Política

Pesquisa IPSOS revela desânimo dos brasileiros com a política

Só um em cada dez cidadãos vê o Brasil como um país onde a democracia é respeitad
Nara Franco , Rio | 28/08/2017 às 18:34
Politicos em baixa
Foto: DIV
Pesquisa divulgada hoje (28) pelo instituto Ipsos mostra um dado preocupante: apenas 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos em quem já votaram. A onda de negativismo contamina até a percepção sobre a própria democracia: só metade da população considera que esse é o melhor regime para o Brasil, e um terço afirma que não é. Quando os eleitores são questionados especificamente sobre o modelo brasileiro de democracia, a taxa de apoio é ainda mais baixa: 38% consideram que é o melhor regime, e 47% discordam. A pesquisa também mostra que 74% são contra o voto obrigatório.

Nada menos do que 81% dos entrevistados pelo Ipsos manifestaram concordância com a afirmação de que “o problema do País não é o partido A ou B, mas o sistema político”.

Para 94%, os políticos que estão no poder não representam a sociedade. Apenas 4% acham o contrário. “Segundo a opinião pública, os eleitos não representam os eleitores”, observa Rupak Patitunda, um dos responsáveis pela pesquisa Ipsos. “A democracia no Brasil, desta forma, não é representativa.”

Só um em cada dez cidadãos vê o Brasil como um país onde a democracia é respeitada. Para 86%, isso não ocorre. Para 96% dos entrevistados pelo instituto, todos devem ser iguais perante a lei, mas somente 15% consideram que essa regra é devidamente observada no Brasil. É também quase consensual a noção de que a corrupção é um obstáculo para que o Brasil chegue a ser um país desenvolvido. 

Nove em cada dez eleitores concordam com as avaliações de que “o Brasil tem riquezas suficientes para ser um país de primeiro mundo”, de que “o Brasil poderia ser um país de primeiro mundo se não fosse a ação da corrupção” e de que “o Brasil ainda pode ser um país de primeiro mundo quando acabar com a corrupção”.

Os números do Ipsos mostram que, após um ciclo de acirramento da polarização política no País, há um desejo de por conciliação. Oitenta e oito por cento dos entrevistados concordam com a afirmação de que “as pessoas deveriam se unir em torno das causas comuns, e não brigar por partido A ou partido B”. Parcela similar considera que “brigar por partido A ou B faz com que as pessoas não discutam os reais problemas do Brasil”.

Os dados do Ipsos são parte de um levantamento chamado Pulso Brasil, feito mensalmente desde 2005. Foram ouvidas 1,2 mil pessoas, em 72 municípios, entre 1.º e 14 de julho.