O discurso de despedida do presidente da FIFA Stanley Rous, lido no gramado, sem se referir ao seu sucessor eleito
ZedeJesusBarrêto , Salvador |
18/10/2022 às 09:26
Seleção campeã da Alemanha
Foto: REP
A Laranja Mecânica assombrou mas não assustou
os vizinhos alemães, conhecedores dos atalhos
holandeses e das trilhas do futebol
Sempre que falamos e lembramo-nos da Copa do Mundo de 1974 logo vem como maior referência o futebol diferenciado mostrado ao mundo pela seleção da Holanda, chamada de “Laranja Mecânica” - por conta do filme daquele momento, de Stanley Kubrick, e da cor da camisa usada pelo holandeses – e também de “Carrossel Holandês”, uma referência ao estilo e dinâmica de jogo coletivo estonteante da equipe, com os jogadores girando o campo inteiro, sem posição fixa, brigando acirradamente pela bola, sobrando fisicamente, martelando e mastigando impiedosamente os adversários.
A equipe tinha como base o vitorioso Ajax, time campeão europeu treinado por Rinus Micchels, comandado pelo meia atacante Cruijff, ao lado de craques como o armador Neeskens, o zagueiro Krol, os atacantes Rep e Ronsenbrinck ... uma equipe que encantava os olhos.
Mas quem venceu a Copa, travando na final o Carrossel Holandês (2 x 1), foi a técnica e disciplinada Alemanha Ocidental - terra do suculento chucrute -, tal qual acontecera em 1954, na Suíça, ganhando da Hungria de Puskas, tida na ocasião como imbatível.
Não existe equipe invencível, a bola ensina. A Alemanha de 74 era bem superior àquela equipe de 54, dotada de talentos individuais acima da média liderados pelo extraordinário líbero e meio-campista Beckenbauer. Brilhavam também o meia Overath, o lateral Breitner, o artilheiro Müller, o obstinado Vogts, o veloz Holzenbein... atletas até hoje reverenciados pelos germânicos.
E, como treinador, um exímio estrategista, Helmut Shön. O fato é que a Holanda assombrava, mas os alemães tinham um timaço, estavam em casa, sabiam das artimanhas da bola e foram campeões com méritos.
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O Brasil ...
Bem, éramos os campeões do mundo, tricampeões! Os feitos de 70 no México ainda ecoavam, eram reverenciados, recordados. Palmeiras e Internacional, as equipes da moda por aqui, Zagallo mantido como treinador, uma boa estrutura, já aprovada, mas o time perdera o encanto, já não era o mesmo sem Pelé, sem Gérson, sem Tostão, sem Carlos Alberto e sem o pulmão Clodoaldo, cortado por lesão às vésperas da estreia.
Tínhamos um Leão no gol, o destemido baiano Luis Pereira na zaga, Rivelino, Jairzinho, Paulo Cesar Caju... mas não tínhamos equipe, conjunto, força, tampouco liderança. Começamos a competição apáticos e fomos engolidos pelo Carrossel Holandês.
Cá entre nós ...
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Dez anos de farda e regime
Do general Ernesto Geisel, terceiro presidente do Regime Militar iniciado em abril de 1864, que substituiu Garrastazu Médici em 15 de março de 1974:
“Se é vontade do povo brasileiro, eu promoverei a abertura política no Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudade do regime militar. Pois muitos desses que lideram o fim do Regime não estão visando o bem do povo emas sim seus próprios interesses”
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O milagre econômico murchara, as desigualdades se escancaravam, os podres dos porões fediam, incomodavam até as catedrais, e boa parte das Forças Armadas já admitia que estava chegando a hora de repassar o bastão político do país aos civis, através de um processo de abertura lento e gradual, controlado, até uma vigiada redemocratização.
A chamada esquerda radical vinha sendo esmagada, pelas armas, prisões, sumiços e torturas desde 69/70. Setores esclarecidos da Nação clamavam contra o arbítrio, a censura, a violência, e reagia. Afora a absurda e desigual ‘luta armada’, havia um movimento cultural, artístico e comportamental contestatório pungente e incontrolável em marcha.
O governo Geisel, com o seu ‘general guru’ Golbery do Couto e Silva, significou, mesmo ainda sob nuvens de chumbo pesadas, o começo de uma distensão, que chegaria mais adiante a uma retomada democrática, eleições diretas, com a mobilização e pressão da sociedade civil – juventude, igreja, sindicatos, universidades, entidades, artistas...
Mas não foi um processo fácil, até porque forças militares mais radicais de direita estavam em alta em outros países da latino-américa, como o Chile (o general ditador Augusto Pinochet derrubou o socialista Allende em setembro 1973), Argentina, Peru, Paraguai, Uruguai ... E o grupo ‘linha dura’ dos quartéis brasileiros contestava a liderança do ‘alemão’ Geisel, de Golbery, e não queria saber de aberturas.
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O país pulsava, a despeito de toda repressão e insegurança política. A inflação em 74 foi de 35%, o salário mínimo a 377 cruzeiros, o dólar a 7,43 cruzeiros em dezembro. Na música, Caetano e Gil estavam de volta ao palco depois do exílio, e tínhamos os Novos Baianos, Raul Seixas, Roberto Carlos... Mas o grande sucesso, de vera, naqueles dias, era uma romântica canção com letra em inglês “Feelings”, composta e interpretada por um paulistano de 23 anos batizado como Maurício Alberto Kaiserman, porém conhecido com o nome artístico de Morris Albert. Mais de 3 milhões de cópias vendidas só nos EUA.
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No mais, foi a primeira Copa com o brasileiro João Havelange na presidência da FIFA, eleito num congresso em Frankfurt, no dia 11 de junho, derrotando o inglês Stanley Rous (então no cargo), com votos decisivos da Ásia e da África. Havelange, em seu longo mandato, universalizou o futebol, integrando todos os continentes, abrindo portas e janelas das Copas futuras.
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Terrorismo em Berlim
Os alemães realizaram a Copa do Mundo com o maior e mais ostensivo aparato de segurança da história. Delegações confinadas, patrulhamentos dia e noite, polícia e armas nas ruas, cães e vigilância em cada esquina, em torno de todas os estádios e concentrações, jogos...
Providências duras efetivas tomadas por conta do atentado ocorrido nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, quando o grupo terrorista Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica, sequestrou atletas da equipe de Israel e, na ação de guerra do resgate ocorrida no aeroporto militar da cidade, restaram mortos vários atletas e todos os terroristas. A Copa do Mundo era um desafio para os alemães. Foram eficientes e exemplares, a despeito do clima tenso durante a competição.
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A Alemanha, Germany, Deutschland (“terra do povo”) estava dividida em duas: - a Ocidental, capitalista, e a Oriental (sob controle soviético). A população do lado ocidental era de 61 milhões de habitantes. Um país pujante, organizado, renascido e reconstruído depois da destruição e sobre as cinzas da Segunda Grande Guerra (1939/45).
Os jogos aconteceram em Berlim, Munique, Stuttgard, Dusseldorf, Gelsenhirchen, Frankfurt, Hamburgo, Hannover e Dortmund. O Brasil começaria jogando em Frankfurt.
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Uma seleção morna e medrosa
Coube ao Brasil, como tricampeão mundial, fazer o jogo de abertura, no fim de tarde de uma quinta-feira, 13 de junho, dia de Corpus Christi no calendário litúrgico católico, no Waldstadium de Frankfurt, debaixo de chuva. O adversário era a mediana Iugoslávia, que jogou para não perder. O Brasil, insosso e com fastio, achou por bem o empate, sem gols.
O treinador Zagallo chegou a dizer depois que foi um bom resultado, que não podíamos correr riscos, por ser estreia. Ora, ele escalou uma equipe que nunca treinara antes – com Piazza, Rivelino e Paulo Cesar Caju no meio campo; Valdomiro, Jairzinho e Leivinha na frente.
Caju inibido, Rivelino perdido e irritadiço, um Piazza atordoado, Jair sem ver a bola, tomamos sufoco e uma bola na trave no segundo tempo. O técnico alemão Helmut Schön que foi ver o Campeão em campo saiu decepcionado: - “Jogo medroso”, disse. Talvez covarde tivesse sido a palavra mais adequada.
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Contra a Escócia, no dia 18 (terça-feira), a mesma atuação opaca, outro 0 x 0, mesmo Zagallo tendo escalado outro ataque (Jair, Leivinha depois Carpegiani, e Mirandinha). No começo até ensaiamos alguns bons ataques mas o gol não saiu e o time foi recuando, sem pernas ou ânimo para acompanhar o ritmo dos europeus, e levamos sufoco novamente na segunda etapa.
Não sofremos gols nos dois primeiros jogos por conta da boa postura dos zagueiros (Luis Pereira e Marinho Peres), algumas intervenções de Leão e as traves salvadoras. Era uma caricatura mal rabiscada do futebol brasileiro.
Nos classificamos, com as calças nas mãos, por conta dos 3 x 0 sobre o fraco Zaire, do ditador Mobutu, no sábado à tarde, dia 22 de junho, no Parkstadium de Gelsenkirchen, sem chuvas, gramado enxuto. O Zaire tinha levado 9 x 0 da Iugoslávia, só corria e batia.
O ponta Edu escalado na esquerda. Mas foi Jairzinho que abriu o marcador aos 12 minutos, depois de uma bela arrancada de Luiz ‘chevrolet’ Pereira, em jogada característica. O Brasil precisava de três gols para se classificar. O segundo gol só foi sair aos 21’ do segundo tempo, numa paulada de Rivelino, enfim. O gol que nos deu a classificação em segundo lugar do grupo foi um frangaço do goleiro Kazadi, aceitando um chute forte mas sem ângulo de Valdomiro, da direita.
A seleção apática de Zagallo estava nas quartas de final.
Pelé, presente, comentaria: “O futebol que estamos jogando está ultrapassado”.
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Para a fase seguinte e decisiva da competição as oito seleções classificadas na primeira fase foram divididas em dois grupos: Grupo A – Brasil, Holanda, Argentina e Alemanha Oriental. No Grupo B – Alemanha Ocidental, Polônia, Suécia e Iugoslávia.
O Brasil enfrentaria primeiro a vigorosa e defensiva Alemanha Oriental, na noite de uma quarta-feira, dia 26 de junho, no Nieedersachsenstadion, em Hannover. Foi apenas 1 x 0 sofrido, com gol de Rivelino, de falta, aos 15 minutos do segundo tempo. Mas, com a entrada de Zé Maria na lateral, Carpegiani no meio campo e Dirceu na ponta esquerda o Brasil brigou e correu mais que nos jogos anteriores, faria ali sua melhor partida, até então, sem encantos.
O jogo seguinte foi contra nossa eterna rival latino-americana, a Argentina de Brindisi, Kempes, Ayala, Housseman... e o ótimo zagueiro Perfumo de fora, machucado. Melhor pra nós. Ganhamos de 2 x 1, na tarde de domingo, dia 30, ainda em Hannover, com as arquibancadas quase vazias.
Em outra boa arrancada do zagueiro Luis Pereira, Caju rolou e Rivelino acertou o canto de Carnevali, aos 32 minutos do primeiro tempo, abrindo o placar. Mas os ‘hermanos’ empataram logo depois, aos 35’, numa falta frontal cobrada com força por Brindisi, no meio do gol, bola no travessão e dentro; nosso goleiro Leão aceitou. Jairzinho desempatou, escorando de cabeça um bom cruzamento do lateral direito Zé Maria, logo aos 3 minutos do segundo tempo. E Zagallo recuou o time garantindo o resultado – 2 x 1. O ‘melhor’ viria pela frente.
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O Carrossel atropelou
Os holandeses eram a sensação da Copa, tinham amassado sem piedade os uruguaios e sapecado 4 x 0 nos argentinos. Futebol competitivo, de alta velocidade, tramas coletivas, jogadas ensaiadas, linhas avanças, movimentação constante e gols, muitos gols... Cruijff confessou que nos vestiários, antes do jogo com o Brasil, havia uma tensão, preocupava: “Eram os tricampeões, encantaram em 70, que poderiam nos aprontar?”
Apesar da derrota, 2 x 0, teria sido a melhor exibição brasileira naquela Copa. Encaramos a Laranja Mecânica de igual para igual no primeiro tempo. Zagallo armou uma boa estratégia de jogo, marcando forte, explorando os avanços em linha do adversário, mas não conseguimos segurar o Carrossel na segunda etapa. Eles impuseram ritmo, trocavam passes rápidos, ganhavam na velocidade e no corpo a corpo, marcavam duro o campo inteiro e até nos fizeram perder a cabeça, cometendo faltas, levando cartões, já sem pernas e equilíbrio.
Na primeira etapa, Leão salvou um chute de Cruijff de frente, da linha da pequena área, no canto; Paulo Cesar Caju e Jairzinho também desperdiçaram duas chances claras de gol. A Holanda abriu o placar logo aos 5 minutos da segunda etapa, na esperteza.
Enquanto os brasileiros discutiam com o árbitro a marcação de uma falta no meio campo, Van Hanegem cobrou rápido, Neeskens acionou Cruijff na direita e correu para área brasileira, recebendo cruzamento, atirando-se na bola, encobrindo Leão – 1 x 0.
O jogo ficou ainda mais pegado. Os ‘canarinhos’ foram pra cima, em busca do empate, mas abriram-se atrás. Num contragolpe, a defesa brasileira parou pedindo impedimento, Rensenbrinck esticou para Krol na esquerda, o cruzamento saiu forte para o meio da área e Cruijff entrou veloz na cara de Leão, finalizando, aos 20 minutos.
Daí para frente foi só cangancha, pancadaria, Rivelino descontrolado, Luis Pereira expulso... e a Holanda seria a primeira seleção europeia a derrotar as três maiores potências sul-americanas numa copa (Uruguai, Argentina e Brasil).
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Leão ‘Marta Rocha’ x Marinho ‘Bruxa’
O Brasil ainda faria um jogo antes de voltar para casa, contra a Polônia, para definir o terceiro colocado. O adversário seria a Polônia. Levamos 1 x 0 ferrado, num sábado, em Munique, com gol do artilheiro Lato aos 31 minutos do segundo tempo. Gol que, dizem, teria sido o motivo para a troca de tapas no vestiário, pós jogo, entre o posudo e forte Leão e o cabeludo lateral canhoto Marinho Chagas, ‘o bruxa’.
Eles não se topavam, egos imensos, têmperas incompatíveis. O goleiro – que não gostava do apelido ‘Marta Rocha, a famosa miss baiana, de pernas fornidas - acusou Marinho de ter facilitado no lance de gol de Lato. A gota d’água. Na real, o clima entre os jogadores era ruim, muita máscara, desconfianças, total falta de liderança entre eles e a pusilanimidade do treinador, o ‘velho lobo’ Zagallo, que não conseguiu domar as feras.
Paulo Cesar Caju foi retirado da equipe, desescalado por Antônio do Passo, chefe da comissão técnica, que acusava o atleta de displicência em campo. Havia jogador mais preocupado com a aparência, com os cabelos estilosos do que com a competição. E ainda as ‘preferências’, como por exemplo a não escalação do craque Ademir da Guia, que jogou meio tempo somente contra a Polônia, todos já com a cabeça na volta para o Brasil.
O jogo pelo ‘bronze’ foi lento, desinteressante. O Brasil chegou a botar duas bolas na trave polonesa em chutes de Rivelino e Valdomiro, o avante polaco Deyna perdeu chances de cara, e o gol saiu aos 31 min do segundo tempo, após uma das arrancadas do fogoso Marinho Chagas, pela esquerda, desbravando tudo; só que, já próximo da área polonesa, ele errou o passe, perdeu a bola e não teve pernas ou vontade para voltar; Lato disparou nas costas dele, invadiu, encarou Leão e emplacou. Leão virou fera pra cima do Bruxa, que usava cabelões descoloridos, raros à época.
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A turma de Zagallo em 74:
- Leão, Renato e Waldir Peres (goleiros); Ze Maria, Nelinho, Marinho Chagas e Marco Antônio (laterais); Luís Pereira, Marinho Peres, Alfredo e Piazza (zagueiros); Carpegiani, Rivelino, Paulo Cesar, Ademir da Guia e Dirceu (meio-campistas); Jairzinho, Valdomiro, Leivinha, Cesar, Mirandinha e Edu (atacantes)
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A final germânica
Tarde de domingo, 7 de julho, 75 mil pessoas no Olympiastadium de Munique, 70 mil alemães. O Carrossel Laranja começou avassalador. Após o apito do inglês John Taylor, sem que nenhum alemão tocasse na bola, os holandeses trocaram passes até que, aos 56 segundos de jogo, Cruijff foi derrubado na área alemã por um carrinho de Hoeness. Pênalti. Neeskens chutou forte, no meio do gol e abriu o placar: 1 x 0
Aos poucos os alemães foram encaixando a marcação, como planejado, o lateral Vogts grudado em Cruijff, muitas faltas duras lá e cá, pisões, empurra-empurra, o árbitro inglês distribuindo cartões amarelos, tentando controlar os ânimos e rivalidades de uma final nervosa.
Aos 25’, o ótimo meia Overath enfiou um passe longo para o ponta canhoto Holzenbein, nas costas da zaga holandesa e o atacante foi derrubado na área num carrinho de Jansen. O árbitro marcou o pênalti, o ala esquerdo Breitner cobrou com estilo, deslocando Jongbloed, empatando: 1 x 1.
A partir daí só deu Alemanha. O astro Cruijff apagado com a marcação de Vogts, Beckembauer, Overath e Breitner assumiram o comando das ações, criando chances de ampliar o placar. A virada aconteceu ainda no final do primeiro tempo, com Bonhof e Grabowski tabelando pela esquerda, levando a marcação e, no cruzamento rasteiro para a área holandesa, o artilheiro Müller empurrou para as redes, mesmo enroscado com Haan – 2 x 1.
O jogo ficou aberto no segundo tempo, com a Laranja Mecânica saindo inteira para o ataque, na pressão, e os alemães bem postados, perigosos nos contragolpes. Muita marcação, jogo pegado (39 faltas, 25 dos holandeses), chances perdidas, o goleiro Maier fez duas defesas salvadoras, houve um pênalti claro em Holzenbein não marcado... e vitória alemã, com todos os méritos. Uma exibição-aula de futebol coletivo, estratégia de jogo bem montada e vontade, confiança, desprendimento em campo. O Carrossel não conseguiu se impor naquela final em Munique. Era o segundo título da Alemanha.
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A Equipe campeã: Maier, Vogts, Schwarzenbeck, Beckenbauer e Breitner; Hoeness, Bonhof, Overath; Grabowski, Müller (68 gols em 62 jogos pela seleção) e Holzenbein. Treinador, Helmut Schön.
A Laranja Mecânica, vice: Jongbloed, Suurbier, Rijsbergen, De Jong, Krol; Haan, Neeskens, Jansen e Cruijff; Van Hanegen, Rep e Rensenbrinck (Van der Kerkhov). Treinador, Rinus Michels.
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“A Holanda é formada por uma excelente geração de jogadores, mas que já chegou ao topo da carreira. Vai demorar muito para surgir outra seleção como esta” (Rinus Michels, sabia o que dizia)
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Curiosidades
- O novo troféu, Copa do Mundo FIFA, pela primeira vez em poder dos alemães, foi obra do escultor italiano Silvio Gazzaniga, diretor de arte do Stabilimento Artístico Bertoni de Milão, com 36 cm de altura, 5 kg de peso, todo em ouro de 18 quilates.
- Cruijff foi escolhido o craque da Copa, ao lado de Beckenbauer. Lato, 24 anos, avante da Polônia, foi o artilheiro, com 7 gols. Na seleção da copa, só um brasileiro, o lateral direito Zé Maria, que jogava no Corínthians.
- Os alemães ocidentais fizeram uma festa/cerimônia ‘grandiosa’, na final da Copa. Desfile de delegações, bandas, corais, grupos folclóricos, shows... e o discurso de despedida do presidente da FIFA Stanley Rous, lido no gramado, sem se referir ao seu sucessor eleito, o brasileiro João Havelange, presente.
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