Política

MORRE MÁRIO SOARES o eterno defensor da democracia em Portugal

Com informações das agências
Da Redação , Salvador | 07/01/2017 às 17:09
Mário Soares, 92 anos de idade
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Morre Mário Soares, fundador do Partido Socialista português e figura-chave da transição portuguesa, foi presidente de Portugal entre 1986 e 1996 e primeiro-ministro por três mandatos.

Soares foi ministro dos dos quatro primeiros governos provisórios do Portugal democrático que iniciou oficialmente o processo de descolonização do país.

Foi ele também quem deu início ao processo de adesão de Portugal à Comunidade Econômica Europeia (CEE)  e assinou, como primeiro-ministro, o Tratado de Adesão ao grupo.

Soares, que contribuiu para a instauração da democracia em 1974 e para a integração europeia de seu país, esteve ativo na política portuguesa por quarenta anos.


Soares completou 92 anos recentemente, em 7 de dezembro. Nascido em Lisboa, em 1924, casou-se jovem, aos 25 anos, em 1949, com Maria Barroso, mulher da vida toda. Formou-se primeiro em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1951, e, depois, em Direito, em 1957 — exerceu as duas profissões, professor e advogado. Ainda estudante universitário, fez resistência ativa contra a ditadura portuguesa. Foi defensor de presos políticos e tornou-se um deles, sendo detido por 12 vezes, num total somado de quase três anos na cadeia. Sem julgamento, foi deportado para a Ilha de São Tomé, em 1968. E, em 1970, conseguiu permissão para se exilar na França.

Lutando o bom combate, em 1973, num congresso realizado em BadMünstereifel, na Alemanha, a Ação Socialista Portuguesa, que Soares fundou em 1964, transformou-se em Partido Socialista (PS), do qual foi eleito secretário-geral e sucessivamente reeleito no cargo ao longo de quase 13 anos.

— A palavra que define Mário Soares é coragem. Como no tempo da ditadura, que o levou à prisão e a ser deportado. Ou quando se apercebeu que o PS não podia ser o companheiro de rota do PCP (Partido Comunista Português) e teve coragem de liderar uma retomada do sentido democrático da revolução — enfatizou, ao “Público”, o jornalista Francisco Pinto Balsemão, um dos fundadores do Partido Social Democrata português, de oposição ao PS.

‘Liberdade, Europa e democracia’

Três dias após a Revolução dos Cravos, Mário Soares retornou do exílio na França, em 28 de abril de 74, chegando a Lisboa no chamado “comboio da liberdade” (comboio é como os trens são chamados em Portugal). Participou dos quatro primeiros governos provisórios e levou o PS à vitória na Assembleia Constituinte, em 1975.

— O Partido Socialista está junto do povo para assegurar o prosseguimento de uma política de esquerda, uma política progressista que conduza à construção de uma verdadeira sociedade socialista, e não de um capitalismo de Estado servido por um exército de burocratas e polícias, que denotam um imenso apetite de poder e de dinheiro — discursou, em julho de 75, num comício em Lisboa.

Soares oi nomeado premier do primeiro e segundo governos constitucionais (1976-77 e 78). Entre 1983 e 85, foi eleito novamente primeiro-ministro. Em 1986, tornou-se o primeiro presidente civil da redemocratização. Foi reeleito em 1991, no primeiro turno. Tornou-se um dos maiores defensores da integração europeia, elegendo-se eurodeputado para o mandato 1999-2004. Opôs-se às medidas de austeridade impostas pelo então governo de centro-direita português para equilibrar a economia do país, que recebeu recursos internacionais entre 2011 e 2014.