Colunistas / Crônicas
Jolivaldo Freitas

Três casos distintos da alma humana na cidade da Bahia

Fatos reais que acontecem na cidade do Salvador
19/04/2016 às 12:44
Hoje não vou falar de política. Nem do impeachment de Dilma que bate às portas. Nem da usura de Temer que está colocando olho gordo no Palácio do Planalto e muitos menos das contas panamenhas de Eduardo Cunha.

  Quero tratar de três ocorrências que chamaram-me a atenção estes dias. Duas de formas negativas e uma altamente positiva. Vamos pela edificante. Vocês viram que o piloto da linha área Etrihad deu meia volta no avião quando soube que haviam dois passageiros, avó e avô, que haviam, recebido um SMS dando conta que o neto estava nas últimas. Eles pediram ao pessoal de bordo que comunicou ao comandante e este nem pestanejou: deu de ré no avião – e olha que podia perder o emprego – mas comoveu o mundo com seu gesto de solidariedade. 

   A empresa ao invés de punir, elogiou o comportamento e ofereceu novas passagens para os avós, que vivenciaram as últimas horas do neto. Isso só mostra que nem tudo está perdido, embora eu e Nietsche saibamos que o ser humano é ruim por natureza e o filósofo inglês Thomas Hobbes constatou
que “o homem é o lobo do homem”, ou seja: bota para lascar sem dó nem piedade em seu semelhante.

  Em contrapartida à notícia emocionante recebi denúncia de uma pessoa que disse estar revoltada com a atitude uma um motorista da Integra (ou é Integração? Acho que é este que tem o fundo pintado de azul), que ontem – terça dia 12 – exatamente às 14 horas (e a pessoa esqueceu o número de série do
veículo) fazia pega com um motoqueiro, acredite, na rua Marques de Caravelas, na Barra Avenida e na atitude ensandecida de pisar no acelerador quase entra no fundo de um Escort que dava passagem a um idoso e quase atropela o ancião.

   E também outro motorista que abordado por uma idosa, subindo a Ladeira de São Caetano, que pediu para dar uma parada antes do ponto por não aguentar andar – o próximo ponto ficava distante da sua casa – ouviu impropérios e falta de respeito do tipo:

   - Se está velha para que sai de casa? - Não vou parar não. Na próxima arranje uma cadeira de rodas ou pegue um taxi.
 
   Pior é que nenhum passageiro saiu em defesa da idosa. Todo mundo – e olha que o ônibus estava cheio, me diz o informante – quieto; uns faziam que estavam dormindo sentado ou em pé, outros faziam terra nas moças, uns olhavam a paisagem e outros davam conta de serem surdos. O motorista realmente não fez a gentileza e nem para dar uma desculpa que estava com problemas na embreagem.
 
   Lembrei que tempo passados um motorista vinha embocetado – como se dizia antigamente na Bahia – na Cidade Baixa e eu tratei de sair de banda para não ser atingido por seu bólido. Por coincidência eu estava indo para o final de linha da Ribeira e quando cheguei, lá estava o ônibus parado e o motorista batendo papo. Só por curiosidade parei defronte ao grupo e perguntei para ele o porquê de tanta pressa, tanto perigo ele gerava para os outros motoristas  só para bater papo, e ele me respondeu que já andava de saco cheio de dirigir – bater marcha - e quem quisesse saísse da frente.

  Não tenho certeza, mas acho que semanas passadas ele foi o motorista que em alta velocidade invadiu um canteiro na Vasco da Gama e se estropiou todo. E ainda botou a culpa em um colega se queixando.