COP 27 vira piada diante do que a Rússia faz na Ucrânia
Tasso Franco , Salvador |
18/11/2022 às 09:53
A Ruússia bombardeia alvos civis
Foto: DN AFP
Mais de 10 milhões de ucranianos estão privados de eletricidade após uma nova onda de bombardeios russos, no momento em que o inverno começa a assolar uma população exausta por quase nove meses de guerra, informou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nesta quinta-feira (17).
"Atualmente, mais de 10 milhões de ucranianos estão sem eletricidade", disse Zelensky à noite, especificando que as regiões de Odessa (sul), Vinnytsia (centro), Sumy (nordeste) e Kiev (norte) foram as mais afetadas.
Mais cedo, Zelensky denunciou "outro ataque terrorista russo".
"Dezenas de mísseis esta manhã. Os locais civis são o principal alvo. A Rússia está em guerra contra a eletricidade e calefação do povo, explodindo centrais elétricas e outras instalações energéticas", declarou Zelensky durante um fórum econômico.
A Rússia afirmou que o sofrimento dos civis na Ucrânia é "a consequência" da recusa de Kiev em negociar.
A Ucrânia já foi atingida na terça-feira por uma série de ataques que deixaram cerca de 10 milhões de ucranianos sem eletricidade por várias horas, de acordo com as autoridades de Kiev.
IMPASSE DAS PERDAS E GANHOS
As negociações da conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima, previstas para terminar nesta sexta-feira no Egito, serão prorrogadas até sábado, anunciou hoje a presidência do evento. As conversas estão travadas, e o impasse está em um mecanismo de compensação às perdas sofridas pelos países mais vulneráveis aos impactos climáticos.
— Continuo comprometido a levar esta conferência ao final amanhã, de maneira ordenada — disse o chanceler egípcio e presidente da COP27, Sameh Shukri.
“Perdas e Danos”, como é chamado o tópico, é o grande tema da COP27 e um dos mais difíceis de solucionar. Pequenas ilhas e países mais vulneráveis pedem compensação pelos danos causados pelo avanço do nível do mar em seus territórios, chuvas torrenciais e secas, desde 1992, quando se criou a convenção do clima. Não emitem praticamente nada, mas sofrem muito com o problema.
Na quinta-feira à noite, a União Europeia (UE) lançou uma proposta de compromisso. Em plenária, Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, disse que o bloco concorda em criar um fundo de Perdas e Danos desde que limitado apenas a “pequenos países vulneráveis”, e que outros países em desenvolvimento também têm de contribuir.
— O bloco quer mostrar que são construtivos, mesmo sabendo que a proposta será rejeitada. A intenção é dividir o G77 — diz um observador.
Esta semana, o grupo dos países em desenvolvimento conhecido pela sigla G77 (e que reúne 134 nações) formalizou a proposta que seja criado na COP27 um fundo ou um instrumento para que, em dois anos, o processo comece a funcionar. Pediram um “sinal político”, que um mecanismo de “Perdas e Danos” seja criado na COP do Egito para decolar em 2024. A ideia não foi bem recebida pelos países ricos.
John Kerry, enviado especial da Casa Branca para Clima, disse em bilaterais durante os últimos dias em Sharm el-Sheikh que os EUA bloqueariam qualquer decisão de um fundo para “Perdas e Danos”.