É consensual entre os amantes do futebol que a seleção brasileira necessita mudar de filosofia independente de quem for convocado para atuar nela. Isto é, adotar princípios que sejam norteadores da equipe, o principal deles ter uma seleção ofensiva e que busca o gol do princípio do jogo ao fim.
Não importa se vai ganhar (esse é o objetivo principal) ou perder. Jogar com ânimo, determinação, saída rápida do ataque para a defesa, jogadas ensaiadas, toques de bola de primeira, enfim, algo que mostre ao torcedor raça e coragem.
O que vimos na copa que ainda está em andamento foi uma seleção sonolenta, sem ganas, com muitos toques de bola na defesa (do goleiro para o lateral, do lateral para o zagueiro, do zagueiro para o outro lateral, do outro lateral para o goleiro), muitos toques para trás, poucos lançamentos e isso entristeceu o torcedor desde a primeira fase de classificação, deixando claro que a seleção não conquistaria o hexa.
Não cabe aqui analisar o desempenho deste ou daquele atleta porque o leite já foi derrmado e não volta mais para a vasilha, nem muito menos consertar erros que já veem se acumulando há anos numa equipe considerada burocrática.
Só é observar algumas seleções que estão ainda jogando na Copa para verificar como jogam. A França, atual campeã do mundo, joga pra frente. O goleiro Lloris bate tiro de metas e faz lançamentos de longa distância para Giroud se virar na frente; os pontas Mabppe e Dembelé são rápidos e puxam o time para o ataque; e Griezemann não dá um toque para trás e sim lançamentos à frente.
O Marrocos atua com essas mesma filosofia. A Argentina idem. O pênalti sofrido pela Argentina contra a Holanda foi provocado pela avanço do lateral Acuña. Messi puxa o time para a frente e Otomendi não tem vergonha de dar chutões para a frente. A Croácia matou o Brasil num contra-ataque puxado por Modric a partir da defesa com lançamento quilométrico para o ponta esquerda, tudo rápido e sem dribles.
Há de se dizer que os brasileiros têm um estilo especial de jogar, de dar dribles, de firular, mas o futebol mudou muito ao longo dos anos e quem não se estruturar taticamente não leva nada. A França tem uma jogada - já repetida várias vezes nesta copa - onde os ponteiros Mabppé e Dembelé avançam até quase a linha de fundo e não cruzam a bola para o alto e sim dão passes rasteiros para quem vem de trás em velocidade. Quase sempre resulta em gols.
Psicologicamente a seleção brasileira deve suprimir todo folclore em seu entorno como dancinhas, pandeiros, sambas, política e assim por diante. Numa Copa, o respeito aos adversários é fundamental.
A Croácia começou a vencer o Brasil no psi com o técnico e jogadores croatas afirmando que o Brasil era o maior, que podiam dançar a vontade, que eram os reis do futebol. Tudo isso é uma contra-ação visando amaciar o ego dos advesários, mas que tem o objetivo claro de provocar o incentivo ao salto alto.
Portanto, independente de quem será o novo técnico, a filosofia tem que mudar.
O futebol empresarial onde marcas ditam convocações deve ser imediatamente suprimido e o time escolhido com, ao menos, 50% de jogadores que atuam no Brasil. Temos três campeonatos estaduais brasileiros - Copa do Brasil, Série A e Série B - com mais de 800 atletas atuando durante todos os anos e não é possível, como aconteceu recentemente, que só sejam convocados 3 atletas para a seleção, ainda assim para a reserva.
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Estamos em 2024, o técnico da seleção em 2022 era Tite (hoje, no Flamengo) e já tivemos Ramon Menezes (técnico uinterinor), Fernando Diniz (demitido em janeiro de 2024) e agora Dorgival Jr. Alguns jogadores da época Tite ainda estão na seleção: Allison, Marquinhos, Danilo, Militão, Bruno Guimarães, Paquetá, Vinicius Jr, Raphina, Martinelli e Rodrigo.
Houve, portanto uma ampla renovação na seleção. Os atletas, em princípio, são bons, A questão maior não foi tratada e minimizada ou resolvida. Isto é, a mudança de mentalidade. Jogar na seleção é algo mais forte, a Nação, a tradição, a história, e todo tipo de estética, firulas, sambas, exaltações, devem ser colocadas de lado. Jogar na seleção é uma coisa muita séria que envolve a autoestima da população.
Vocês viram os jogadores do Brasil batendo pânltis contra o Uruguai: Militão zombando da bola e vários atletas fazendo um "piseiro" antes das cobranças. Quem ensinou isso? Na hora da cobrança Dorgival ficou fora da roda dos atletas implorando para participar.
A seleção dos últimos temos perdeu a confiança da população. Quem viu o jogo Brasil x Colombia nesta Copa América pode observar isso, os comportamentos dos colombianos. Os colombianos usam as mesmas cores do Brasil e são entusiastas e os brasis folclorizados. No jogo Brasil x Uruguai a torcida do Brasil parecia alheia a partida fazendo olá para aparecer na TV.
Ou seja, já que a seleção não impõe respeito também não o merece.
O que fazer?
Ora, pelo que aconteceu ontem, ou Dorgival pede demissão ou se for mantido não convoca mais os atletas que o expulsaram da roda de prelação dos pênaltis. Por outro lado, até para ter empatia com os torcedors brasileiros, a CBF deveria estabelecer uma cota de 70% dos convocados de atletas que atuam no Brasil e 30% dos que atuam no exterior.
Hoje, quem acompanha o campeonato brasileiro vê, assiste pela TV, várias atletas da Bahia, Ceará, Cuiabá, Paraná, RS, Minas, SC, SP e RJ bem melhores do que os que jogam na seleção. Tachiano, do Bahia, é melhor do que os tais atacantes da seleção.
Ademais, lembram que a bem da moralidade presidentes de federações tentaram retirar Ednaldo do comando da CBF e realizar uma nova eleição. Ele foi afastado, mas o ministro Gilmar Mendes (STF) lhe devolveu o cargo.
Pronto, até 2026 e novo fiasco.
Antes que chege essa data a população precisa ter cuidado com a crônica esportiva brasileira que endeusa jogadores antes dos feitos. Lembrando, aos apressados, que só recenemente, Messi foi campeão do mundo. (TF)