André Janones se denunciou em gravação feita por jornalista
Tasso Franco , da reda��o em Salvador |
27/11/2023 às 19:31
André Janones
Foto: Ag Câmara
A oposição vai acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Conselho de Ética da Câmara contra o deputado André Janones (Avante-MG). Em áudios, aos quais a coluna teve acesso, Janones foi flagrado cobrando parte dos salários de seus servidores para pagamento de despesas pessoais. A “rachadinha”, como é chamada a conduta adotada por Janones com seus servidores, configura prática de enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público.
Nesta segunda-feira (27/11), após a divulgação dos áudios pela coluna, o deputado Nikolas Ferreira afirmou que já entrou em contato com a liderança do PL para debater o assunto.
O QUE ACONTECEU
O deputado federal André Janones (AVANTE-MG) solicitou que os assessores de seu gabinete, na Câmara dos Deputados, destinassem uma parte de seus salários para custear suas despesas pessoais. A prática, conhecida como "rachadinha", configura enriquecimento ilícito, dano ao patrimônio público e pode resultar em inelegibilidade, de acordo com o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Aúdio obtidos pelo portal Métropoles mostram o deputado dizendo como pretendia gastar os valores provenientes dos salários dos servidores públicos lotados em seu gabinete. “Casa, carro, poupança e previdência”, disse em áudio.
A reunião com assessores aconteceu nas dependências da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do partido Avante, ao qual Janones pertence. Em outro trecho do áudio, Janones busca sensibilizar os servidores.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, tentou convencer Janones.
O deputado prosseguiu: “O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, afirmou.
Na sequência, Janones alegou que não seria legítimo os assessores ficarem com 100% de seus salários: “Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”.