1. Por 11 a 4, a executiva estadual do PSOL decidiu pela participação do partido na transição para o Governo Jerônimo Rodrigues (PT). A sigla, que se reuniu neste domingo (13), salientou que o apoio no segundo turno ao candidato vencedor do pleito se deu “de forma crítica” e com o intuito de “impor uma derrota à candidatura do Carlismo”. Na disputa pelo Governo do Estado, o partido foi representado por Kleber Rosa, que ficou na quarta posição nas eleições.

  2. “Após as eleições de 2022, a tarefa que se nos impõe é a manutenção das trincheiras de luta contra o Bolsonarismo. Foi assim que o PSOL aprovou o apoio a Lula estabelecendo pontos essenciais para a manutenção de uma política de independência partidária, mas a construção de uma sociedade democrática”, disse o PSOL em nota enviada à imprensa.

  3. A aprovação ocorreu por onze a quatro, tendo 73% votado pela participação na equipe de transição do governo, contra 27%. Garantiram a aprovação a presidente Elze Facchinetti, Ronaldo Mansur, a vereadora Laina Crisóstomo, o ex-presidente Fábio Nogueira, o Professor Max, Kleber Rosa e Dayvison. Votaram contra o grupo os articulados e o deputado Hilton Coelho.

  4. Segundo o partido, a participação do PSOL na transição terá o objetivo de inserir no programa do governo eleito questões colocadas pelo partido no documento entregue ao governador Jerônimo Rodrigues.

  5. Em um segundo momento, a partir da avaliação do desempenho da equipe de transição, o partido pautará a discussão sobre a participação no governo. O PSOL indicará, ainda, representantes para a composição da equipe, sob a coordenação da presidência, e colocará especialistas à disposição dos grupos de trabalho.

  6. COMENTÁRIO: a possibilidade do PSOL também integrar o governo Jerônimo com cargos é real uma vez que, se a maioria da Executiva do partido decidiu participar da Transição, se houver esse aceno, provavelmente, noutro encontro mais adiante, essa maioria vote por aceitar os cargos. 

  7. A questão é complexa porque o PSOL só tem um representante na Assembleia Legislativa, Hilton Coelho, reeleito em 2022 com 45.491 votos quase a mesma quantidade que o candidato a governador Kleber Rosa obteve (48.259 votos). Hilton é conhecido como o "deputado da resistência" e pelo que se conhece de sua atuação na Assembleia durante o 1º mandato foi um crítico muito firme em relação ao governo Rui Costa e, recentemente, enviou uma nota à imprensa afirmando que a gestão petista foi marcada por violência contra os negros. Veja trechos da nota abaixo:

  8. (Nota de 11/08) O deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) se pronunciou a respeito do que circula na imprensa e no meio político que o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) assumirá cargos no governo de Jerônimo Rodrigues. “Essa discussão ainda não foi pautada nas instâncias partidárias. 

  9. Quando isso ocorrer, a posição que defenderemos será contrária a qualquer composição na estrutura governamental da futura gestão. No momento em que declaramos apoio à candidatura petista no segundo turno deixamos evidente que era um apoio crítico. Naquela oportunidade, lutávamos para impedir o mal maior, representado na ameaça de retorno do carlismo ao governo estadual, contando ainda com o apoio dos segmentos do bolsonarismo”, afirma o parlamentar.

  10. Hilton Coelho destaca que “nunca nos dispomos a participar do governo porque temos profundas discordâncias com os rumos da gestão petista que foi marcada pela violência contra a juventude negra e pela retirada de direitos de servidoras e servidores estaduais, em especial na área da educação. Impossível esquecer o descumprimento dos planos de carreira e desrespeito às entidades classistas, como foi no caso emblemático dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), no qual o governador desconsiderou a pauta do movimento e retirou dinheiro da parte que era por direito da categoria”.

  11. Hilton, portanto, está fora da transição e certamente também estará distantes dos cargos se, de fato, o PSOL tiver. 

  12. Qual será seu comportamento na Assembleia se isso acontecer? Não podemos antecipar algo que ainda não aconteceu. É esperar.