ZédeJesusBarrêto comenta que o Brasil chegou de salto alto e perdeu para a França caindo para sapato baixo
ZedeJesusBarrêto , Salvador |
13/12/2022 às 18:39
Os italianos campeões de 2006
Foto: REP
Um elenco de craques às vezes não basta; é preciso ter gana, vontade de vencer. No futebol, além de técnica e força física é preciso ter alma.
Chegamos na Alemanha como Campeões do Mundo, um elenco de craques, estrelado, banca de favoritos e nariz pra cima, salto alto. O treinador, Carlos Alberto Parreira, não soube conter os egos. Ronaldinho Gaúcho eleito duas vezes o melhor do Mundo, Ronaldo também (2002), Kaká já um astro do Milan, Adriano fazendo gols e impressionando pela força física, Cafu, o super goleiro Dida, Roberto Carlos, Robinho chegando... quem nos venceria? Talvez a empáfia, a pose, o salto alto. Ou a França de Zidane, de novo.
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O país do lulopetismo
O Brasil de 2006 surfava no boom da economia mundial, o primeiro mandato de Lula era bem avaliado, a despeito da crise e processos do ‘mensalão’, o governo petista tinha um marketing populista bem montado em cima do combate à fome e a pobreza no país, o que levaria o presidente Lula a um segundo mandato, nas urnas.
O país chegava a mais de 183 milhões de habitantes, era o quinto mais populoso e a 10ª economia do mundo, a despeito das desigualdades sociais persistentes e do baixo nível educacional. O dólar estava cotado em 2,15 reais (média anual) e a inflação abaixo dos 4%. A Petrobrás, maior empresa brasileira, colocada entre as 50 maiores do mundo e minérios, petróleo, automóveis, açúcar e soja eram nossos principais produtos de exportação.
Na área do esporte, destaque para a alagoana Marta Vieira da Silva, então com 20 anos, eleita a melhor jogadora de futebol do mundo, pela FIFA. Meia atacante, desde 2002 atuava pela seleção brasileira.
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Alemanha unificada
A Alemanha sediaria a Copa do Mundo pela segunda vez, a primeira depois da unificação das duas alemanhas (a ocidental e a oriental), com 83 milhões de habitantes, terceira maior economia do planeta, um PIB de 3,2 trilhões de dólares, somente atrás dos EUA e do Japão.
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Os jogos aconteceram em 12 cidades: -Berlim, Munique, Dortmund, Stuttgard, Hamburgo, Frankfurt, Gelsenkirchen, Kaiserslautern, Colônia, Hannover, Leipzig e Nuremberg. A maioria dos estádios foram reformados ou reconstruídos para a Copa.
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O poster da copa foi escolhido por votação popular feita por telefone com 50 mil pessoas. Venceu o trabalho da agência publicitária We Do Comunication, de Berlim. Duas mascotes: Pille, uma bola falante, e Goleo, um leão.
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Os atletas brasileiros da Copa de 2006, comandados por Parreira:
Dida (titular), Rogério Ceni e Júlio Cesar, os goleiros; Os laterais: Cafu, Roberto Carlos, Cicinho e Gilberto; Os zagueiros, Lúcio, Juan, Luisão e Cris; Meio-campistas: Emerson, Zé Roberto, Gilberto silva, Mineiro, Kaká, Juninho e Ricardinho; Atacantes, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Fred e Robinho.
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Pra começo de conversa ...
- Messi começava a carreira na seleção e a Argentina goleou na primeira fase a seleção da Sérvia/Montenegro por 6 x 0, gols de Messi, Tevez, Crespo, Cambiasso e dois de Maxi Rodrigues.
- Felipão treinava Portugal, que tinha Cristiano Ronaldo em começo de carreira, o ótimo ponta Figo e o brasileiro Deco no meio-campo. Zico era o técnico do Japão.
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Campanha opaca
O Brasil começou fazendo 1 x 0 na Croácia, no dia 13 de junho, em Berlim, com 72 mil pessoas presentes, o gol de Kaká aos 44 minutos do primeiro tempo. No ataque, Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo, depois Robinho. Mas quem brilhou mesmo foi o goleiro Dida, com umas três ou quatro defesas espetaculares, garantindo nosso triunfo apertado e sem brilho.
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No segundo jogo, em Munique, dia 18 de junho, ganhamos da Austrália (2 x 0) com gols de Adriano e Fred, no primeiro tempo, noutra atuação burocrática, mas que praticamente classificaria o Brasil para as oitavas.
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A derradeira partida da fase classificatória foi contra o Japão, em Dortmund, dia 22, uma goleada de 4 x 1, construída no segundo tempo. Contam que foi a melhor apresentação brasileira na copa. O Japão abriu o placar na primeira etapa, aos 34’, e Ronaldo empatou com um gol raro de cabeça, antes do intervalo. Fizemos um animador segundo tempo, com três gols: um de Juninho Pernambucano, que batia bem na bola, outro de Gilberto, aos 15 minutos, aproveitando ótimo passe de Ronaldinho, em raro momento de brilho do astro gaúcho, e o centroavante Ronaldo fechou a goleada, aos 45 minutos, num chute bem colocado.
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Oitavas de final
Portugal x Holanda travaram uma batalha campal – o árbitro russo Valentin Ivanov distribuiu 16 cartões amarelos e mais quatro vermelhos. Portugal venceu com um gol de Maniche, seguindo em frente com a França de Zidane, mesmo sem grande futebol.
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Nas oitavas o Brasil pegou uma mangaba, Gana, no dia 27 de junho, em Dortmund, e enfiou 3 x 0, com gols de Ronaldo e Adriano, no primeiro tempo e Zé Roberto no segundo. A despeito do placar folgado, a expulsão de um ganês, o destaque foi outra grande atuação do goleiro Dida, com defesas de vulto, salvadoras.
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A Alemanha mandaria a Argentina de volta pra casa e os italianos, como sempre, cresciam na reta de chegada.
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De novo a França de Zidane
Aí, nas quartas-de-final, o Brasil enganchou-se com a França de Zidane, outra vez, num sábado à noite, em Frankfurt, dia 1º de julho, França 1 x 0, gol de Thierry Henry, aos 12 minutos, com passe de Zidane. Para muitos jornalistas presentes, teria sido o ‘dia em que o brasil não jogou’. Trauma dos franceses? Fomos uma equipe apática em campo vendo Zidane desfilar, dar as cartas. No primeiro tempo não chutamos uma bola sequer na direção do gol de Barthez.
- Aos 12 minutos do segundo tempo, numa falta de Lúcio pela lateral direita defensiva, a primeira cometida pelo zagueiro em toda a copa, cinco franceses e oito brasileiros na área, esperavam o cruzamento, quando Zidane viu Henry do lado oposto, livre, e cruzou preciso para o atacante entrar no segundo pau, bola descaindo, e empurrar paras as redes, sem qualquer marcação. Roberto Carlos, que deveria marcá-lo, foi flagrado ajeitando o meião, mais adiante, distraído... Pior, o time não reagiu em campo.
Voltamos mais cedo pra casa com a cara mexendo e uma apresentação decepcionante numa copa em que éramos tidos por todos como favoritos, pelo elenco que lá estava. Uma equipe desmotivada, desalmada.
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Franceses x Italianos
A França na sequência detonou os portugueses de Felipão e a Itália arrasou com a Alemanha, enfiando 4 x 1, com prorrogação, na casa dos germânicos. Os italianos iriam para a final com uma defesa que tinha sido vasada apenas uma vez.
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A final
Em Berlim, 9 de julho, 70 mil pessoas viram Itália 1 x 1 França, nos 90 minutos, mais 30 de prorrogação. A Itália sagrou-se campeã do mundo, então, pela quarta vez. Dessa feita, na Alemanha, o título saiu na cobrança de tiros livres da marca do pênalti.
O joguinho da final merecia mais, foi morno e travado. Zidane abriu o placar, aos 7 minutos, cobrando com riscos e empáfia um pênalti cometido pelo zagueirão Materazzi, 32 anos, da Inter de Milão, em Malouda. Buffon caiu para um lado e Zidane deu um tapinha de cobertura, a bola bateu no travessão e desceu, quicando um metro dentro do gol.
O mesmo Materazzi, enjoado e brigão, empatou, aos 19 minutos, testando a cobrança precisa de Pirlo, batendo escanteio. Zidane e Materazzi, por sinal, seriam protagonistas de uma das cenas mais bizarras de todas as copas.
Assim: - o jogo já caminhava para seu final, no tempo regulamentar, quando as câmaras mostraram Zidane e Materazzi caminhando juntos, saindo da área italiana depois de um lance que não resultou em nada. Pareciam conversar, trocar provocações, quando, de repente, Zidane se voltou rápido e deu uma cabeçada certeira, dessas de lutador de MMA, no tórax de Materazzi, que desabou no gramado, ‘nocauteado’. O bandeira viu, chamou a atenção do árbitro, que expulsou o meia francês, depois de dois minutos de partida paralisada.
O que teria dito Materazzi para provocar a reação de Zidane? Xingou a mãe, a irmã de Zidane? Ah, só eles sabem a verdade, mas o fato é que o italiano, malandrão, tirou melhor proveito da lambança, provocando a expulsão de Zidane, um líder em campo e o melhor cobrador de pênalti do time francês. A Itália campeã, Materazzi nem aí pra cabeçada que levou na caixa dos peitos. Só comemorou.
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O time italiano campeão
Buffon, Zambrotta, Cannavaro (eleito o melhor da copa) Materazzi e Grosso; Gatuso, Pirlo (um cracaço de bola) Perrota e De Rossi. Camaronesi, Del Piero, Totti, Toni, Inzaghi ... sob a batuta de Marcelo Lippi, de 58 anos.
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A próxima Copa do Mundo, em 2010, seria na África do Sul, a primeira copa em continente africano, uma grande festa de misturas, culturas, diferenças ...