Política

FRANÇA EM AGITAÇÃO POLITICA COM ELEIÇÕES LEGISLATIVAS ANTECIPADAS

A direita avança na Europa e o presidente da França, Emmanuel Macron resolveu antecipar as eleições legislativas
Tasso Franco ,  Salvador | 10/06/2024 às 12:31
Marion Maréchal, sobrinha de Marine Le Pen, eleição para o Parlamento Europeu
Foto: CYRIL BITTON
  A França passa por um momento de turbulência política com a decisão do presidente Emmanuel Macron de antecipar as eleições legislativas diante avança da direita na União Europeia.  Os partidos radicais tiveram o seu melhor desempenho na Câmara europeia e abocanharam quase um quarto dos assentos.

  Macron reagiu rapidamente e convocou eleições legislativas para o fim do mês, numa aposta que põe em risco a segunda metade do seu mandato presidencial. O presidente francês decidiu pagar para ver. 

Caso o Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, confirme uma nova vitória interna e ganhe mais espaço na Assembleia Nacional francesa, Macron terá de enfrentar uma coabitação indesejável com um primeiro-ministro de extrema direita — possivelmente o líder do partido, Jordan Bardella, de 28 anos, o cabeça de lista do RN. A médio prazo, até as eleições de 2027, isso teria um efeito paralisador no governo e tornaria o RN também impopular.

As eleições europeias consolidaram a sexta vitória consecutiva do bloco de centro-direita, o Partido Popular Europeu, mas desta vez com um desvio acentuado para a direita. Espera-se desse novo Parlamento posições mais duras contra a imigração e contra iniciativas que combatam as mudanças climáticas, já que o bloco verde também sofreu grandes derrotas.

  Segundo o Le Monde, Marion Maréchal encontra Jordan Bardella e Marine Le Pen na sede do RN no dia seguinte às eleições europeias e à dissolução da Assembleia Nacional, em Paris.

O topo da lista da Reconquista! – que obteve 5,5% dos votos expressos no domingo durante as eleições europeias – Marion Maréchal, recém-eleita para o Parlamento Europeu, chegou à sede do Rally Nacional (RN), partido do qual saiu com força em 2022. Ela deve encontrar-se com a sua tia, Marine Le Pen, e com o presidente do partido, Jordan Bardella, para uma reunião sobre as eleições legislativas antecipadas convocadas por Emmanuel Macron.

A liderança do seu partido, com quem está em desacordo, não foi informada desta reunião, disse Stanislas Rigault, membro do conselho executivo do Reconquête!, ao Le Monde. Já na noite de domingo, Marion Maréchal anunciou que queria encontrar-se com os dirigentes do RN, felicitando-se por não os ter atacado durante a campanha europeia. Uma decisão reprovada por Eric Zemmour e outros estrategas do partido de extrema-direita.

Bernard Cazeneuve apela a uma “reunião da esquerda do governo”

“Em circunstâncias históricas graves, onde o pior é possível, a esquerda precisa de clareza de valores e de alianças”, declarou o ex-primeiro-ministro holandês Bernard Cazeneuve no X, um dia após a vitória do Rally Nacional (RN) nas eleições europeias. com 31,5% dos votos, muito à frente do campo presidencial.

Mantendo notoriamente uma linha anti-Nupes, este último apelou à unidade da esquerda, parecendo excluir La France insoumise, declarando que “chegou o momento para a mobilização da esquerda do governo, e mais além, de todos os republicanos fervorosos para afastar o caos. ”

O coletivo #NousToutes e outras associações feministas apelam à “união da esquerda”

As associações feministas apelaram na segunda-feira à união da esquerda durante as eleições legislativas antecipadas para vencer a extrema-direita, o que representa, segundo elas, uma ameaça aos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+.

“Para as mulheres, pessoas LGBTQIA+, crianças e grupos marginalizados, a ascensão ao poder da extrema direita em 7 de julho não se resumirá mais a questões de direitos, mas sim de sobrevivência”, escreve o coletivo #NousAlles. “Chega de questão de “bloqueio”, é a união da esquerda que exigimos”, para “uma coabitação feminista, social, antirracista, ecológica”, sublinha num comunicado de imprensa.