Política

PAPEL DE ROMA NAS ELEIÇÕES E OS 2 SAPOS QUE NETO TEM QUE ENGOLIR (TF)

A sobrevivência de ACM Neto no segundo turno depende de Bolsonaro, de Roma e da Dra Raissa
Tasso Franco ,  Salvador | 04/10/2022 às 11:15
Bolsonaro e Roma
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   Nosso comentário político de hoje é sobre o papel de João Inácio Ribeiro Roma Neto (João Roma - PL) nas eleições para governador da Bahia, 2022. 

   Como é do conhecimento público, Roma é pernambucano natural de Recife que se estabeleceu em Salfador, em 2002. Advogado por formação universitária, empresário, prestou serviços de informática ao grupo político de ACM, nos primórdios baianos. Casado com a baiana Roberta de Araújo Costa, com quem tem dois filhos, colocou-a na política substituindo-o na Câmara Federal, eleita pelo PL.

   Na sua origem política, Roma foi militante do PFL jovem de Pernambuco, em 1993, participou do movimento pela juventude partidária, sendo o primeiro presidente do PFL jovem. Foi assessor do Ministério da Administração 1995 a 1998; delegado do MEC NE 1999 a 2002; chefe da ANP Savador 2002 a 2004; chefe do gabinete da Prefeitura de Salvador de 2013 a 2018, gestão ACM Neto, eleito em 2012 prefeito da capital.

   Durante o periodo que esteve na Prefeitura de Salvador particpou da implantação de projetos nos bairros, tornou-se cidadão da capital, em 2016, e pavimentou sua ascensão política como candidato a deputado federal elegendo-se, obviamente, com apoio de ACM Neto, em 2018, com 84.455 votos. Mas, ressalte-se, fez a sua parte e buscou votos no interior estabelecendo vínculos com lideranças regionais.

   Em Brasília, Roma vai se distanciar de ACM Neto. Quando Jair Bolsonaro foi eleito ppresidente, em 2018, Neto em segundo mandato na Prefeitura de Salvador, gestão concluida em 2020, esteve com Bolsonaro e dava sinais de que se alinharia politicamente com o novo governo. O que se viu, no entanto, foi um distanciamento de Neto com o governo Bolsonaro, configurada especialmente na eleição de Bruno Reis para prefeito da capital, em 2020, campanha cuja influência nacional não existiu. 

   Roma, no entanto, foi se aproximando do presidente da República e se destacava na Câmara como integrante da CCJ, eleito entre os 100 melhores parlamentares pelo DIAP. 

   Em 2021, foi nomeado Ministro da Cidadania pasta composta pela unificação do Ministério do Esporte e do Ministério do Desenvolvimento Social e sua estrutura básica é composta pela Secretaria Especial do Desenvolvimento Social;  Secretaria Especial do Esporte; Conselho Nacional de Assistência Social; Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família; Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza; Conselho Nacional do Esporte; Autoridade Pública de Governança do Futebol; Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, além do Conselho Nacional de Economia Solidária. 

  Um mundo. ACM Neto já fora da Prefeitura e pré-candidato a governador da Bahia, torceu o nariz. Ou seja, ao invés de se aliar a Roma, se distanciou ainda mais. 

   Com pasta política tão importante em mãos, Roma iniciou um périplo pelo Brasil, mas, especialmente na Bahia, implantando projetos CEUS e outros no interior do estado e fazendo sua cama política para ser candidato a governador. O rompimento com ACM Neto, portanto, dá-se em 2021. E Roma, com o direito constitucional de ser pré-candidato e pilotando uma máquina federal poderosa não deu bolas a Neto e tocou seu barco à frente.

  Creio que os leitores sabem o enredo dessa história mais recente. Roma mudou-se do Republicanos para o PL, se alinhou com Bolsonaro e candidatou-se a governador. ACM Neto ignorou-o. O PT, majoritário na Bahia, nem tanto. Diz-se que Roma teve alguns encontros com Wagner. A tese é simples: se tinha alguém a tirar votos de Neto o nome era Roma. Tem sentido. Roma nega e diz que sua aliança era unicamente com Bolsonaro.

  Com Neto órfão - sem candidato a presidente - e o petismo atrelado a Lula, o 13/13, Roma conseguiu seu objetivo em assegurar um palanque para Bolsonaro na Bahia e vice-versa, 22/22, obtendo 9.08% dos votos. É verdade que Bolsonaro teve mais votos do que Roma (24.31%) o que significa dizer que alguns bolsonaristas votaram em Neto, mas os 9% de Roma são mais de 700 mil votos e isso prejudicou Neto. Mas, se trata de um direito do candidato Roma.

  Neto também conseguiu alguns votos dos petistas uma vez que Lula, na Bahia, obteve 69.73% dos votos, enquanto Jerônimo 49.46%. 
 
   E agora, o que fazer no segundo turno? Para Neto, só há o caminho de apoiar Bolsonaro e ser apoiado por ele. Mas, obviamente, essa interlocução ainda que seja nacional com o União Brasil, passa por Roma.

   Ou seja, Neto tem que engoliar Roma goela abaixo. Lembram o que dizia Brizola do "sapo barbudo" em relação a Lula? Neto tem que engolir um sapo sem barba. Alias, dois, Roma e Bolsonaro. (TF)