Três dos ministros que viajaram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Cuba concederam uma entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, 15/9, sobre a retomada das relações e cooperação entre os dois países. A delegação participará da Cúpula do G77 + China que acontece em Havana, e também realiza a primeira visita oficial do Brasil ao país desde 2014. "Nesse acordo [com o Ministério da Saúde cubano], o Brasil pôde entrar na linha dos biofármacos, medicamentos complexos. Nós tivemos a possibilidade da incorporação tecnológica da alfaepoetina, concluída pela Fiocruz. É um marco, porque permitiu que o Brasil entrasse num campo tecnológico de ponta” A ministra Nísia Trindade (Saúde), juntamente com a ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) e o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), falou sobre a reconstrução da cooperação Brasil-Cuba, que pode render frutos importantes. Ela destacou um acordo fechado com o Ministério da Saúde cubano. “Nesse acordo, o Brasil pôde entrar na linha dos biofármacos, medicamentos complexos. Nós tivemos a possibilidade da incorporação tecnológica da alfaepoetina, concluída pela Fiocruz. É um marco, porque permitiu que o Brasil entrasse num campo tecnológico de ponta”, explicou a ministra Nísia. Segundo ela, o Brasil também retoma com Cuba acordos para desenvolver produtos de maneira conjunta, inovações nos campos de vacinas, de medicamentos para doenças crônicas como Alzheimer e diabetes, até novos medicamentos para gastrite com base no uso de cana de açúcar. “É todo um campo de inovação que eu quero demarcar aqui. A importância desse acordo é que o Brasil se beneficia de um conhecimento de ponta que Cuba desenvolveu, investimentos de anos nessa área. Nesse desenvolvimento conjunto, o Brasil entra com sua expertise em pesquisa clínica e a sua capacidade de produzir em escala, em laboratórios públicos e laboratórios privados”, contou. GANHA-GANHA – A ministra Luciana Santos (MCTI) complementou lembrando que o Brasil gasta muito dinheiro atualmente com importação de remédios, uma situação que o acordo pode ajudar a transformar. “Eles atuam na área de investigação de doenças raras, diabetes e na fabricação de fármacos, que é uma das questões desafiadoras para o Brasil. Na balança comercial brasileira, nós temos um déficit de US$ 20 bilhões de dólares (com medicamentos). Então, tudo o que vier agregar desenvolvimento, pesquisa, conhecimento tecnológico é o que nos interessa. Por isso essa lógica do ‘ganha-ganha’ é tudo o que nós desejamos”, completou ela. A ministra também afirmou que a intenção do governo brasileiro é que o memorando de entendimento firmado em 2002 com o governo cubano seja retomado, com a indicação de um novo comitê gestor, para que a cooperação bilateral volte a ser a tônica das relações. A quarta e última reunião desse comitê foi em 2010. “Nós queremos retomar, não só na área do complexo industrial de saúde, mas em outras áreas mais abrangentes, como a bioeconomia. Queremos fazer uma nova reunião do comitê em 60 dias. É uma relação em que a gente aprende e aquilo que a gente tem mais expertise a gente oferece, a gente procura uma lógica de cooperação e parceria saudável, que faz com que a gente encontre soluções pro Brasil e pra Cuba”, explicou a ministra.
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