Com Calila Informações
Da Redação , Salvador |
07/09/2017 às 11:57
Onça sofria do Mar de Alzheimer
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Morreu na madrugada desta quinta-feira, 07/07, no Hospital Aeroporto, em Lauro de Freitas, região Metropolitana de Salvador o ex-jogador de futebol profissional Mario Felipe Pedreira “Onça”, natural da cidade de Santaluz, no Território do Sisal da Bahia.
Onça sofria com Mal de Alzheimer a cerca de 10 anos e pelo menos metade desse tempo estava morando com uma filha em Camaçari. Segundo familiares, a situação se complicou há cerca de 2 anos quando passou por uma cirurgia de vesícula quando sofreu uma parada cardíaca e nos últimos dias teve seu estado de saúde piorado e foi internado onde permaneceu até o óbito.
Onça foi o primeiro jogador da região sisaleira a despontar em um grande clube brasileiro no final dos anos sessenta e início dos anos setenta, era de ouro de Pelé, Jairzinho, Rivelino entre outros. O apelido de animal felino Onça ganhou, segundo o irmão Flaviano Augusto Pedreira, quando ele foi estudar em Salvador, no colégio Marista. “Foi lá que colocaram esse apelido nele, porque nosso pai comprou um short com uma estampa que parecia o pelo de uma onça
Em sua juventude, Onça já se destacava no futebol amador jogando pelo Santos da cidade de Santaluz, pelo Luzense Esporte Clube, pela seleção de Serrinha e pelo Salinas de Margarida. Ele treinou várias seleções no Intermunicipal a exemplo de Coité e Serrinha, pela seleção serrinhense conquistou o titulo em 1988.
Observado pelo professor Cavalcante de Brito, fanático torcedor do Galícia, Onça foi convidado para fazer testes no juvenil do Galícia Esporte Clube em 1960.
Aprovado nas seletivas, chegou rapidamente ao elenco de profissionais e assinou seu primeiro contrato, lá permanecendo até o ano de 1963.
Retornou para o Fluminense de Feira ainda em 1967, quando foi eleito como o melhor zagueiro do ano pela imprensa baiana.
Naquele período, Onça foi o grande destaque da equipe que enfrentou o Flamengo em Feira de Santana, pelas festividades de inauguração dos refletores do estádio Joia da Princesa.
Durante o jogo, Onça teve uma excelente atuação e no mesmo dia recebeu um convite dos entusiasmados dirigentes do Rubro-Negro, dispostos em levar o jogador na bagagem de volta ao Rio de Janeiro.
Conforme divulgado pela revista do Esporte número 465, edição publicada no mês de junho de 1968, o clube carioca ofereceu 80 mil cruzeiros novos, mais o passe de quatro jogadores.
Diante disso, os diretores do Fluminense de Feira decidiram presentear o jogador com um mimo considerável: Um automóvel Karman Guia zerinho!
Antes, Onça já tinha recebido propostas concretas do América do Rio, do Palmeiras e do Santos, quando na oportunidade seu pai decidiu rasgar os bilhetes das passagens que o jogador tinha recebido com destino aos gramados da capital paulista.
Em 1968 Onça chegou ao Rio de Janeiro para se apresentar no Flamengo. No dia seguinte de sua apresentação, ignorando o cansaço e a falta de entrosamento, fez sua primeira partida pelo time da Gávea marcando um gol do meio da rua.
Onça ganhou notoriedade em uma partida contra o Santos pela vigilante marcação imposta ao “Rei Pelé”. A performance valeu muito prestígio e real possibilidade para servir futuras convocações da Seleção Brasileira.
Jogando pelo Flamengo, Onça conquistou a Taça Rei Mohamed V em 1968, na cidade de Casablanca – Marrocos, Taça Guanabara de 1970, Torneio Internacional de Verão de 1970 e o *Torneio do Povo em 1972.
(*) A competição conhecida como “Torneio do Povo”, foi realizada no auge da ditadura militar. Reuniu em sua primeira edição Corinthians, Flamengo, Internacional e Atlético Mineiro, os clubes de maior torcida em seus estados e no Brasil.
Em 1972 o Bahia juntou-se ao grupo. Na sua última edição, no ano de 1973, o Coritiba também ingressou no torneio. Seu nome oficial era “Torneio General Emílio Garrastazu Médici”.
Onça atuou em 164 oportunidades com o uniforme do Flamengo. Foram 78 vitórias, 42 empates, 44 derrotas e 7 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Flamengo, de autoria de Clóvis Martins e Roberto Assaf.
O zagueiro deixou o Flamengo no final da temporada de 1971. Sem acordo para renovação contratual, acabou recebendo da diretoria os direitos sobre seu próprio passe. Lamentavelmente, não integrou o elenco que foi campeão carioca em 1972.
Voltou ao Sport Recife e depois de uma significativa passagem jogando pelo Esporte Clube Bahia, Onça foi negociado com o Sergipe no início do ano de 1974.
Campeão Sergipano em 1974, Onça encerrou sua carreira como jogador em 1978. Ainda pelo Sergipe, iniciou na função de treinador e conquistou o título estadual de 1980.
Em maio de 1995, de acordo com o projeto de lei número 866, a Câmara municipal de Santaluz nomeou o estádio municipal com o nome de Mário Felipe Pedreira. Uma justa homenagem!
Considerado como um dos defensores mais identificados com o Flamengo, Onça deixou saudades como quarto zagueiro de um time formado por nomes como Zanata, Rodrigues Neto, Liminha, Doval, Fio Maravilha e tantos outros daquele marcante período.