Colunistas / Crônicas de Copacabana
Nara Franco

A "INVASION" AZUL E AMARELO

Reza a lenda que nós, brasileiros, gostamos de ganhar e que os hermanos, por sua vez, curtem mesmo é torcer.
04/11/2023 às 10:28
  O Brasil tem mais títulos mundiais no futebol, talvez as grandes estrelas do século XX e a maior delas, Pelé. Mas, no quesito torcida, perdemos de goleada para argentinos e ingleses. 

  Reza a lenda que nós, brasileiros, gostamos de ganhar e que os hermanos, por sua vez, curtem mesmo é torcer. Talvez isso explique porque que neste momento, às 22h54min, enquanto escrevo essa crônica, ainda ouço a torcida do Clube Atlético Boca Junior cantando pelas ruas de Copacabana. 

  Eram esperados 150 mil torcedores do Boca na cidade. Não chegaram a tanto. A Argentina está em crise braba na economia. Só que pelo barulho que fizeram na praia, nas ruas, nos carros, pareciam 200 mil. 

  Copacabana tem esse imã de argentinos inexplicável. Na Copa de 2014 não havia pão, cerveja ou leite nos supermercados do bairro. Hoje, faltou pão. Mas dessa vez, é a Argentina de apenas uma torcida e, certamente ppelos problemas que assolam o país, eles trouxeram tudo e estão consumindo muito pouco.  

  Hoje (3/11), passei o dia na praia e ao meu lado, um grupo de 10 rapazes com variadas camisas do Boca, tinha uma garrafa de whisky, três de rum e um fardo de refrigerante comprado no supermercado. A cena se repetiu em todos os grupos que me cercavam. E eram muitos! 

  A cerveja preferida? Brahma. Comida? Não se via. Bebiam como se não houvesse amanhã. Porém, haverá. Para os que se arriscaram nos espetinhos de camarão (aqueles que passam o dia indo e vindo na bandeja), o amanhã será bem complicado. 

  Em meio a grande concentração de torcedores cantando com dezenas de faixas e bandeiras, barracas de camping, muitos e muitos coolers. Sem violência, sem confusão, só música. 

  Fundado em 1905, o Boca é um dos clubes mais famosos da Argentina. É o time da classe trabalhadora e o mais popular. Ao contrário do eterno rival River Plate e do adversário da final, o aristocrático Fluminense Football Club. O River era a casa de Don Diego Maradona e bandeiras com seu rosto estão em diversos locais da praia. 

  Eu gosto muito desse clima de final, de eletricidade no ar e moro no bairro que é a antena de tudo isso. Enquanto uns reclamam, vejo os ambulantes com a camisa do Boca ss virando como podem, o turismo da cidade girando bem e muita gente em uma lugar que precisa de boas notícias e empregos. 

   Parece que voltamos a 2014 e que vença o melhor. Meu palpite? 2 x 0 Flu com gols do argentino Cano.