooptando Otto Alencar, João Leão, Angelo Coronel, Paulo Magalhães e outros.

   E esse esquemão tem sido mantido por Wagner, Rui Costa e Jerônimo e não há sinais de fissuras, como em 2022, com João Leão e Marcelo Nilo deixando essa base. Mas, ainda é cedo para se saber se outras mudanças ocorrerão.

    Uma coisa é certa: ACM Neto e Bruno Reis só terão sucesso, em 2026, se conseguirem novas dissenções na base petista que sofreu uma baixa diante da aventura com Geraldo Jr, mas segue forte no interior.

   O PSD de Otto Alencar e Angelo Coronel elegeu 115 prefeitos (tinha 108), portanto, se fortaleceu ainda mais nos chamados "currais eleitorais", hoje, distintos da época de ACM, mas ainda assemelhados. 

   Em segundo lugar surgiu o Avante, liderado pelo ex-deputado federal Ronaldo Carletto, que elegeu 60 prefeitos (tinha 4). Eis, portanto, um novo personagem no proceso e que, certamente, vai querer um lugar no pódio. Mas, sabemos, o pódio não cabe todos. Daí que esse é um nome a ser conversado. E muito.

   O PP que hoje é dirigido por Mário Negromonte Jr caiu de 92 para 42 prefeitos. Mas, não está morto. E tem Leão e seu filho Cacá e cresceu na capital e na RMS. 

   O MDB dos irmãos Vieira Lima foi outra grande surpresa desta eleição elegendo 32 prefeitos (tinha 12) mas observando-se melhor a questão alguns tiveram apoios de Jerônimo e do governo inclusive em base bolsonarista como foi o caso de Serrinha. O prefeito Adriano Lima não poderia colocar o candidato dele no PT e abrigou-o no MDB. Mas, nem ele nem o candidato, nunca foram emedebista. 

   Em Jacobina, acnteceu outro caso 'sui-generis', o governador rompeu com a base que o apoiou, o prefeito Tiago, do PCdoB, e apoiou Valdice, única eleita do PMB.

   Parecem casos isolados mas são mais amplos do que se imagina. O PT, por posto, subiu de 32 para 49 prefeitos, mas perdeu em densidade eleitoral. A direção do partido enaltece que teve 80% votos em Aporá. 

   Vê-se, pois, a migração do PT para os "currais" e voltemos a Waldir x ACM de como é importante os votos desses locais porque são diferenciados: 80% x 20%. Quanto se somam 100 municípios desse porte faz-se a diferença. E Lula ganhou a eleição, em parte, graças a esse eleitorado do Nordeste.

   O União Brasil, liderado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, avançou pouco de 37 para 39 prefeitos. Considerando, no entanto, que são opositores de Lula-Rui-Wagner-Jerônimo um feito e tanto
e se mantém fortissimo nos grandes colégios eleitorais, especialmente na RMS. Mas, numa votação em nível estadual será diferente, porque Gerlado Jr não deverá ser o candidato a governador. 

   Mas, também é patente, que os irmãos Vieira Lima querem um lugar ao sol. Há, ainda, a eleição em Camaçari o que poderaá trazer o "sapo barbudo" (apelido dado a Lula por Brizola) a RMS até para pagar uma dídiva com seus correligionários e com a Bahia que lhe dá mais do que recebe. 

   Camaçari tornou-se emblemático embora o eleitorado esteja 50x50, mas se Caetano ganhar, derrubará o UB e passa a ser um personagem diferenciado na base governista e no PT. 

   Como vimos acima há novos atores no processo para 2026 e também os antigos, também chamados de "muletas" pois, segundo a narrativa politica dos últimos anos na Bahia só sevem para apoiar e nunca para serem apoiados, salvo, como aconteceu agora em Salvador quando o PT não tinha sequer um nome para apresentar. (TF)
 


Desempenho dos partidos na Bahia na eleição de prefeitos, excluindo Camaçari:

PSD – 115
Avante – 60
PT – 49
PP – 41
União Brasil – 39
MDB – 32
PSB – 24
PCdoB – 15
PSDB – 9
PDT – 8
Podemos – 6
Republicanos – 5
PV – 4
Solidariedade – 4
PRD – 3
PMB – 1
PL – 1