Escritor e jornalista. Email: Jolivaldo.freitas@yahoo.com.br
A guerra agora está abertamente declarada e a vítima será você, seja detentor de um plano de saúde ou dependente do SUS. A situação está tão densa que até o Procon onclama a união de todas as entidades da sociedade civil contra o que considera ataque dos planos de saúde. Eles estão engendrando uma investida sem par contra os consumidores. Qual o argumento?
É a pergunta de quem está acéfalo ao que se passa ao derredor do próprio bolso. O que os administradores argumentam é que querem tornar os planos mais baratos e acessíveis para todo mundo, quando na verdade sob este manto buscam mesmo é diminuir o número de procedimentos. Pior: cobrir os mais baratos e deixar o consumidor ficar com a bomba na mão de ter de pagar os mais caros. Exemplos: cirurgia, internação, exames mais sofisticados. Vai ter de pagar do bolso. O tal do “por fora”.
A situação é tão grave que envolve a bancada dos planos de saúde no Congresso Nacional. Sim, aquele político que você confiou com seu voto está preparando uma péssima supressa para você e sua família. O pessoal dos planos, inclusive, se reuniu recentemente para delinear as ações com um tal de tema “Novos Rumos da Saúde Suplementar”. Foi onde? Em Brasília, claro.
O principal ponto dos fariseus é proceder com a anuência da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, a venda de produtos segmentados conhecidos como pay-per-view. Eles têm como caráter justamente a menor cobertura. Problemas como câncer, de fígado, rins e cardíacos ficam de fora dos planos e o adquirente do contrato que vá chorar no pé do Caboclo.
O pessoal do Procon lembra que essa é uma nova investida, mais forte, pois os planos são dos maiores doadores de verba para a campanha política e cada deputado ou senador que recebe vende sua alma ao Diabo. Eles tentaram a mesma ação há dois anos atrás com os chamados “Planos Populares” e deram com os burros n´água por causa da grita da sociedade civil organizada.
Em 2015 já vinha sendo denunciado que o Sistema Único de Saúde (SUS) vem passando por péssimos momentos com a conformação do Congresso Nacional que sempre se demonstrou favorável à iniciativa privada. Uma grande parte dos parlamentares foi financiada durante as eleições por empresas privadas de saúde sob a liderança, pasme, do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que se encontra preso. Foi declarada uma guerra contra o SUS.
O financiamento para a saúde pública caíra para 13,2 por cento. A ANS que deveria regular e fiscalizar a atividade dos planos de saúde, funciona como latifúndio dos grandes empresários financiadores das campanhas eleitorais que até indicam os ocupantes aos cargos de diretores das agências.
Os lucros das administradoras dos planos em são estratosféricos. Em 2013 foi de 111 bilhões de reais. Ano passado quase alcança os 5º bilhões de reais. E querem mais. Elas doam quase 100 milhões de reais em cada eleição. Mais de 100 políticos são beneficiados. Claro que lá na frente o Satanás vem cobrar e levar a alma. Se houver a mudança ninguém terá como bancar os procedimentos mais caros. O que vai acontecer é que o SUS ficará abarrotado. E pensar que “pay-per-view” era só para quem queria pagar para assistir a partida de futebol. Se você não reagir vai levar bola nas costas
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