Cidadãos, PP e Vox, que vão da centro direita à extrema direita, acusam o socialista de "traição". (Com informações do El País)
Da Redação , Salvador |
10/02/2019 às 18:24
“Eleições Já!”: direita espanhola mobiliza milhares nas ruas de Madri contra o Governo Sánchez
Foto: Eo País
Dezenas de milhares de pessoas – 45.000 de acordo com autoridades do Governo; 200.000 segundo os partidos presentes – compareceram neste domingo à concentração contra o primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, na praça Colón de Madri sob o lema "Por uma Espanha Unida. Eleições já!". Assim como ocorreu ao longo dos últimos dias, o presidente foi acusado de ter “traído”, “humilhado” e ter “esfaqueado pelas costas” a Espanha. Participaram do gigantesco ato os líderes do conservador Partido Popular (PP), Pablo Casado, do centro direitista Cidadãos, Albert Rivera, e do ultradireitista Vox, Santiago Abascal, que foram fotografados juntos pela primeira vez.
Na leitura do manifesto, pactado entre os partidos que convocaram o protesto (PP e Cidadãos) e o Vox, foi dito que Sánchez aceitou “as 21 exigências do separatismo” da Catalunha – apesar de que o Governo não reconheceu “o direito à autodeterminação” da Catalunha e não permitiu um “mediador internacional”, duas das exigências dos independentistas catalães para uma negociação que na sexta-feira foi dada por encerrada pelo primeiro-ministro.
No entanto, o Governo Sánchez atendera a uma das demandas e anunciou na última semana a figura de um "relator" nas negociações com os separatistas da Catalunha, que governam a região. Esse relator seria uma espécie de escrivão, responsável por registrar por escrito as discussões entre os partidos e o Governo espanhol sobre questão. Em jogo estava a aprovação do orçamento do Governo, rechaçado pelo PP e Cidadãos e dependente dos votos dos partidos separatistas que estão presentes na Câmara dos Deputados. Assim, a aceitação de um relator foi mal recebida pela direita espanhola, que acusou o governo Sánchez de traição e exigiu a convocação de eleições.
Dias depois, os partidos separatistas da Catalunha disseram que não votariam à favor do orçamento. Paralelamente, o Governo Sánchez disse que não aceitaria outras condições para a negociação, como o reconhecimento da autodeterminação do povo catalão. O Governo Sánchez então recuou e deu por finalizada as negociações. Tarde demais: a direita espanhola já estava se mobilizando para a manifestação deste domingo. Alguns partidos inclusive disponibilizaram transporte para os manifestantes que moram fora de Madri.
“O tempo de Pedro Sánchez acabou. Não cabe mais rendição socialista e chantagem independentista. Hoje começa a reconquista”, declarou Casado antes da leitura do manifesto. Rivera se expressou na mesma linha: “Estamos lotando a praça Colón. Existirá um antes e um depois dessa concentração. É o final de um mandato esgotado”. Abascal afirmou que “o golpe” na Catalunha deve “ser sufocado às últimas consequências”.
Os partidos que convocaram o protesto combinaram de não fazer atos políticos no palco e deixar que fosse a “sociedade civil” – três jornalistas subiram ao palco – a ler o manifesto. O PP se preocupava que um discurso político no palco desse maior protagonismo a Abascal, e Rivera aceitou que o formato fosse por fim o da leitura de um texto acertado entre todos. Os dois partidos se inquietavam, também, que os grupos de extrema direita que se somaram ao protesto, como a Falange Espanhola e as JONS, fossem à praça Colón com bandeiras anteriores à Constituição, mas sua presença passou despercebida.
“Compartilhamos a saturação da imensa maioria dos espanhóis pelo rumo suicida do Governo de Pedro Sánchez. Hoje estamos aqui reunidos para dizer ao Governo da Espanha que não estamos dispostos a tolerar mais traições e concessões àqueles que querem destruir nossa pátria”, leram os jornalistas no palco.