Esporte

COB GOSTOU DO DESEMPENHO DO BRASIL EM PARIS; MAS PAÍS CAIU 8 POSIÇÕES

Brasil despencou da 12 posição para a 20 posição
Tasso Franco ,  Salvador | 11/08/2024 às 18:36
COB AVALIAÇÃO
Foto: Wander Roberto
   MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. O Brasil termina os Jogos Olímpicos Paris 2024 com muitos motivos para se orgulhar, doz o COB. Do desempenho histórico das mulheres, que foram maioria na delegação brasileira pela primeira vez, a medalhas inéditas em provas do programa olímpico, passando pela reafirmação de ídolos que entraram no patamar de maiores nomes brasileiros da modalidade e por desempenhos nunca antes conquistados, que bateram na trave do Olimpo.

   2. O Brasil conquistou 20 medalhas nessa edição dos Jogos Olímpicos, sendo três de ouro, sete de prata e 10 de bronze. É a segunda melhor campanha da história, superando o desempenho na Rio 2016 no número total de medalhas, atrás apenas de Tóquio 2020. Além disso, o país se confirmou no top-20 no número de ouros, e top-15 no quadro de medalhas. 

  3. “Queremos sempre ultrapassar barreiras, vencer sempre. Conseguimos quebrar recordes, principalmente quanto ao esporte feminino. Isso nos deixa bastante satisfeitos. Com a apresentação dos nossos atletas, inspiramos a sociedade. Todos que acompanharam as competições se sentiram inspirados. Mesmo aqueles que não conseguiram conquistar uma medalha, tiveram seus melhores desempenhos, também inspiraram nossos torcedores e a população brasileira”, disse Rogério Sampaio, chefe da Missão Paris 2024 e diretor-geral do COB.

  4. Não há como falar do Brasil em Paris 2024 sem falar do esporte olímpico feminino. Ouro de Beatriz Souza, no judô; de Ana Patrícia e Duda, no vôlei de praia; do futebol feminino; prata com Tati Weston-Webb, no surfe; bronze com Rayssa Leal, no skate, Larissa Pimenta, no judô, e Bia Ferreira, no boxe. Até quem ficou sem medalha por muito pouco como Ana Sátila, com seu desempenho histórico – 4º lugar no K1 e 5º no C1, e dona dos melhores memes das redes sociais, ganhou o carinho da torcida.

  5. Mas não foram só elas que brilharam. Entre os homens também houve a formação de novos ídolos e a confirmação de outros. Nomes pouco conhecidos como William Lima, do judô, Caio Bonfim, da marcha atlética, Edival Pontes “Netinho”, no taekwondo, e Augusto Akio, com seus malabares e manobras fantásticas no skate park, fizeram a torcida vibrar com seus desempenhos; 

   6. E outros mais conhecidos como Gabriel Medina, que realizou o sonho da medalha olímpica, com o bronze no surfe; Isaquias Queiroz, com uma arrancada espetacular para ficar com a prata no C1 1000m da canoagem velocidade; e Alison dos Santos “Piu”, bronze nos 400m com barreiras, a segunda medalha olímpica dele, confirmaram que estão os melhores das suas modalidades.

   7. Além das performances dos medalhistas em Paris, o Brasil vê com bons olhos desempenhos de atletas que ficaram a uma vitória do pódio, como, por exemplo, Hugo Calderano, do tênis de mesa, Rafaela Silva e Rafael Macedo, do judô; Jucielen Romeu, Keno Machado e Wanderley Pereira, do boxe, e Giullia Penalber, da luta livre. E também a multimedalhista Rebeca Andrade, que ficou em quarto lugar na trave.

  8. “Pequenos detalhes fazem muita diferença entre uma medalha de ouro, de prata, de bronze, um quarto ou um quinto lugar. Se algumas ondas, alguns ventos e algumas situações não tivessem acontecido, a gente teria ainda mais motivos para comemorar”, disse Ney Wilson, diretor de Alto Rendimento do COB.

  9. Em termos de evolução das modalidades, foram muitas campanhas históricas além das já citadas anteriormente. Começando pelo atletismo, o revezamento misto da marcha atlética – com Caio Bonfim e Viviane Lyra - chegou em 7º lugar na estreia da prova; Luiz Maurício conseguiu o recorde sul-americano no lançamento do dardo, alcançando uma final olímpica para o Brasil na prova após 92 anos; Valdileia Martins quebrou o recorde brasileiro, que durava 35 anos, e conseguiu a melhor marca da carreia, com 1,92m no alto em altura; e Almir Junior se tornou o primeiro finalista brasileiro do salto triplo desde Pequim 2008.

   10. No badminton, Juliana Viana conseguiu a primeira vitória olímpica de uma brasileira na modalidade; Gustavo “Bala Loka” conseguiu o top-10 no ciclismo BMX, com o 8º lugar no Freestyle; Mafê Costa, primeira finalista dos 400m em 76 anos, que também se destacou ao bater o recorde dos 200m na prova de revezamento do 4x200m, com o tempo de 1min56s06; e Miguel Hidalgo ficou no 10º lugar na prova individual do triatlo, a melhor colocação de um brasileiro da modalidade nos Jogos. Todos atletas muito jovens que terão uma margem de evolução até Los Angeles 2028.

   11. “Se o atleta está se preparando de um lado, estamos nos preparando do outro. Em 2023, fizemos a primeira visita a Los Angeles. Temos um consultar local bastante engajado na procura de soluções concretas. Esperamos até o final do ano já termos uma ideia das instalações que irão prover toda a infraestrutura para os atletas. 

   12. Para Brisbane 2032, já começamos a fazer reuniões, uma aqui em Paris, para entender onde será a Vila, perímetro de segurança, e a questão do fuso de 12 ou 13 horas, que exigirá um período de aclimatação bem grande, com estruturas que serão bastante concorridas. Então, temos que trabalhar com antecedência, montar um plano de ação para chegarmos o mais preparados possíveis para esses Jogos”, falou Joyce Ardies, subchefe da Missão Paris 2024 do COB e gerente de Jogos e Operações Internacionais.

  13, Enquanto nomes como Rafael Silva “Baby”, do judô, Jade Barbosa, da ginástica artística, e Bia Ferreira, do boxe, podem ter disputado a última edição de Jogos Olímpicos, outros disputaram a primeira como a mesa-tenista Bruna Alexandre, uma inspiração ao se tornar a primeira atleta brasileira a estar nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

  14. Além disso, as equipes mista de judô e feminina de ginástica artística conseguiram medalhas pela primeira vez; também de maneira inédita, Bárbara Domingos alcançou a final individual da ginástica rítmica; e a seleção feminina de rúgbi sevens conseguiu um importante vitória sobre Fiji, medalha de bronze em Tóquio 2020. Rodrigo Pessoa, medalhista olímpico por três vezes, disputou o hipismo saltos, na sua 8ª edição dos Jogos Olímpicos, se tornando o brasileiro com mais edições disputadas. A evolução e quebra de marcas nas modalidades era um dos principais objetivos do COB em Tóquio 2020.

   15. E não podemos deixar uma vitoriosa nova geração de treinadores brasileiros como Lauro Souza “Pinda”, da canoagem velocidade, Gianetti Sena, da marcha atlética, Sarah Menezes, do judô, e Chico Porath, da ginástica artística, para citar apenas alguns nomes que manter as modalidades no pódio. Nesse sentido, o trabalho da Academia Brasileira de Treinadores (ABT), projeto do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), do COB, têm um papel fundamental.

  16. Fora das arenas, o Brasil também brilhou com projetos como o Parque Time Brasil, a única fan fest oficial fora da França; a Casa Brasil, sucesso com o público e patrocinadores; e as redes sociais do Time Brasil, que quebraram diversos recordes. Entre eles, atingindo a marca de três milhões de seguidores no Instagram, o maior Comitê Olímpico do mundo na plataforma.

  17. “Tivemos cerca de 20.000 pessoas aos finais de semana torcendo pelo Time Brasil, curtindo essa fusão do entretenimento com o esporte no Parque Time Brasil, em São Paulo. Aqui, em Paris, na Casa Brasil, conseguimos propiciar experiências para todas as pessoas. Fizemos não só uma ativação completa para os nossos patrocinadores, mas conseguimos entregar o conceito de conexão dos atletas com os fãs brasileiros e estrangeiros e patrocinadores e celebrar todo o Time Brasil. Foram quase 300 mil fãs juntando o Parque Time Brasil e a Casa Brasil”, comentou Gustavo Herbetta, diretor de marketing do COB.

  20. “O trabalho de comunicação foi muito importante, conseguimos superar os Estados Unidos como o Comitê mais seguido no Instagram. O tamanho das nossas redes atrai público, atrai novos patrocinadores e investimento. A imagem é muito importante para o movimento olímpico do Brasil. A Bia Souza, por exemplo, saiu de 10 mil seguidores para quase 3 milhões. As meninas da ginástica artística viraram ídolas nacionais. Medina teve uma das fotos mais vistas da história dos Jogos Olímpicos. É uma demonstração de que não só o resultado esportivo foi bem sucedido, mas o brasileiro se engajou e consumiu o esporte olímpico”, finalizou Paulo Conde, diretor de comunicação do COB.

   21. Com 20 medalhas, o Brasil encerrou sua participação nas Olimpíadas de Paris. Foram três ouros, sete pratas e dez bronzes. Em comparação às duas últimas edições, Rio e Tóquio, o desempenho foi inferior, mas mesmo com quatro ouros a menos faltou apenas uma medalha para igualar o total da edição anterior. Durante o percurso em 2024, algumas medalhas escaparam e outras vieram sem muita gente esperar. O Torcedores.com selecionou as cinco principais surpresas e as cinco maiores decepções dos Jogos Olímpicos 2024. Confira:

  22. Surpresas: Beatriz Souza - Judô - A judoca Beatriz Souza ganhou a primeira medalha de ouro para o Brasil em Paris. Na categoria acima de 78kg, ela venceu a israelense Raz Hershko, segunda colocada no ranking mundial, na final. Na semifinal, ela bateu a francesa Dicko Romane, atual número um do ranking, por ippon. Nos dois duelos, não era a favorita para vencer.

  23. Futebol feminino -Em um período de transição geracional no futebol feminino, o Brasil enfrentou muitas dificuldades durante o ciclo olímpico. O atual técnico, Arthur Elias, foi anunciado apenas em setembro de 2023. Após a primeira fase decepcionante e classificação em terceiro do grupo, o desempenho na fase final foi surpreendente, com vitórias sobre França e Espanha, atual campeã do mundo.  

  24. Caio Bonfim - Marcha atlética - A medalha de prata de Caio Bonfim foi uma surpresa pela falta de tradição do Brasil na modalidade, que teve a sua primeira medalha em Paris. No ranking mundial, Bonfim ocupa a terceira posição e vinha de bons resultados recentes. Aos 33 anos, o atleta fez sua quarta participação na marcha atlética em Olimpíadas. 

  25. Tati Weston-Webb - Surfe - A brasileira que mora nos Estados Unidos não estava entre as favoritas antes do início da competição e mobilizou a torcida brasileira pela conquista de uma medalha. Tati foi muito bem em todas as baterias e não ganhou o ouro por detalhe, com pontuação de 0,17 inferior à norte-americana Caroline Marks. A medalha de prata foi contestada por especialistas que argumentaram que a surfista merecia a primeira colocação, mas somente o feito de ter chegado à final já foi histórico. 

  26. Augusto Akio (Japinha) - Skate park Em sexto no ranking mundial, Japinha conseguiu se superar e levar o bronze para o Brasil no skate park. Ele superou inclusive outro brasileiro, Pedro Barros, que havia conquistado a prata em Tóquio.

   27. Decepções: Vôlei Masculino - A participação ficou totalmente aquém do esperado. Embora não tenha ido ao Jogos como favorito, já que sofreu com a transação geracional e Bernardinho foi trazido de volta às pressas após o pedido de demissão de Renan Dal Zotto em dezembro de 2023, o desempenho foi muito abaixo, já que a eliminação foi nas quartas de final e houve três derrotas em quatro jogos na competição.

  28. Boxe masculino - O boxe masculino foi uma decepção completa em Paris, como definiu o técnico do time brasileiro, Mateus Alves: "É sentar agora e reavaliar, ver o que aconteceu. Porque uma equipe que ganhou quatro medalhas mundiais, ganha o Pan-Americano em cima de Cuba, dos Estados Unidos com time completo, não pode vim pra cá, pegar um bronze (Beatriz Ferreira) e achar que foi bom. Nós não cumprimos a meta, foi um fracasso". De acordo com Alves, os atletas sucumbiram à pressão. Em Tóquio, a modalidade trouxe três medalhas para o Brasil: Ouro com Hebert Conceição, Prata com Bia Ferreira e bronze com Abner Teixeira, que foi eliminado na primeira luta em Paris. 

  29. Natação - A decepção na natação, uma das modalidades mais tradicionais do Brasil nas Olimpíadas, começou antes mesmo do início dos Jogos. A delegação brasileira presente foi a menor do século, o que resultou na pior campanha no período. Não houve medalhas e o Brasil chegou apenas a quatro finais, sendo três no feminino, com destaque para Fernanda Costa (Mafê), que ficou em 7° lugar nos 400m livre e Beatriz Dizotti, que ficou na mesma posição nos 1500m. O masculino preocupa já que alcançou apenas uma final, com Guilherme Costa, o Cachorrão, que ficou em 5° nos 400m livre. Ele fez o melhor tempo de sua carreira e quebrou recorde pan-americano na prova. Este desempenho garantiria medalha nos últimos dois Jogos. 

  30. Marcos D'Almeida - Tiro com arco -  Marcus D’Almeida, número um do ranking mundial do tiro com arco, chegou à Paris como uma das grandes esperanças de medalha para o Brasil. No entanto, as expectativas não se confirmaram e ele foi eliminado nas oitavas de final para o coreano Woojin Kim, número 2 do ranking.

  31. Kelvin Hoefler - Skate -Kelvin Hoefler, medalha de prata em Tóquio, foi o único brasileiro a participar da final do skate street. Porém, em nenhum momento o skatista conseguiu se manter na disputa das primeiras posições e errou bastante. Acabou na sexta posição.