As vereadoras de Salvador deram depoimentos para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher. A seguir publicamos esses pronunciamentos.

Tia Eron (PRB) – presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher

“Lugar de mulher é na cozinha, cuidando da casa e educando os filhos”. Durante séculos este foi o único e exclusivo papel ao qual nós mulheres éramos destinadas desde o nascimento. Nascer mulher era quase que uma sentença de subordinação aos ditames masculinos, primeiro ao pai e com o casamento, esta tradição e o poder passaria a outro homem, no caso ao marido.

Hoje, após muitas lutas e com a garra que nos é peculiar, nós mulheres estamos conquistando nosso lugar ao sol, um lugar de maior destaque no tecido social, ainda muito machista e segregador. Logramos isto, contudo, sem abrir mão dos papeis de dona-de-casa, mãe e esposa. Cumprimos jornada dupla, tripla às vezes, mas não nos abatemos e não nos deixamos levar pelas circunstâncias.

Conquistamos o direito do voto desde 24 de fevereiro de 1932 e lá se vão 82 anos. Somos maioria nas universidades, desempenhamos funções antes restritas aos homens, ocupamos em maior número os cargos públicos de nível superior - cabe lembrar que esses apenas são acessados mediante aprovação em concurso público e não por discricionariedade ou troca de favores.

Lembro que a política não se faz olhando apenas para o passado, é preciso aprender as lições e seguir em frente. Por isso, na condição de presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Câmara de Vereadores de Salvador reafirmo o compromisso de lutar pelos nossos direitos fazendo com que nunca seja esquecida a luta travada por todas nós desde sempre e por aquelas operárias de uma fábrica de tecido na cidade de Nova Iorque, em 8 de março de 1857. Parabéns mulher pelo nosso dia na certeza que somos fortes sempre na busca por nossos objetivos.

Aladilce Souza (PCdoB) – ouvidora geral

“Segundo os dados demográficos, a mulher é a maioria do gênero humano, porém, ainda somos a minoria em ambientes de representatividade na esfera pública. Infelizmente, o nosso gênero ainda sofre com uma sub-representaçãopolítica, que seja capaz de abraçar todas as suas demandas.

Salvador ainda sofre com o feminicídio, prova do atraso cultural que subjuga o gênero e posiciona nossa cidade como a segunda capital no país em violência contra a mulher. Quando me propus a ingressar na carreira política, foi com o objetivo de lutar neste sentido, possibilitando que o gênero feminino fosse capaz de se emancipar. É preciso mostrar que temos a capacidade de debater as pautas mais importantes da cidade, até como forma de honrar aqueles que nos elegeram.

Pensando em uma nova perspectiva para o futuro, tenho como prioridade as propostas relacionadas com a saúde da mulher, que, entre outras coisas, assegurem assistência médica eficiente no período de sua gestação”.

Vânia Galvão (PT)

“Minha trajetória vem do sindicalismo desenvolvidoem universidades federais, e desde esta época me posiciono diante das questões que atingem o universo da mulher. Neste sentido, já como parlamentar, apresentei lei para combater o assédio moral. Não o assédio com interesse meramente sexual, mas aquele que tenta inferiorizar a mulher por conta do gênero.

Este é um ano eleitoral, e é preciso garantir a equidade de gêneros nos poderes públicos para que a mulher deixe de ser subrepresentada e a passe a tervoz ativa, tanto no Legislativo quanto no Executivo.Em termos de inclusão, apresentei um projeto que destina 5% das vagas em concursos municipais para mulheres egressas do sistema penitenciário, como meio de promover a ressocialização.

Fazendo parte da Comissão da Mulher na Câmara, considero um absurdo que os poderes públicos financiem músicas que prejudiquem a imagem da mulher. O estado e o município não podem arcar com artistas que nada contribuem com o gênero feminino. Não vamos nos calar diante dos abusos de gênero”.

Ana Rita Tavares (Pros)

“A bandeira que abraço com o meu mandato, a da proteção aos animais, é essencialmente formada por mulheres. Cerca de 90% dos protetores de animais são mulheres. E no Dia da Mulher eu quero homenagear justamente essas verdadeiras abnegadas, que resgatam animais das ruas, fazendo um trabalho que é do poder público, tirando do provimento de suas famílias para dar aos animais.

Na Comissão da Mulher temos combatido a exploração das mulheres, tão visível na nossa sociedade. Entre os projetos que apresentei e que foram mais festejados pelas protetoras de animais, destaco o da criação de uma escola de tosa, que já vai ser implementado.

Como mensagem para as mulheres eu digo que elas precisam participar mais da política, ocupar mais os cargos eletivos, para lutar por nossos direitos”.

Fabíola Mansur (PSB)

“O Dia da Mulher marca, este ano, os 82 anos do voto feminino. Mesmo assim, é preciso refletir sobre a sub-representação nos espaços políticos, apesar de sermos mais da metade da população. É preciso estimular mulheres com atitude a entrar na política, porque é a política que transforma a vida das pessoas.

Por isso a reforma política precisa assegurar a equidade de gênero, para que as mulheres possam chegar aos espaços de poder para defender políticas públicas de saúde, educação e de enfrentamento à violência contra a mulher. E temos que lembrar que Salvador tem um dos piores índices nessa área. Quando assumi o mandato minha primeira sessão foi “Quem ama, abraça!” e apresentei também indicação para instalação de uma Delegacia da Mulher em Cajazeiras.

Mas para além da violência física, é preciso atenção também para outras formas, como a econômica, que se revela na falta de empregos e na distorção entre os salários de homens e mulheres. Aqui na Câmara propus, também, a ampliação do Centro de Referência Loreta Valadares, para atendimento às mulheres com deficiência, além de projetos de fomento às políticas de proteção e valorização das mulheres”.

Cátia Rodrigues (PMN)

“O meu mandato fez uma defesa especial às mulheres, dando destaque ao perfil materno e cuidador. Assumi bandeiras como ampliação das áreas metropolitanas de lazer para as crianças, melhoria da qualidade de vida para a terceira idade, reforço da guarda municipal nos perímetros escolares, manutenção da merenda escolar nas escolas municipais no período das férias e, principalmente, uma campanha de conscientização antiaborto.

Apesar do mandato ser ligado à igreja evangélica, a minha atividade legislativa possui uma visão ‘extramuros’, discutindo temas diversos, principalmente relacionados às mulheres”.