Esporte

À imagem de Gabriel Jesus, seleção tenta lidar com mudança de nível

Seleção brasileira enfrenta a Colômbia hoje, às 21:45
Agência Globo , Manaus | 06/09/2016 às 12:59

Desde que Romário e Ronaldo encerraram suas trajetórias pela seleção brasileira, deixou de ser tão simples encontrar o camisa 9 com característica similar: o homem que gosta da área, artilheiro, mas também com mobilidade e técnica suficientes para jogar distante do gol. Embora com características diferentes, o ocaso precoce de Adriano deixou um hiato; Luís Fabiano e Fred, entre bons e maus momentos, ocuparam o posto nas duas últimas Copas do Mundo, mas faltava o nome que encantasse. É cedo, até cruel envolver Gabriel Jesus, com seus 19 anos, em tais comparações. Mas a ascensão meteórica do jovem que nesta terça-feira, às 21h45m (de Brasília, com transmissão da TV Globo e Sportv), vestirá a 9 contra a Colômbia, em Manaus, cerca seu início de carreira de uma expectativa que, havia tempo, um centroavante da seleção não criava.

Gabriel tem apenas três anos de profissional de futebol. Neste tempo, passou por seleções de base e ganhou o posto de titular do Palmeiras. Apenas nos últimos 35 dias, foi campeão olímpico, vendido ao Manchester City por cerca de R$ 120 milhões, estreou como titular da seleção brasileira e marcou dois gols.

- Tenho uma base familiar muito forte. Encaro tudo isso com tranquilidade. Sou isso que aparento, mesmo. Eu procuro assistir meus jogos, para ver erros e acertos. Mas não vejo reportagens, essas coisas. Pra não perder o foco e manter a cabeça tranquila - disse Jesus.

Curiosamente, o jovem atacante parece viver momento à imagem e semelhança da seleção. Ambos tentam administrar um novo patamar, uma nova realidade construída subitamente. Na esquizofrenia de um país que vai da depressão à euforia, chegou a hora da segunda. Após a vitória no Equador, agora o jogo é em casa, com um estádio clamando por uma atuação e um resultado como o de Quito.

- Não consigo conceber um momento em que o teu valor é quase zero e, de repente, é o outro extremo. O que há é um processo. Nem éramos tão ruins antes, nem eu fui mágico para que eles rendessem assim - disse Tite. - Nosso desafio é manter o padrão do Equador ou melhorar. Tentar evoluir.

A Colômbia não é o Equador, seja pela qualidade, seja pela forma de jogar. Esta é uma convicção da comissão técnica. Por exemplo, há a certeza de que os generosos espaços que, em dado momento, os equatorianos permitiram ao ataque do Brasil não se repetirão. O que gerou um pedido de Tite à torcida.

- Nosso jeito de jogar não usa tanto a ligação direta. A troca de passes, em dado momento, fará a bola voltar atrás. Que o torcedor tenha paciência porque vamos buscar a melhor forma de entrar (na defesa colombiana) - alertou Tite.

A matemática também induz aos extremos. O que antes era uma situação nebulosa nas eliminatórias para o Brasil pode se tornar bem confortável se a seleção ganhar. Na pior das hipóteses, terminaria a rodada em quarto lugar. Numa improvável combinação, seria líder, com tropeços de Argentina, Uruguai e Equador. E, em outubro, na retomada das eliminatórias, teria jogos palatáveis com Bolívia e Venezuela. Mas uma derrota pode reabrir preocupações.

A seleção não terá mudanças na escalação para o jogo de hoje. A novidade estará no braço de Daniel Alves: seguindo o projeto de rodízio de capitães de Tite, ele usará a braçadeira, que foi de Miranda no jogo com o Equador.

- Não acho que tenha várias responsabilidades agora. Temos vários líderes e não vejo maior importância na faixa de capitão. Mas é uma honra representar esta galera - disse Daniel, prestes a completar dez anos de seleção.

Brasil: Alisson, Daniel Alves, Miranda, Marquinhos e Marcelo; Casemiro; Willian, Paulinho, Renato Augusto e Neymar; Gabriel Jesus.

Colômbia: Ospina, Medina, Óscar Murillo, Jeison Murillo e Farid Díaz; Sanchez, Guillermo Celis, Juan Cuadrado e James Rodríguez; Muriel e Bacca.

Juiz: Patricio Loustau (Argentina).

Local: Arena da Amazônia, Manaus.

Horário: 21h45m (de Brasília)