As dúvidas sobre a volta do futebol baiano e como será o modelo
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
08/06/2020 às 11:59
Campeã absoluta
Foto: UFC Combate
- Sem bola rolando nos gramados, a ‘notícia’ do fim de semana esportivo veio do octódromo/UFC feminino. Nos EUA, a brasileira baiana Amanda Nunes ratificou-se como a melhor atleta em atividade do mundo nas competições. Venceu e surrou a canadense Felícia Spencer, garantindo o cinturão da categoria peso pena (66kl), dando show de técnica e golpes, uma aula. Vale lembrar que a nossa ‘Leoa’ é também campeã, detentora do cinturão do peso galo (61kl). Única, inédito.
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O combate aconteceu mesmo com os EUA vivendo o auge da pandemia do Covid 19. Lá, cassinos continuam abertos e as manifestações de rua contra o racismo arrastam multidões. Cá, na ‘colônia’, não tem sido muito diferente. Tivemos um domingo com manifestações pró e contra governo nas grandes cidades, governadores e prefeitos afrouxam o isolamento e os casos de contaminação e mortes no país só crescem.
Um amanhã incerto e assustador.
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Volta aos gramados
No futebol, apesar do assanhamento dos gananciosos dirigentes do eixo Rio-SP, onde está o epicentro da pandemia, não há notícias ou datas de retomada dos campeonatos regionais, tampouco das competições nacionais – Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Copa do Nordeste, Libertadores, Sul-americana... nada.
Enquanto isso, na Europa, mais organizada e já saindo da crise pandêmica, o campeonato alemão já recomeçou, sem arquibancadas; o espanhol volta no dia 11, o inglês no dia 17 e o italiano dia 20. Teremos bons jogos pela TV.
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Sapatão & Talisca
No Bahia, duas notícias, uma triste: a viagem sem retorno do grande zagueiro Sapatão, nascido no Rio mas baiano por adoção desde os anos 60. Foi campeão baiano pelo Fluminense de Feira, em 69, depois hepta campeão pelo Bahia (73/79), onde formou ao lado de Roberto Rebouças, uma das melhores zagas que vimos no futebol baiano. Èlcio Nogueira, o Sapatão, era querido por todos, um cidadão educado, de fala branda, que deixa saudades.
A boa é que o meia Talisca, cria do Tricolor que hoje atua na China, no intuito de ajudar o clube e estar ao lado da torcida, virou sócio do Bahia até 2031, pagando todas as mensalidades até lá. Exemplo de gratidão e amor ao time que o projetou. Está passando a quarentena entre nós.
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Ontem e hoje da bola
No mais, em quarentena vi /revi muitos jogos antigos como a campanha do Brasil em 1958, na Suécia, o tri de 1970 no México e a Copa de 82 na Espanha com a ‘tragédia do Sarriá’. Algumas observações pra quem gosta de bola:
Na Suécia, com a entrada de Garrincha, Pelé e Zito na equipe, sob o comando de Didi (eleito o craque da competição) assombramos o mundo. Ninguém nos venceria. Pelé, com 17 anos, já parecia um veterano, pedindo a bola, reclamando, indo pra cima, decidindo.
Fizemos uma copa monstruosa em 1970. Um futebol coletivo de alto nível, exemplar, com troca de posicionamento em campo, variação de jogadas, passes perfeitos e posse de bola, humildade e dedicação de todos, e mais Craques (com cê maiúsculo) como Carlos Alberto, Clodoaldo, Gérson, Rivelino, Tostão, a explosão de Jairzinho e o gênio do Rei Pelé. O jogo mais difícil foi contra a Inglaterra (1 x 0); no mais, atropelamos, 100% de aproveitamento.
Na copa de 82, a seleção de Telê era muito boa e bem treinada, moderna, mais tinha buracos e por isso perdeu para a competente e sortuda Itália, três gols de Paolo Rossi no Sarriá, a ‘azurra’ campeã. Tínhamos ótimos laterais (Leandro e Junior), Luizinho sobrava na zaga e um quarteto de meio campo que dava gosto de ver: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Mas nosso goleiro era fraco, não tínhamos centroavante e Éder muito egoísta.
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O futebol mudou muito em função sobretudo dos gramados – hoje tapetes, mais rápidos, linheiros, grama baixinha -, da qualidade do material usado pelos atletas (bola mais leve e que nem molha, chuteira que parece sapatilha, camisas/calções e meias que não encharcam), e também da evolução física e consciência tática de agora. Até no bater da bola é diferente. Tem muito jogador hoje que nem conseguiria dominar uma bola nos tempos de um Puskas, um Evaristo, Zizinho, Pelé ...
No mais, o futebol hoje é mesmo um grande espetáculo / negócio, parte da lucrativa indústria do entretenimento.
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