Um resultado que deixa o torcedor sem esperança
ZedeJesusBarreto , Salvador |
14/10/2025 às 10:30
Seleção Brasileira
Foto: Rafael Ribeiro
Com um time em campo bem diferente daquele que foi escalado e goleou a Coreia do Sul (5 x 0) na semana passada, a Seleção Brasileira perdeu pela primeira vez na história para o Japão (3 x 2), e de virada, com um amasso dos samurais japoneses na segunda etapa. No primeiro tempo, mesmo sem ter um maior volume de jogo, em bons
lampejos coletivos fizemos 2 x 0; mas voltamos desligados, de ‘saltinho’ na segunda etapa e o time da casa, empolgado pela torcida, foi dominante, soube bem aproveitar os erros defensivos e a lentidão do time brasileiro.
Um resultado histórico, sim. Pela primeira vez o Brasil perdeu do Japão. E um alerta para o treinador Ancelotti, um recado para os comentaristas de resultado, que ficaram empolgados com a goleada sobre a Coreia. Cada jogo é diferente, tem sua leitura. Ancelotti deve tirar suas lições, saber que alguns jogadores não mostram condições de
ir a uma copa do mundo, a camisa pesa. E buscar soluções. Temos goleiro? A lateral esquerda continua sem nomes. Paquetá, Luiz Henrique, Richarlison, Fabrício, Beraldo, Joelison... não correspondem. E faltam 8 meses para a Copa.
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Estádio Ajinomoto/Tóquio
- Noite limpa na capital japonesa (7h30 da manhã de terça-feira pelas bandas de cá), relvado tapete, arquibancadas cheias, o segundo amistoso da seleção na Ásia, de olho na Copa. Ancelotti experimentado, vendo e dando oportunidade a todos os jogadores que foram convocados; muitas mudanças (8), no gol, na defesa, meio-campo e ataque.
O Japão de azul, o Brasil de amarelo e branco.
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Com bola rolando ...
- Ao contrário do que aconteceu em Seul, os coreanos tímidos e acuados, os japoneses iniciaram em cima, marcando alto, pegando e atacando com velocidade, tentando surpreender. Outra estratégia. Os canarinhos tentando por a bola no chão, com dificuldade de trocar passes até por conta do desentrosamento, uma equipe que nunca jogou junto.
- Só aos 9’ o Brasil organizou seu taque; Martinelli, caindo pela direita, bateu cruzado, fora do alvo. Corrido mas sem grandes emoções, poucos lances de área.
Parelho. Aos 21’, em boa trama coletiva, quase o Japão marcou; o atacante perdeu o gol quase em cima da linha fatal, chegou um pouquinho atrasado. Os donos da casa com mais volume, apetite, chegando mais. Mas...
- Gol! 1 x 0 Brasil, o PH, lateral direito do Vasco, estreante, completando na área, penetrando em velocidade pela direita, uma boa triangulação e passe preciso de Bruno Guimarães. Na primeira boa jogada ofensiva, coletiva, do time brasileiro. Aos 26min. Os japas sentiram o golpe, desconcentraram-se, daí...
- Gol! 2 x 0 Brasil, aos 31min, Martinelli. Vini Jr, Paquetá, o passe preciso de cavadinha nas costas da zaga japonesa achou Martinelli penetrando pela esquerda; ele bateu forte, cruzado, a meia altura, ampliando.
Muito bom aproveitamento ofensivo do time brasileiro na primeira etapa. Duas boas tramas, dois gols. Surpreendente atuação de Vini Jr, escalado por Ancelotti como um falso centroavante, solto, leve, flutuando do meio pra esquerda, trocando de posição com Martinelli, tocando de primeira; como ele rende sob a batuta de Ancelotti! PH na
lateral, pedindo passagem. Casemiro e Bruno comandando no meio, uma bela assistência de Paquetá... No Japão, bons lances de Kubo e Doan, talentosos. Segundo ato – Os donos da casa retornaram animados, na pressão, exigindo da
defensiva brasileira
- Gol! 2 x 1, Japão, Minamino, aos 6min, de cara, aproveitando-se de um erro grosseiro (indeciso, vacilou) de Fabrício.
Depois dos 10min, Ancelotti lançou Matheus Cunha, Rodrygo e Joelison; saíram Bruno, Vini jr e Martinelli. Aos 16’, primeira chegada brasileira na segunda etapa, Paquetá achou Casemiro, homem surpresa, penetrando pela direita; o chute forte, por baixo, deu goleiro. Na resposta...
- Gol! 2 x 2, aos 17’, Nakamura, com desvio na canela de Fabrício Bruno, em noite infeliz. Contragolpe japonês em velocidade, a defesa brasileira desarrumada. Gol contra?
Um Japão com apetite, aplicado, coletivamente melhor em campo, sufocando. O torcedor na arquibancada empolgado.
- Gol de Matheus Cunha anulado, por impedimento, em boa jogada individual de Luiz Henrique. Aos 22min. Aos 24’, quase o Japão desempatou, bola na cabeça de Fabrício, triscou na trave de Hugo. A defesa brasileira perdida, desarrumada.
- Gol! 3 x 2 Japão. Ueda, de cabeça, no miolo da zaga brasileira (ganhou de Beraldo), a bola ainda bateu no peito de Hugo e entrou. O Japão bem melhor em campo, merecedor. Aos 25min. A virada. Bela segunda etapa japonesa.
Ancelotti, incomodado com o placar e a péssima atuação da equipe na segunda etapa, lançou Richarlison, Estevão e Caio, tentando evitar a primeira derrota brasileira contra os japoneses; saíram Paquetá, Carlos e Luiz Henrique. Um time desorganizado em campo, sem poder ofensivo, sem reação. Os japoneses trocaram meio time e mantiveram o ritmo, a intensidade, a aplicação. Aos 41’, quase o quarto gol japonês, Hugo espalmou, mas foi feio na bola, mão de alface.
Aos 49’, Joelison tentou, goleiro catou. E fim de papo. Festa no banco e nas arquibancadas, primeiro triunfo, histórico, do Japão sobre o Brasil, e de virada.
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Destaques
Má sorte de Hugo, inseguro; péssima jornada de Fabríco Bruno; atuações apagadas de Beraldo e Carlos. Sò PH agradou na defensiva. Casemiro e Bruno Guimarães só jogaram na primeira etapa. Paquetá, um lampejo apenas. Luiz Henrique, fraco, tímido. Vini Jr e Martinelli, só na primeira etapa. Dos que entraram no decorrer do jogo... nenhum
brilho.
No Japão, a força, a vontade, a aplicação coletiva. Uma jornada histórica, um grande segundo tempo.
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- Time escalado por Ancelotti: Hugo, PH/Paulo Henrique, Fabrício Bruno, Beraldo e
Carlos; Casemiro, Bruno Guimarães e Paquetá; Luiz Henrique, Vini Jr e Martinelli. (Caio,
Richarlison, Estevão, Rodrygo, Mateheus Cunha, Joelison)
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Ainda este ano, a Seleção de Ancelotti fará mais dois amistosos, agora contra seleções
africanas; na mira Senegal e Tunísia, datas a serem anunciadas.
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Vi x Ba
- Nesta quinta, às 21h30, no Barradão, Vitória x Bahia, pelo Campeonato Brasileiro.
Clássico, rivalidade, um jogo diferente e imprevisível, sempre, em quaisquer
circunstâncias. O árbitro será o rombudo Daronco, rodado, malandrão. Que tenhamos
um jogo limpo. E um ambiente de paz também fora do estádio.