Ex-ministro da Secretaria de Comunicação no governo Lula morreu na noite de sexta-feira, em decorrência de um câncer de estômago
Terra , SP |
14/09/2013 às 18:09
Aconteceu hoje em SP
Foto: Terra
O corpo do ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto Luiz Gushiken, 63 anos, foi enterrado às 16h30 deste sábado no cemitério do Redentor, na zona oeste de São Paulo. A cerimônia fechada, restrita à família e amigos próximos, contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Michel Temer e de diversos ministros, como Guido Mantega (Fazenda), Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação).
Gushiken morreu na noite de sexta-feira, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vítima de falência de múltiplos órgãos, ocasionada por um sangramento e obstrução intestinal. Ele estava internado desde o início de agosto, dando entrada primeiramente no Hospital Nove de Julho, e lutava há 12 anos contra um câncer de estômago.
Lula e Dilma deixaram o cemitério sem falar com a imprensa. Também presente à cerimônia, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, um dos réus condenados no processo do mensalão, afirmou que o amigo deixou um legado de luta e coragem ao partido. "O PT precisa retomar o que o Gushiken pregou na Constituição de 88. Ele foi o responsável pela chegada de Lula ao poder", defendeu.
Quanto às acusações de envolvimento de Gushiken no escândalo do mensalão, Dirceu foi categórico. "Ele foi acusado, pré-julgado, condenado, linchado e, posteriormente, absolvido. Ele sempre me deu o braço me estimulando a lutar. Ele dizia que a fase heróica do PT foi o período do mensalão", disse. "Entre nós foi o melhor. Gushiken era o único que dizia para o Lula o que tinha de ser dito nos momentos mais difíceis", concluiu.
Fundador do PT, Gushiken foi absolvido no mensalão
Nascido na cidade de Osvaldo Cruz (SP) no dia 8 de maio de 1950, Luiz Gushiken cursou administração pela Fundação Getulio Vargas entre 1973 e 1979. Escriturário do antigo Banco do Estado de São Paulo (Banespa), onde chegou a assumir o cargo de diretor, presidiu o Sindicado dos Bancários do Estado entre 1985 e 1987.
Morre Luiz Gushiken, ex-ministro e um dos fundadores do PTClique no link para iniciar o vídeo
Morre Luiz Gushiken, ex-ministro e um dos fundadores do PT
Além de participar da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Gushiken foi um dos fundadores do PT em 1980. Deputado federal constituinte por São Paulo, presidiu o partido no final da década de 1980. Durante a Assembleia Nacional Constituinte, foi membro titular de uma subcomissão na Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Atuou como deputado durante três mandatos consecutivos até 1999.
Após participar das campanhas presidenciais de Lula em 1989 e em 1998, Gushiken assumiu a chefia da Secretaria de Comunicação Social no primeiro mandato do então presidente. Deixou o cargo e o status de ministro em 2005, em meio a denúncias de tráfico de influência em contratos que supostamente beneficiaram a Globalprev, de sua propriedade.
Falcão e Padilha destacam coragem de GushikenClique no link para iniciar o vídeo
Falcão e Padilha destacam coragem de Gushiken
Gushiken permaneceu no governo como chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência até novembro de 2006, após a reeleição de Lula, quando pediu exoneração do cargo. Na época, vieram à tona as denúncias do mensalão.
Acusado pelo Ministério Público de crime de peculato, Luiz Gushiken foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A alegação, na época, era que o ex-ministro tinha conhecimento do repasse irregular de R$ 73,8 milhões pelo Banco do Brasil à agência DNA Propaganda, de Marcos Valério. Em 2011, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a absolvição de Gushiken por falta de provas.
Durante o julgamento, o ministro do STF Ricardo Lewandowski disse que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que acusou Gushiken, em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios em 2003, retirou a imputação quando ouvido em juízo durante o processo. Em maio deste ano, a absolvição de Gushiken foi oficializada pelo Supremo.