Com informações do Correio
Da Redação , Salvador |
29/09/2022 às 14:14
ACM Neto, Ana Coelho e Cacá Leão no velório
Foto: Arrison Marinho/Correio
O corpo do subtenente da Polícia Militar Alberto Alves dos Santos, 51 anos, morto em uma ação da PM em Itajuípe, no sul da Bahia, está sendo velado no cemitério Bosque da Paz na manhã desta quinta-feira (29). O enterro está previsto para acontecer às 11h30.
Familiares, colegas de farda e amigos compareceram para se despedir de Alberto. O PM foi morto em uma ação da própria Polícia Militar que ainda está cercada de dúvidas. Ele estava em uma pousada com o sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, na véspera de um evento do candidato ACM Neto (União Brasil) em Coaraci, cidade próxima. Ambos faziam parte da equipe de segurança de Neto. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), outros PMs em busca de suspeitos foram até o local e houve uma troca de tiros (leia mais sobre a situação abaixo).
ACM Neto esteve presente para se despedir do subtenente, lembrando que o conhecia havia muitos anos e que ele já havia trabalhado na assistência militar da Prefeitura de Salvador, além de ter atuado na Casa Militar na época do governo de Paulo Souto. "Uma pessoa que tem história, um homem de bem, pai de família, perdeu sua vida e ninguém repõe. Ninguém vai devolver o subtenente Alves para seus filhos, esposa, seus pais. Recebemos com consternação terrível esse fato, porque nas horas livres o subtenente vinha trabalhando no suporte da nossa equipe", disse.
Neto pediu que a situação seja investigada com rigor. "Acima de tudo nesse momento precisamos que tudo seja esclarecido. Esse fato não está esclarecido. A versão oficial do comando da polícia não é verdadeira. Não houve confronto. Os policiais que sobreviveram já se pronunciaram. O subtenente foi brutalmente assassinado enquanto estava dormindo. Na ponta você tem uma operação policial desastrosa. Nada justifica o que aconteceu da forma que aqueles policiais agiram. Chegaram matando. E até agora não ouvimos falar de punições imediatas a esses policiais", acrescentou.
O capitão da PM Humberto Sturaro, que é candidato a deputado federal, esteve presente e afirmou que a Polícia Militar deve ter capacidade de assumir quando erra. "Óbvio que houve uma inteligência, uma informação totalmente errada. Temos que ter maturidade para saber quando erramos. Não é vergonha errar, não pode errar com má vontade, errar de propósito", diz.
"Erros involuntários acontecem, faz parte da instituição. Isso tem que ser um exemplo, temos que repensar nossas ações", acrescentou, afirmando que o episódio era "doloroso", mas encarar o que aconteceu é necessário para que não venha a acontecer novamente, "Claro que foi uma operação desastrosa, óbvio que não foi planejada. um companheiro à paisana nunca iria reagir contra uma ordem de um companheiro fardado", acrescentou.
Entenda o caso
Um subtenente da Polícia Militar identificado como Alberto Alves dos Santos, de 51 anos, foi morto por outros policiais militares em ação na cidade de Itajuípe, no sul da Bahia, no final da noite de terça-feira (27). O policial fazia parte da equipe de segurança de ACM Neto. Um sargento da PM também foi baleado e segue internado.
A SSP informou que a situação se originou com a busca por um assaltante de banco. Identificado como André Marcio Jesus, conhecido como Buiu, ele tem ligação com uma facção criminosa paulista e deixou o Complexo Penitenciário de Lauro de Freitas na terça às 13h30, com benefício de saída temporária, usando tornozeleira eletrônica.
Por volta das 14h30, Buiu rompeu a tornozeleira, quando estava na BR-324, perto de Candeias. A PM deu início nas buscas e quando as equipes estavam em Uruçuca, também no sul do estado, um assaltante de banco identificado como Bismark e um comparsa foram abordados e trocaram tiros com os militares. Os dois foram mortos. Buiú segue como foragido.
Nas buscas, os policiais foram informados sobre a presença de homens armados em um hotel em Itajuípe e foram até lá. No local, dois homens foram abordados e não reagiram. A SSP informou, no entanto, que outros dois homens, armados, reagiram quando os PMs se aproximaram. Segundo a pasta, dois soldados que estavam em serviço foram baleados na ação. No tiroteio, os dois homens que estavam no hotel, posteriormente identificados como policiais, também foram feridos e um deles morreu.
Os homens, identificados como o subtenente Alberto Alves dos Santos e o sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, foram socorridos. O subtenente não resistiu aos ferimentos e o sargento segue internado, mas sem riscos de morte.
Ambos estavam na cidade para compor a equipe de segurança do candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil), em evento no município de Coaraci, cidade vizinha de Itajuípe. Nas redes sociais, Neto lamentou a morte e suspendeu a agenda.
O comandante geral da PM diz que todo o caso será esclarecido. "Lamentamos o confronto. Estamos solidários às famílias e a determinação é que toda a ocorrência seja esclarecida. As armas foram recolhidas e o local do confronto preservado para a realização de perícia", disse o coronel Paulo Coutinho.
Sargento diz que policiais ‘entraram atirando’
O sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, que também faz parte da equipe de segurança do candidato ao governo da Bahia ACM Neto, relatou que estava dormindo quando foi alvejado. “Os policiais entraram quebrando as janelas e as portas, mesmo eu gritando o tempo todo 'sou polícia, sou polícia’", contou.
A vítima também informou que os PMs atiradores não prestaram socorro imediato e que ele precisou rastejar até a porta do hotel onde o grupo estava para buscar ajuda. “Eu implorei: ‘me dê socorro, por favor, me coloque na ambulância’. Ele me ajudou depois, mas de forma hostil”, disse a vítima.
O sargento disse que os policiais pegaram a arma dele e atiraram diversas vezes no quarto para insinuar um confronto.