Política

WAGNER ATROPELA RANDOLFE E SEU VOTO A FAVOR DA PEC DO STF FOI CRUCIAL

Graças a Wagner, Otto Alencar e Angelo Coronel também votaram a favor da PEC (Com informações do Globo.com)
Tasso Franco ,  Salvador | 23/11/2023 às 12:49
Jaques Wagner na berlinda
Foto: Geraldo Magela, Ag Senado
   O voto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner, a favor da PEC que limita o poder do Supremo Tribunal Federal (STF), pegou ministros de surpresa e provocou um racha na liderança do governo, segundo analise do Globo.com.

   Um ministro de Lula qualificou Jaques como “o grande algoz” da votação. “Se tivesse sido jogo combinado, tudo bem, mas não foi. Ninguém entendeu nada.”

A matéria foi aprovada com 52 votos favoráveis, três a mais do que o necessário. À exceção de Jaques, todos os petistas votaram contra a proposta.

O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) trabalhou intensamente nos últimos dias para barrar a proposta, mas a posição de Jaques foi decisiva para a aprovação da matéria.

A avaliação entre os parlamentares governistas é que a postura de Jaques arrematou até cinco votos favoráveis de senadores do PSD, entre eles de Otto Alencar (BA), Mara Gabrilli (SP) e Angelo Coronel (BA).

Houve casos de senadores que estavam propensos a votar contra a matéria, mas não compareceram à sessão, como Omar Aziz (AM). O partido do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, que tem a maior bancada, rachou durante a votação.

Pacheco e seu aliado, Davi Alcolumbre (União-AP) fazem movimentos para obter apoio da oposição e foram os patrocinadores da PEC que limita os poderes do Supremo.

Uma situação que exemplifica a falta de coordenação do governo envolve o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que se exonerou do cargo só para votar a PEC. Fávaro votou “não” nos dois turnos, enquanto o líder do governo votava “sim”.

A posição de Jaques surpreendeu até mesmo ministros palacianos. Ministros do Supremo também relataram que foram pegos de surpresa. Um magistrado avalia que pode ser um ponto de inflexão na relação do STF com o governo Lula.

CASO RUMOROSO

O apoio declarado do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), à proposta que ataca poderes de ministros do Supremo Tribunal Federal desencadeou uma onda de críticas dentro da Esplanada dos Ministérios ao que foi classificado como, no mínimo, uma "operação imprudente".

A avaliação de integrantes do PT e da base governista é a de que Wagner não só cometeu um erro ao ter votado a favor da ofensiva contra o Supremo, como também ajudou a virar votos de indecisos que estavam na mira do Planalto para conter o revés à Corte.

Dentro do STF, o clima é de irritação. Ministros afirmam que o diálogo com o governo estará comprometido enquanto Jaques estiver na liderança no Senado.
A avaliação de aliados do senador é a de que ele teria tentado fazer um gesto a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, apoiando a ofensiva, de olho na agenda econômica que está em tramitação na Casa.

Mas o tiro pode ter saído pela culatra. Um aliado de Lula lembra que, só um caso que está em pauta no STF poderia representar uma poupança de cerca de R$ 1 trilhão. "Haddad está desolado. A segunda perna da agenda econômica está no Judiciário".