Sílvio Humberto vê desvalorização nos valores pagos às entidades baianas
Da Redação , da redação em Salvador |
04/01/2018 às 20:36
Uma artista da axé ganhou mais do que 6 blocos afros
Foto: Reginaldo Ipê
O Vereador Sílvio Humberto (PSB) chamou a atenção para a forma como os blocos afros mais tradicionais da cidade foram tratados durante o Festival da Virada, evento realizado pela Prefeitura para celebrar a passagem do réveillon. O parlamentar, que é economista, pontuou que a soma dos cachês pagos aos seis blocos afros que participaram do Festival foi de (R$ 255 mil), valor pago a uma única artista da chamada Axé Music. A cantora Claudia Leitte se apresentou por R$ 250 mil. Artistas de outros estados receberam valores ainda maiores: Marília Mendonça e a dupla Jorge e Mateus levaram R$ 400 mil, cada.
“Que existe uma relação diferenciada quando se fala da cultura negra ou local, em relação a artistas de outros estados, todos sabemos. Mas isso se torna mais grave em grandes festas como o Carnaval ou o próprio Festival da Virada”, destacou Sílvio. Essa discrepância já foi notícia, quando, em 2011, o cantor Chico César, então secretário de Cultura da Paraíba, disse que não contrataria somente bandas famosas para o São João, tendo como argumento a valorização da cultura e artistas locais.
“A disparidade no pagamento entre artistas de outros segmentos e os grupos culturais negros é um problema antigo”, ressalta o vereador, apontando os valores pagos a outras atrações. “A banda mineira Skank e os sertanejos Gustavo Lima, e Matheus e Kauan receberam R$ 230 mil, R$ 220 mil e R$ 200 mil, respectivamente, quase superando individualmente todas as entidades negras de Salvador juntas”, destacou.
Desvalorização - O legislador apontou ainda, que a banda Jota Quest (R$ 170 mil), sozinha, superou o Olodum, banda negra que mais levou o nome da Bahia para o exterior, o Ilê Aiyê e os Filhos de Gandhy. E que a dupla Rafa e Pipo levou R$ 40 mil do festival. “Eles receberam o mesmo valor pago aos dois mais antigos blocos negros da capital (Ilê Aiyê e Filhos de Gandhy). Algo precisa ser revisto”, concluiu.
Para Sílvio, os valores pagos podem até mostrar o suposto retorno midiático dado por cada um dos artistas. Mas mostram também as discrepâncias e a desvalorização histórica das manifestações artísticas e culturais negras em Salvador.