Colunistas / Crônicas de Copacabana
Nara Franco

Crônicas Copacabana: Carência de bom turismo me dá deprê

O Rio de Janeiro não é uma cidade amigável aos turistas, pelo menos para aqueles que não são mochileiros ou aventureiros
09/11/2017 às 15:59
Acabo de ler que o Rio de Janeiro, em uma lista de 100 cidades, é o 88 mais visitado do mundo. As projeções é que o Rio caia 5 posições no próximo ano. O aumento no número de visitantes se deu por conta da realização das Olimpíadas. 

Toda vez que viajo para o exterior volto determinada a ir embora. Sempre bate aquela depressão de "porque não somos assim", "porque nossas cidades são tão maltratadas". Pergunta misteriosa. Uma cidade como o Porto, por exemplo. Não é grande, tem nada demais. É interessante, tem uma paisagem linda, tem as caves de Vinho do Porto e um metrô sem catracas (nunca vou esquecer disso. No auge do meu subdesenvolvimento, quando vi o metrô sem catracas não sabia o que fazer). O Rio de Janeiro ou Salvador dão de dez em termos de beleza e atrações. Mas nos falta aquela vergonha na cara, aquela educação para saber ganhar dinheiro com o turismo. 

O Rio de Janeiro não é uma cidade amigável aos turistas, pelo menos para  aqueles que não são mochileiros ou aventureiros. Uma pena, porque temos bons restaurantes, museus, lugares com paisagens incríveis, praia e montanha, atrações culturais e vasto entretenimento. Salvador também. Turismo gera emprego. Gera riqueza. Lisboa, por exemplo. Passou a ser a queridinha da Europa depois que investiu forte no turismo. Não é cara, é fácil de conhecer, tem boas atrações e vem ganhando muito com isso. 

Uma pena mesmo que nem os governos e muito menos a população entendam esse conceito. Porque não adianta só apontar o dedo para o prefeito ou governador. A população também tem que fazer a sua parte. Os empresários também (sei que eles fazem muito. Mas como o Flamengo, por exemplo, clube mais popular do Brasil não tem um museu a altura da sua história?). Por mais que sejamos hospitaleiros, e somos ao ponto de o segurança do Banco do Brasil arranhar um portunhol com a argentina que queria trocar dólares, ainda falta muito. Vocês podem até argumentar que nosso povo não conta com uma boa educação. Entendo. Tem isso. Mas não custa nada conservar a cidade, não jogar lixo no chão, não fazer xixi na rua, não cobrar preços abusivos dos turistas, não engana-los. 

Sem falar no turismo sexual, vergonhoso no Nordeste. Vocês podem até dizer que isso existe em todos os lugares do mundo. Existe. Mas aqui passa do limite. 

Mas sem querer ser ranzinza, aproveito para dar algumas dicas de passeios na Cidade Maravilhoso e no Porto. Por aqui, não deixe de conhecer o Museu do Amanhã e o AquaRio na Zona Portuária. Se puder, vá durante a semana. Se tiver grana, almoce no restaurante Mosteiro, sem dúvida um dos melhores bacalhaus do Rio. No fim de semana, assista a uma missa no Mosteiro de São Bento, embalada pelo canto gregoriano dos freis. A igreja é sensacional e a vista lá de cima de tirar o fôlego. 

No Porto, não deixe de fazer passeios pelas caves e degustar o melhor vinho do porto do mundo. Para quem gosta de futebol, assista a um jogo do Porto no Estádio dos Dragões. Tem um shopping logo em frente então dá para fazer uma horinha antes da partida. Vá na Livraria Lello e Irmão, considerada a mais bonita do mundo e tome um café cercado de livros e mais livros. 

Dicas imperdíveis.

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Falando do meu quintal, Copacabana, a antiga Casa Cruz permanece fechada. Mas pertinho dela abrirá um salão de beleza. Coisa pouca em Copacabana, que já conta com milhares deles. Não entendo essa economia do bairro pouco diversificada. Uma antiga padaria na Santa Clara virou farmácia. Outra coisa que brota do chão em Copacabana. A cada semana uma nova aparece. Até hoje não entendo como ganham dinheiro. Em compensação, uma enorme farmácia aqui perto de casa fechou. Vai entender. Na próxima coluna falarei de uma jóia copacabanense: A Cinta Moderna, que de moderna tem só o nome.