Será uma honra receber a presidente Dilma em Serrinha
Foto: BJÁ |
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Oca do Lobisomem onde poderá acontecer a recepção |
Olhe que sou um camarada vivido, já são mais de 280 anos de idade, e conheço aqui na Serra bode com duas cabeças, vaca com ubre dobrado, galo que canta fino, homem (e não são poucos) com galhos, urubu domesticado, papagaio de Teco que canta o Hino Nacional, o curió de Ibititá que assovia Malageña Salerosa, o carro de Alirio Vermelho que faz 40km com um litro de gasolina, mas, essa história divulgada pela agência sul coreana Yonhap e pelos jornais "Korea Herald" e "Daily Mail" de que uma cadela deu a luz a um gato, tenha santa paciência, é impossível.
Consultei imediatamente o nosso cientista e médico Dr Poró para tirar dúvidas e ele me garantiu que, geneticamente falando não tem como isso acontecer. Pode até nascer um cachorrinho com três orelhas, outro cachorrinho com um defeito na perna, um cãozinho doca, mas, um gato não dá. E mais disse que só poderia ser brincadeira desse sulcoreano sem ter o que fazer embromando a imprensa.
Como estamos às vésperas da visita da presidente Dilma Rousseff a Serra, a primeira na história de nossa cidade desde sua fundação, apressei-me a contar esse causo para tirar esse anuviamento de minha cabeça porque quero estar bonitão para receber a nossa chefe de estado vestindo o meu melhor terno e levando comigo minha santa esposa, dona Esterloura em traje de gala e um grupo de amigos: Teco da Bodega, Alirio Vermelho, o vereador Reisinho, Veinho, Foba, Renatinho e outros mais.
Sabe como é: desde a fundação da Serrinha por Bernardo da Silva lá pelos idos de 1680, eu que sou nascido nesta terra em 1730 e venho acompanhando o desenvolvimento do local, devoto que sou de São Joaquim, o avô de Jesus e patrono de um dos altares de nossa igreja matriz velha, nunca vi um presidente.
Na época do então prefeito Carlos Mota lá pelos idos de 1950/60, o máximo que consegui ver foi um candidato a presidente, Sêo Ademar de Barros, que dizem ser um homem rico e acá esteve num avião bimotor que, até hoje, é motivo de conversas entre os mais antigos.
Nem na República Velha, nem na República Nova de doutor Tancredo; nem no Império; nem na Colônia nada, nenhum presidente, imperador, governador geral do Brasil (que correspondia a presidente atual) deu a honra de pisar o solo da Serra que, digo mais, é abençoado.
Não vê esse inferno astral que vive o governador Wagner, depois que ele pisar o chão da Serra, bye-bye, vai ficar alto astral. E Dilma, nem se fala, vai ser entronizada. Só não vou dizer que vai ser Santa Dilma porque nossa santa padroeira é Senhora Sant'Anna e isso é coisa antiga e ninguém tira ela do altar, senão haveria uma revolução.
Inclusive comprei um galo na feira livre desta quarta para que se a presidente quiser comer um guisado lá na nossa residência será um prazer enorme. Dona Santa que uma candomblezeira local e dona Leda que faz o melhor licor da Serra, se prontificaram a temperar o galo e servir as tacinhas do melhor genipapo. Posso garantir que é coisa de primeira qualidade.
Minha oca não é um Palácio do Planalto nem o Palácio de Ondina, mas, não envergonha. A mesa é de umburana da boa feita pelo marceneiro Zé de Maninha e as cadeiras são firmes, obra do mesmo autor. A toalha foi bordada pela senhora Licia Paes e os talheres de prata tomei emprestado da familia Nogueira. De sorte que, posso garantir que a presidente vai adorar.
Inclusive, por precaução, já contratei o garçom Tuca para servir a nossa presidente e nosso governador. Tá tudo nos trinques.