Barreiras tem mais cara de Goiás que Bahia. Está mais próxima ao Tocantins que a Salvador. E nada aqui lembra a Bahia. A começar pelo sotaque das pessoas, que mistura um pouco de todas as regiões
Estou em Barreiras, cidade do oeste baiano. O Brasil tem essas coisas. País continental, tão diverso que a gente nem se dá conta. Quando me chamaram para vir para cá, fiquei feliz pela oportunidade de visitar meu pai e a família Franco. Ilusão minha.
Barreiras tem mais cara de Goiás que Bahia. Está mais próxima ao Tocantins que a Salvador. E nada aqui lembra a Bahia. A começar pelo sotaque das pessoas, que mistura um pouco de todas as regiões que habitam a cidade. Tem um pouco de Sergipe, Pernambuco, São Paulo, Irecê, Salvador, Minas, Chapada, Brasília e por aí vai.
A comida típica é o espetinho, ainda que o coentro, característico da culinária baiana, apareça. Churrasqueiras fazem parte da paisagem, assim como uma espécie de poeira fina, marrom, ruim para quem curte tênis branco e tem problema respiratório. Para quem mora numa cidade de praia, quente e úmida, Barreiras castiga. O tempo é seco como em Brasília. O nariz sangra, a garganta arranha e a pele estica. A umidade do ar é baixíssima e beber água é mais que necessidade.
Esse canto baiano puxado para o centro oeste é dominado pelo agro, ainda que a gente não veja na cidade. A trilha sonora é sertaneja sempre com lamentos de homens traídos, que perderam tudo para mulheres insensíveis. Confesso que isso me incomoda. Não é minha praia o estilo João Gomes e Zé Vaqueiro, mas respeito a diversidade. O hit local é de um cidadão chamado Grelo e tudo isso se mistura ao rap de Brasília (?), ao funk carioca e um pouco de trap. Complexo.
O comércio é forte e grandes marcas estão chegando (algumas já chegaram) à cidade como Havan, C&A e Cacau Show. A cidade é bem simpática com bons restaurantes, um trânsito um pouco caótico (sinalização nem pensar) e atrações naturais surpreendentes que a gente vai descobrindo aos poucos.
O Rio de Ondas, a cachoeira do Acaba Vida, a Lagoa Azul, a Cachoeira do Redondo. Aos poucos vou conhecendo esse Brasil que a gente não conhece, aquele que muitos chamam de profundo.