"As declarações do governador Rui Costa (PT) em relação ao destino dos imóveis públicos no centro Antigo demonstram sua visão elitista em não ver a região povoada pelo povo e sim destinada para uma chamada elite. As declarações divulgadas pela imprensa de que seu objetivo é entregar imóveis do governo do Estado localizados no Centro Histórico a redes hoteleiras internacionais e a outros empreendimentos, como escritórios de arquitetura merecem o repúdio da sociedade”, afirma o deputado estadual eleito Hilton Coelho (PSOL).
O governador Rui Costa esteve nesta segunda-feira (14) na região visitando as obras conduzidas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder). Elas são realizadas de forma simultânea em 11 bairros que integram o Centro Antigo de Salvador. Somente na região do Comércio e Calçada 53 vias passam por intervenções, sendo que 35 delas já foram concluídas, 11 estão em fase de execução e outras sete ainda terão as obras iniciadas. “De acordo com o governo, as reformas contemplarão mais de 300 vias e 11 bairros. O investimento é de R$ 124 milhões. Dinheiro público para beneficiar investimento privados é algo inaceitável”, destaca o legislador.
“Quanto melhor Salvador for parta seu povo, em especial o povo pobre que luta pelo direito à moradia, melhor ela será também para o turista. Requalificar as ruas, valorizando o patrimônio e oferecendo melhor acessibilidade deve ser um objetivo para todas e todos e não apenas para turistas”, afirma Hilton Coelho que questiona: “Por que há casarões no Centro Histórico de Salvador vazios, quando nos arredores inúmeras pessoas permanecem em situação de rua, morando em cubículos ou sendo expulsas, e nas periferias pagam aluguéis? É com isso que o governo estadual precisa se preocupar”.
Hilton Coelho classifica como descaso do governo estadual não atender as reivindicações populares por moradia no Centro Antigo. “O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) há mais de 10 anos não atua com competência e vontade política para resolver a questão de três prédios que estão ocupados para moradia popular. As pessoas estão nos locais lutando por um direito assegurado pela Constituição, porém, o governo estadual nada faz. Habitar significa ter direito a moradia, educação, saúde, lazer, segurança etc. Há um evidente processo de varrer essa população, em sua maioria negra e pobre, do centro. E isso se dá com violência policial, demolição dos casarões, retirada dos serviços públicos etc. Que o governador Rui Costa se lembre de sua origem e de que ele um dia defendeu que governar deve ser para beneficiar a maioria da população e não grandes empresários internacionais e nacionais”, finaliza.