Com informações do Correio Braziliense
Tasso Franco , Salvador |
10/01/2023 às 08:21
Lula em caminhada
Foto: REP
No início da noite de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com governadores dos 27 estados para discutir ações conjuntas entre os governos estaduais e federal, com intuito de evitar que se repitam ou se espalhem as ações terroristas como as que atingiram, no domingo, a Praça dos Três Poderes. Em um gesto histórico e simbólico, Lula finalizou a reunião convidando todas as autoridades a caminharem até o prédio depredado do Supremo Tribunal Federal (STF) para "uma visita em solidariedade" à presidente da Suprema Corte, ministra Rosa Weber, e aos demais ministros.
O ato inédito foi acompanhado pela imprensa. As autoridades entraram nas instalações do Supremo para conferir os estragos e, em meio aos destroços, o presidente da República e os governadores lamentaram os ataques. Ao ser questionado se houve falha na segurança em Brasília, Lula disse que não irá procurar culpados.
"O que eu acho é que houve uma falha, porque ninguém esperava aquilo como aconteceu. Foi um ato de vandalismo. Afinal de contas, nós tínhamos tido no domingo anterior a maior festa democrática que Brasília teve conhecimento. Jamais alguém esperava", disse o presidente em frente ao STF, cercado pelas autoridades dos Três Poderes.
Lula disse acreditar que mesmo os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não devem concordar com os atos. "As pessoas decentes, que são de direita, mas que têm apenas divergência ideológica, que têm caráter, são pessoas que têm interesse pelo Brasil, eu acho que essas pessoas não concordam com o que aconteceu aqui. O que aconteceu aqui deve ser apenas interesse de uma pequena minoria, um bando de vândalos, um bando de bandidos que fizeram isso, e nós vamos descobrir, mais cedo ou mais tarde, quem financiou", frisou.
O presidente disse ter fé de que nada parecido aconteça novamente. "Eu acho que isso não voltará a ocorrer num futuro próximo, porque, a partir do que a gente viu aqui, eu acho que todos nós temos a obrigação de fortalecer a democracia, e isso vai acontecer", concluiu.
Em frente ao Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso repudiou os atos de vandalismo e disse que a caminhada conjunta das autoridades até o STF representa a pluralidade. "Acho que representa a pluralidade que esteve presente na reunião de todos os governadores, representa um país que precisa se reerguer depois de um momento extremamente destrutivo que nos envergonhou perante o mundo. Pessoas que se apresentam como patriotas e envergonham a pátria, pessoas que se apresentam em nome de Deus que evidentemente não merecem o reino dos céus. Até o Cristo essa gente que fala em Deus arrancou da parede e jogou no chão", comentou.