ZédeJesusBarrêto é o autor da série Historiando as Copas do Mundo
Tasso Franco , Salvador |
08/11/2022 às 09:30
A seleção da Argentina e o craque Maradona
Foto: Comenbol
“Tem de jogar e chegar junto. Onze lutadores sem talento não resolvem. Onze talentos sem espírito de competição também não trazem a Copa. Quem joga futebol tem de brigar pela bola. Por mais técnico que seja, tem botar o coração pra fora ... tem de ir pra luta, disputar o jogo com vontade”
(do Mestre Ziza, o grande Zizinho, meio-campista, o ídolo de Pelé, numa entrevista às vésperas da Copa de 86 no México, dando o recado)
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Foi a Copa de Diego Maradona, seu auge. Eleito ‘o craque’ do mundial, o argentino, que jogava então no no Nápoli/Itália, pincelou jogadas e gols pelos gramados, pinturas, e fez até gol de mão, sobre os ingleses: “usei minha cabeça e a Mão de Deus”, diria depois, milongueiramente. Talvez uma vingança particular pela ‘derrota’ dos conterrâneos platinos na Guerra das Malvinas. A Argentina levantaria no México a Copa do Mundo pela segunda vez.
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Os mexicanos sediaram a Copa de 86 por acaso e na base da influência. A Colômbia fora escolhida mas, dois anos antes do evento, em meio a um turbilhão de crises internas – de ordem econômica e política -, sem condições concretas de cumprir as exigências da FIFA para a realização dos jogos, os colombianos desistiram.
Alguns países se candidataram, até o Brasil, mas os mexicanos chegaram primeiro porque tinham realizado a Copa de 70 com êxito, a infraestrutura estava garantida, e mais: o então vice-presidente da FIFA era o bilionário mexicano Guillermo Cañedo, sócio da Televisa, do Estádio Azteca, do América (time da Capital) e amigo pessoal, compadre do todo-poderoso João Havelange – que batizou filhos do influente empresário.
Ao México, pois... com o sopro no pé da orelha de um milenar ensinamento oriental: “não se deve voltar ao lugar onde se foi um dia muito feliz”.
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A Seleção Brasileira que voltaria então ao México (lá conquistamos o TRI em 70 com talento e arte) era um remendo do que sobrou da ‘tragédia de Sarriá’, em 82, com o mesmo treinador Telê Santana e os remanescentes - Oscar, Edinho, Junior, Sócrates e Zico - envelhecidos, alguns fora de forma e outros às voltas com lesões.
Tínhamos caras novas, nenhum fora de série, administramos bem e/ou mal questões disciplinares e caímos nas quarta-de-final para a França de Platini e Tigana, em cobrança de tiros livres da marca do pênalti, após empate (1 x 1) no tempo regulamentar e prorrogação.
Faltou-nos sim um pouco de sorte e também eficiência. Não jogamos bonito nem decepcionamos. Levamos um gol apenas na competição e lá ficamos sabendo quem era o destemido Josimar, lateral direito do Botafogo convocado às pressas com a saída de Leandro, que terminou brilhando com dois golaços e arrancadas fogosas.
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O Brasil de Sarney
A redemocratização estava em andamento, sob os bigodes do presidente José Sarney, astuto político maranhense que chegara à presidência depois da morte inesperada e sentida do eleito Tancredo Neves em 21 de abril de 84. Sarney era o vice na chapa do mineiro Tancredo que nem chegou a tomar posse.
A despeito do horror da AIDS, da inflação absurda, do cruzeiro virando cruzado, dos chorumes ainda malcheirosos da ditadura, as velhas bandeiras de reformas (a agrária sobretudo) estavam hasteadas, havia a expectativa de eleições diretas, de uma nova constituição, e a voz esperançada de lideranças como Brizola, Darcy Ribeiro, Waldir Pires...
Nosso Luis Caldas cantava sem censura ou patrulhamentos o Fricote (“nega do cabelo duro/que num gosta de pentear/quando passa na Baixa do Tubo/ o negão começa a gritar:/ pega ela aí, pega ela aí/ pra quê?”, de Paulinho Camafeu); Gerônimo bradava sobre o Trio na avenida: ‘Eu sou Negão, meu coração é a Liberdade’, ouvia-se “Eduardo & Mônica” nas rádios e o amanhã parecia estar nascendo logo ali...
Nossa população era de mais de 130 milhões de pessoas, as desigualdades exigiam mudanças, o dólar a 805 cruzados, o salário mínimo que em janeiro era de 600 mil cruzeiros terminou o ano a 804 mil cruzados. Xuxa fazia sucesso na tevê e o Cacique Raoni tornou-se celebridade com seu gravador a tiracolo, aquele beição alargado e pajelanças em palácios.
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De Evaristo a Telê, de volta
Evaristo de Macêdo, então com 54 anos, ex-craque artilheiro do Flamengo, Barcelona e Real Madrid (depois técnico Campeão Brasileiro com o Bahia em 1989) era o treinador da Seleção Brasileira em 1985. Ele renovou o elenco daquela campanha de 82, só manteve daquele time de Telê o zagueiro Oscar e o ponta Éder. Por insistir na renovação, uma nova mentalidade, e em disputar as Eliminatórias Sul-americanas só com atletas que jogavam no Brasil, o Mestre Evaristo foi despedido pelo presidente da CBF Giulite Coutinho, que queria no time Falcão, Zico, Junior, Sócrates... que atuavam na Europa.
Para o lugar de Evaristo a CBF chamou de volta o treinador Telê Santana, que estava treinando o Al-Ahli, da Arábia Saudita. Chegou, classificou o Brasil para a Copa sem maiores problemas e, em fevereiro de 86, convocou o grupo para a disputa no México, inicialmente com 29 jogadores, inclusive os craques de confiança de 82, alguns com problemas físicos.
Não conseguia definir um time. Além das lesões, Telê teve de lidar com problemas disciplinares. Cortou o indócil Éder (29 anos) em abril. Antes, em fevereiro, já tinha dispensado o ponteiro direito Renato Gaúcho, campeão mundial pelo Grêmio, então com 20 anos e no auge, por conta de uma noitada de farra - só retornou à concentração, pulando muro, perto do amanhecer.
No dia da viagem ao México, o lateral Leandro não apareceu, pediu dispensa alegando solidariedade a Renato, pois estava com ele naquela noitada, e também porque não mais queria ou achava que não tinha mais condições de jogar de lateral, preferia atuar no miolo de zaga, como já fazia pelo Flamengo. Telê chamou o desconhecido Edivaldo para o lugar de Renato e convocou às pressas Josimar para o lugar de Leandro.
Grupo fechado, arriba México! Mesmo com todas as desconfianças da mídia esportiva e da torcida brasileira. Aquela equipe de Telê já não encantava como a de quatro anos atrás.
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El México
Os mexicanos mal saiam de uma tragédia, acontecida em setembro de 85: um terremoto de magnitude 8.1 na escala Richter atingiu em cheio a capital, La Ciudad de México, deixando em escombros mais de 800 prédios e cerca de cinco mil mortos, segundo dados oficiais. Mais de 15 mil teriam morrido, diziam. Mas os estádios Azteca e Olímpico suportaram bem os tremores.
Doze estádios foram utilizados na Copa, em 10 cidades mexicanas – Guadalajara, Monterrey, Puebla, Queretaro, Nou Camp, Zapopan, Irapuato, Toluca, Nazahualcóyotl, além da capital.
O ‘mascote’ da Copa foi o Pique (de picante), uma pimenta verde chamada jalapeño – muito usada na ardente culinária local –, desenhada com bigodes e sombrero. Mariachis tocando e sabores garantidos, era só a bola rolar.
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O roteiro brasileiro
A seleção brasileira não encontrou aquelas facilidades de 1970, mesmo tendo garantido e repetido a estadia em Guadalajara. Faltou-nos um melhor planejamento. Tivemos dificuldades até para conseguir campo de treinamento. Mas passamos da primeira fase, classificamo-nos para as oitavas de final sem levar gols, jogando apenas para o gasto, sem convencer, com apenas alguns lampejos individuais.
A estreia foi contra a Espanha, ao meio dia de um domingo, dia 1º de junho, no estádio Jalisco. Daquela equipe de 82, apenas Sócrates e Junior (agora no meio-campo) escalados.
Vencemos de 1 x 0 com a ajuda da arbitragem australiana (Chris Bambrigde no apito), que não viu o gol de Michel, aos 8 minutos do segundo tempo: o meia espanhol mandou uma bomba de fora da área, a bola bateu no travessão de Carlos e quicou dentro. Não tinha VAR, o árbitro olhou para o bandeira e mandou rolar. Aos 17’, Júnior avançou, achou Careca livre, o chute do centroavante bateu no travessão de Zubizarreta, a bola quicou na pequena área e Sócrates, livre, testou para as redes. Bastou o 1 x 0.
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Na sequência, no dia 6, o mesmo gramado e o mesmo 1 x 0 chorado contra a Argélia, gol de Careca aos 21 minutos do segundo tempo, aproveitando com oportunismo um bom cruzamento de Müller e uma trapalhada da defesa argelina.
Já classificado, o Brasil venceu bem o terceiro jogo (3 x 0) contra a Irlanda do Norte. A grande novidade desse jogo foi a entrada do desinibido lateral Josimar, 24 anos, no lugar do lesionado Edson. Careca abriu o placar aos 15 minutos, novamente concluindo cruzamento de Müller.
E o estreante Josimar surpreendeu com um golaço, aos 41’, acertando um chute da intermediária no ângulo do goleiro Jennings. Aos 43’ do segundo tempo, Zico - que ali estreava substituindo Sócrates, já sem pernas - deu um passe de calcanhar na área para Careca, livre, ampliar, 3 x 0. O Galinho entrou para testar o joelho, há meses lesionado, sob tratamento constante e doloroso.
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Goleamos (4 x 0) a Polônia nas oitavas de final, numa segunda-feira, 16 de junho. Pela primeira vez jogamos de forma mais convincente, com domínio das ações em campo. Sócrates marcou de pênalti (muito contestado pelos polacos) sobre Careca, aos 30 minutos.
Logo aos 9’ da segunda etapa, Josimar fez a obra-prima de sua carreira, arrancando pela direita em velocidade, livrando-se de dois marcadores e, já na linha de fundo, mandando um chute enviesado e potente entre o goleiro e o poste, estufando as redes: 2 x 0. Os poloneses não conseguiram reagir e, aos 33’, Careca viu Edinho penetrando em velocidade nas suas costas e serviu, de calcanhar; o zagueiro brasileiro ainda deixou caído o goleiro antes de completar- 3 x 0. O quarto foi de pênalti, cometido pelo goleiro em Zico (que de novo substituira Sócrates), aos 38 minutos; Careca cobrou, a bola foi espalmada pelo goleiro, bateu numa trave, correu por cima da linha, bateu na outra e entrou mansa.
Enfim, a torcida brasileira presente em Guadalajara se animou e saiu festejando pelas ruas: “O Papa é polonês, mas Deus é brasileiro”. O carismático João Paulo II reinava no Vaticano.
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Faltou sorte contra França
Caímos nas quartas de final para a França de Platini, Tigana, Amoros, Giresse... um timaço treinado por Henri Michel, no dia 21 de junho, um sábado. O jogo foi decidido em cobranças de tiros livres da marca do pênalti, depois do empate (1 x 1) no tempo regulamentar, e sem gols na prorrogação de 30 minutos. Fomos infelizes nas cobranças. Foi uma partida bem jogada, 120 minutos de bola no chão, poucas faltas, lances bonitos, emoções, um público de mais de 65 mil pessoas no Jalisco. Parecia uma final.
O Brasil fez 1 x 0 aos 17 minutos, Careca completando boa trama com Junior e Müller. Platini empatou já no finzinho do primeiro tempo, escorando na pequena área um cruzamento rasante e forte da direita de Rocheteau; a bola parecia fácil para a defesa do bom goleiro Carlos, que se atirou nela, mas a pelota desviou antes em Edinho e sobrou limpa para o craque Platini que penetrava livre do lado oposto. O camisa 10 da França não perdoou.
Um lance importante e decisivo aconteceu por volta dos 30’ do segundo tempo: - Zico, que acabara de entrar, dessa vez no lugar de Müller, enfiou passe em profundidade para a corrida do lateral esquerdo Branco, que foi derrubado na área pelo goleiro Bats. Pênalti marcado, Zico, ainda frio e sem ritmo de jogo por conta dos problemas com o joelho, cobrou mal, Bats adivinhou o lado e defendeu.
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Na cobrança dos ‘pênaltis’, depois de finda a prorrogação sem gols, os franceses foram mais felizes. Sócrates perdeu logo a primeira batida, displicente, Bats pegou. Alemão e Zico marcaram. No terceiro tiro dos franceses, Bellone acertou a trave, a bola na volta bateu nas costas do goleiro Carlos, que caíra para a defesa, e entrou. Azar.
O astro Platini, que nunca errava cobranças, chutou fora, mas o zagueiro Julio Cesar, na sua vez, encheu o pé e carimbou a trave que até hoje balança na sua mente. Fernandez acertou a derradeira e mandou o Brasil de Telê de volta pra casa.
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A Copa, pois, estaria nos pés da obstinada, disciplinada Alemanha, que na sequência derrotaria a França de Platini, e/ou nos pés da Argentina do gênio Maradona, que esteve iluminado no México.
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O Olé de Dom Diego
O elenco argentino não era dos melhores, em termos de talentos individuais, mas estava bem comandado, uma equipe bem arrumada pelo competente treinador Carlos Bilardo (46 anos) e tinha um gênio da bola, o ‘pibe’ Maradona, no auge, inspiradíssimo, o camisa 10.
Os argentinos estrearam fazendo 3 x 0 sobre a Coréia do Sul, três gols nascidos de passes preciosos de Maradona. Na segunda rodada, Itália 1 x 1 Argentina; o gol de empate foi dele, Maradona, livrando-se do marcador Bagni, seu companheiro no Nápoli, e finalizando. Os hermanos classificaram-se com 2 x 0 fácil sobre a Bulgária. O melhor estava por vir.
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La mano
O jogo inesquecível da Copa 86 no México foi, sem dúvida, aquele Argentina 2 x 1 Inglaterra, pelas quartas de final. Ali o craque tornou-se um mito. Muita rivalidade histórica, na bola e na política, uma partida duríssima no primeiro tempo, mas...
Aos 6 minutos do segundo tempo, numa bola alçada despretensiosamente para a área inglesa, o goleiro Shilton (de 1m84) saiu para colher com uma mão apenas o cruzamento, mas o baixinho Maradona (de 1m68) foi ao encontro dele, saltou o que pode de pernas encolhidas e deu um soquinho malandro na pelota, o suficiente pra tirá-la do alcance do goleiro e desviá-la para as redes...
Espertamente, Maradona saiu comemorando o gol. “Usei a cabeça e la mano de Dios” -, diria. O árbitro da Tunísia, Ali Bennaceur, longe do lance e o bandeira na lateral nada viram, confirmaram o gol, sob protestos inflamados dos ingleses que reclamavam e apontavam a mão, a ilegalidade do lance.
Depois de muito ‘bafafá’, três minutos de bola parada, gol validado, os bretões inconformados desconcentraram-se e ...
Obra de arte
No minuto seguinte de bola rolando, Maradona fez o gol mais bonito, individualmente, de todas as copas. Antológico. Recebeu a bola uns três a cinco metros antes da linha divisória, ainda em campo argentino, lado direito, perto da linha lateral, livrou-se com um drible de corpo de dois marcadores (Reid e Breardsley), enveredou em velocidade para o meio, a bola no pé canhoto, passou fácil pelo ‘pitibul’ Fenwick, encarou e cortou o goleiro Shilton, que saiu adoidado, e ainda deixou o becão Butcher esparramado, enquanto ajeitava o corpo e tocava de canhota, sutilmente, para o fundo das redes. Obra de arte, pintura. Foram cerca de 60 metros percorridos em apenas 10 segundos. Ele e a bola.
Passada a perplexidade, os ingleses foram pra cima, martelaram, até diminuíram com um gol de cabeça de Linneker (2x 1), aos 36 minutos.
Mas a Copa era mesmo de Maradona. Na semifinal, contra a Bélgica, ele matou o jogo com dois gols em 11 minutos, no segundo tempo. No primeiro, aos 7 minutos, deixou quatro belgas pra trás, numa arrancada pelo meio, e desviou na saída do ótimo goleiro Pfaff.
A Argentina enfrentaria, na final, a cascuda, robusta e determinada Alemanha do goleiro Schumacher, do zagueirão Briegel, do ótimo meio-campista Matthaus e do avante Rummenigge, equipe treinada pelo mito Franz Beckenbauer.
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Argentina Campeã pela segunda vez
A final foi num domingo, 29 de junho, dia dos santos católicos São Pedro & São Paulo, pleno meio dia, Estádio Azteca, capital mexicana. Cerca de 115 mil pessoas nas arquibancadas e o brasileiro Romualdo Arppi Filho no apito.
- Os sul-americanos abriram o placar aos 22 minutos, numa cabeçada do zagueiro Brown, aproveitando-se de uma saída errada de Schumacher, que tentou cortar um cruzamento pelo alto de Burruchaga, em cobrança de falta, e não achou a bola – 1 x 0. Valdano ampliou (2 x 0) aos 11’ do segundo tempo, a defesa alemã avançada e o avante entrando livre em velocidade para desviar do goleiro.
Os germânicos, como sempre, não desistiram e conseguiram empatar: - Rummenigge escorou de carrinho um cruzamento rasteiro, aos 28 minutos, diminuindo (2 x 1); e o atacante Völler empatou aos 36’, de cabeça, a bola passando alta entre as mãos do goleiro Pumpido.
Três minutos depois, Maradona, mesmo cercado por três alemães no circulo central, enxergou a arrancada de Burruchaga fechando da direita pelo campo inimigo e enfiou aquele passe certeiro, no chão... o atacante entrou livre e tocou por baixo do goleiro alemão, garantindo o título e a entrega da taça, a ‘Copa Fifa’, ao capitão Diego Maradona, pelas mãos do presidente mexicano Miguel de la Madrid.
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Os Campeões
- Pumpido, Cuciuffo, Brown, Ruggeri, Olarticoechea; Giusti, Batista, Enrique e Maradona; Burruchaga, Trobiani, Valdano. E mais Islas, Clausen, Passarella... sob o comando de Carlos Bilardo.
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O artilheiro da Copa foi o meia-atacante Linneker da Inglaterra, com 6 gols, seguido de Elkjaer, da Dinamarca, com 5 gols. Os dinamarqueses aplicaram uma goleada (6 x 1) histórica no Uruguai.
E o craque da Copa, óbvio, foi Diego Maradona.
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O nativo ‘Pibe d’Oro’
Diego Armando Maradona nasceu em Lanús, subúrbio pobre de Buenos Aires, em 30 de outubro de 1960. Infância brincando de bola no meio da rua. Com 16 anos já vestia a camisa do time principal do Argentino Júniors, atarracadinho e abusado como um bom garoto mestiço latino-americano. Arteiro, enjoadinho e talentoso.
Em 81 já estava no Boca Juniors e foi para o Barcelona logo depois da Copa de 1982. Em 1984 jogava no Nápoli, endeusado pelos italianos do pé da bota. Em 86, a glória no México, com a seleção Argentina. Em 1991 foi suspenso (15 meses fora dos campos) pela FIFA, por uso de cocaína.
Espetaculoso, terrível, era temido dentro de campo e polêmico fora dos gramados. Politizado, fã de Guevara, amigo de Fidel Castro, contestador, língua afiada, vida desregrada, vaidoso e de nariz empinado como todo argentino que se preze, chegado a tangos e milongas. Uma figuraça, endeusado como Gardel, Perón, Evita ...
As polêmicas o acompanharam até depois de sua morte, na Argentina, em 20 de novembro de 2020.
Maradona era fã declarado de Rivelino e foi, para muitos, o melhor jogador de futebol do mundo, depois de Pelé – que era mais completo que ele, mais atleta, mil gols a mais, mais títulos conquistados e bem mais tempo de reinado em campo. Mas, para os fanáticos argentinos ele seria a encarnação de um Deus, tem até uma religião maradonista por lá.